Abdul Agam viajou um dia e meio para organizar uma expedição de resgate a Juliana Marins por conta própria no Monte Rinjani, na Indonésia. Em entrevista ao “Fantástico” deste domingo (29), o alpinista detalhou a noite que passou no penhasco e lamentou ter encontrado a brasileira sem vida.
O voluntário disse que sentiu a necessidade de ajudar após ver o vídeo de Juliana na redes sociais. Ele e outros três socorristas passaram a noite no penhasco. “Eu me machuquei, um amigo meu foi internado no hospital. Muitas vezes caíam pedras perto da nossa cabeça“, contou.
A jovem foi encontrada sem vida quatro dias após a queda. O laudo apontou hemorragia interna por lesões no tórax, indicando que a morte teria ocorrido entre 12 e 24 horas antes da remoção do corpo. “Me senti muito decepcionado porque esperava que Juliana ainda estivesse viva“, lamentou.

O parque nacional do Monte Rinjani, localizado na ilha de Lombok, tem 41 mil hectares. Para chegar ao topo do vulcão, a 3.700m de altitude, existem pelo menos seis caminhos, que duram de 2 a 3 dias, sem muita estrutura ou sinalização.
Juliana caiu cerca de 200m, perto de uma fresta chamada ‘pinheiro solitário’. Pelo terreno ser muito arenoso, ela deslizou e parou a 600m, onde a equipe de Agam e a Defesa Civil da Indonésia conseguiram resgatar o corpo.
Segundo Agam, ele já resgatou 21 turistas vivos e nove mortos no Rinjani nos últimos dez anos. No Brasil, ele tem sido tratado como herói. “Eu não sei o que dizer, mas obrigado aos meus amigos e brasileiros que acreditam em mim. Eu só quero pedir desculpa para a família por não conseguir salvar Juliana“, afirmou.
Assista:
Entrevista com Agam Rinjani no Fantástico. pic.twitter.com/8GZ1DnZhtB
— Mundo Insano (@mundoinsano00) June 30, 2025
Em live feita um dia depois do resgate ao corpo, no dia 25 de junho, o alpinista relatou que parte da equipe quase caiu em vários momentos porque as ancoragens se soltavam do solo. “Só por misericórdia de Deus eles não morreram“, afirmou a tradutora, que o acompanhava na transmissão ao vivo.
No Instagram, a família Juliana fez uma postagem de agradecimento aos voluntários que ajudaram a resgatar o corpo. “Somos profundamente gratos aos voluntários que, com coragem, se dispuseram a colaborar para que o processo de resgate de Juliana fosse agilizado. Estendemos nossa gratidão não apenas a eles, mas também a todos que de alguma forma contribuíram para viabilizar esse processo“, declarou.
Vaquinha cancelada
O gesto comoveu internautas, que sugeriram uma campanha de doações para apoiá-lo. Agam inicialmente se recusou a divulgar dados bancários, dizendo que atuava por coração. Depois, aceitou repassar uma conta, informando que dividiria os valores com seus colegas e usaria a quantia para reflorestar áreas montanhosas na Indonésia.
A campanha, hospedada na plataforma de financiamento coletivo Voaa, do site Razões para Acreditar, arrecadou mais de R$ 522 mil. Contudo, acabou cancelada após uma onda de críticas de seguidores e doadores em relação à taxa de 20% cobrada sobre o valor arrecadado. A empresa responsável pela vaquinha ficaria com cerca de R$ 104 mil.
Em nota oficial, a Voaa informou que a campanha foi cancelada, com a devolução total e automática das doações. Os estornos devem começar a ser processados a partir desta segunda-feira (30). “Ainda que seja uma decisão difícil, entendemos que o caminho mais transparente neste momento é cancelar a campanha e devolver integralmente as doações em respeito ao Agam e a cada doador“, declarou.
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