Uma mulher do Michigan, nos Estados Unidos, foi presa recentemente por promover uma campanha cruel de assédio online contra sua própria filha adolescente e o namorado durante meses. De acordo com os jornais locais, as autoridades descreveram a situação como um sofisticado esquema de catfish.
Kendra Gail Licari, de 42 anos, supostamente enviou aos jovens centenas de textos depreciativos e abusivos, além de mensagens nas mídias sociais usando redes privadas para mascarar sua localização, informou o Mercury News. Quando tudo começou, Licari era treinadora de basquete feminino do colégio que sua filha frequentava. Os documentos do tribunal alegam que a mulher “tentou incriminar outro aluno durante a investigação”.
A jovem e seu então namorado supostamente recebiam uma dúzia de mensagens de assédio por dia, de 13 de setembro de 2021 a 28 de fevereiro de 2022. Com base no uso de gírias e abreviações, os directs pareciam vir de um colega da mesma idade. A investigação começou justamente depois que a mulher denunciou o assédio às autoridades escolares em dezembro passado. Licari e a mãe do outro jovem tentaram ajudar os funcionários da escola a identificar o assediador.
Contudo, o superintendente da escola de Beal City, William Chilman, disse ao portal que não puderam avançar na apuração já que a maioria dos incidentes ocorreu fora das dependências do colégio e não envolveu dispositivos escolares. “Chocado e triste, porque, como educadores, o bem-estar e o aprendizado físico, mental, social e emocional de nossos alunos são nosso foco, nossa prioridade número 1”, disse à NBC News. Licari parou de trabalhar na escola antes que seu papel no esquema fosse descoberto devido a uma mudança de funcionários.
O distrito contou com a ajuda da polícia em meados de janeiro. “Quando o caso chegou ao nosso escritório, foi bizarro e quase difícil de acreditar”, disse o promotor David Barberi, ao WKRC. “Em geral, eram apenas mensagens de texto do tipo assédio, humilhantes, desmoralizantes e apenas textos maldosos”, acrescentou.
Depois de muita averiguação, a polícia local esgotou seus recursos e pediu ajuda ao FBI em meados de abril. A instituição conseguiu rastrear os aparelhos e eles levaram de volta a Licari. Os detetives cibernéticos eventualmente conectaram os textos ameaçadores a “um endereço IP de um host Spectrum da área de Mt Pleasant” e um usuário que “abriu o link com um Iphone”. “O único número que correspondia a alguém envolvido neste caso era o dela”, disse Michael Main, xerife do caso. Quando a mãe foi confrontada, terminou confessando o crime.
Por enquanto, as autoridades não esclareceram o motivo para a conduta da mulher. “As mensagens são de natureza específica, indicando que podem ser de alguém que eles conhecem”, de acordo com o relatório de mais de mil páginas. “A maioria das mensagens contém discurso de ódio e linguagem como ‘se mate…’ Muitas das mensagens repetem a mesma linguagem”, esclarece.
Licari pode pegar até 10 anos de prisão por cinco acusações – duas acusações de perseguição a menor, duas acusações de uso de um computador para cometer um crime e uma acusação de obstrução da justiça, de acordo com uma denúncia criminal. No momento, a mulher pagou finança de US$ 5 mil – cerca de R$ 26 mil, na cotação atual do dólar – e responde ao processo em liberdade. Ela deve voltar ao tribunal para uma audiência no dia 29 de dezembro.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques