O brasileiro Diego Costa Silva, de 35 anos, foi inocentado pelo assassinato da esposa, Fabiola Camara de Campos Silva, em Dublin, na Irlanda. O crime foi em 4 de novembro de 2021, mas o julgamento ocorreu apenas nesta semana. Segundo os jornais The Irish Times e Irish Mirror, a defesa do rapaz alegou insanidade.
Diego foi acusado de sufocar, esfaquear e decapitar a companheira durante uma psicose induzida por cannabis. Em seguida, ele ligou para a emergência, quando teria dito a frase: “Acho que matei minha mulher” – como apontou o processo que corre na Justiça irlandesa. No local do crime, a polícia encontrou o homem de bermuda e chinelo, com marcas de sangue no corpo.
Ao ser preso, ele disse que “sua esposa estava tentando matá-lo”. Agora, o rapaz será levado para o Hospital Central de Doenças Mentais para avaliação, antes de voltar ao tribunal em 22 de março, quando um psiquiatra fará um novo relatório sobre seu estado mental. Diego e Fabiola moravam no país europeu desde 2016, e estavam juntos há 15 anos.
Diante do júri, formado por sete homens e cinco mulheres, o brasileiro deu declarações divergentes. Primeiro, ele afirmou que “não estava se sentindo seguro” e achou que “se ele não a matasse, ela o mataria”. Em outro momento, Diego relatou que ouviu vozes na sua cabeça dizendo que “às vezes você precisa decapitar uma pessoa porque ela está possuída”. Ele também mencionou ao tribunal que, na época, confessou uma traição à esposa e achou que ela poderia estar querendo “vingança”.
No depoimento, o réu contou que a mulher tentou morder sua perna e arranhar seu ombro, antes de ele bater na cabeça dela com um copo. Depois, Diego começou a sufocá-la pisando em seu pescoço. Ele narrou que Fabiola desmaiou, quando ele a esfaqueou no coração e a decapitou: “Peguei na cabeça dela, peguei uma faca e cortei a cabeça”.
Dois psiquiatras forenses provaram que o rapaz sofreu de psicose induzida por cannabis, com sintomas que incluíam paranoia, delírios e alucinações auditivas. Como resultado, ele “desconhecia a natureza das suas ações”. Os advogados de defesa disseram ao júri que Diego não era legalmente responsável pelos seus atos e que devia ser considerado inocente por razões de insanidade.
“Essa vida foi interrompida de uma forma horrível. Não há muito que o tribunal possa dizer para aliviar o grande trauma, perda e choque que a família de Fabiola deve ter sofrido e continua a sofrer com a perda da sua filha. Só posso apresentar as minhas condolências à sua família e amigos por uma perda tão grande e trágica”, lamentou o juiz Michael MacGrath.
De acordo com o Irish Times, Diego Silva já havia apresentado quadros de confusão mental. Um dia antes do assassinato, o brasileiro foi detido por correr pelas ruas da cidade quase nu – além de angustiado, desorientado, com os olhos esbugalhados e transpirando excessivamente. Ele foi levado a um hospital e, na ocasião, os médicos notaram os primeiros sinais de um episódio psicótico. A equipe pediu que ele permanecesse de forma voluntária, mas o brasileiro optou por deixar o local com a esposa.
No processo, há indícios de que Fabiola tentou se defender. Shane Costelloe, promotor do caso, leu detalhes da declaração de óbito para o júri. O documento aponta que ela morreu devido à “decapitação” com trauma e asfixia como fatores contribuintes. Havia também marcas de facadas em outras partes do corpo e hematomas, que indicam que houve resistência por parte da vítima.