O relatório sobre o acidente com o Boeing 787-8 da Air India foi divulgado nesta sexta-feira (11) pelo Escritório de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia. Nos documentos, foi revelado que os interruptores do fornecimento de combustível dos motores foram desligados segundos após a decolagem, levando o avião a perder potência e cair.
A tragédia aconteceu em 12 de junho, quando a aeronave decolou do aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia, com destino a Londres, e caiu sobre o alojamento de uma faculdade de medicina, deixando mortos também em solo.
Os dados das caixas-pretas, que armazenavam 49 horas de dados de voo e duas horas de gravações da cabine, detalham os momentos finais do voo: às 13h38:39, o avião decola; às 13h38:42, os botões de distribuição de combustível são desligados e os motores começam a perder potência; um dos pilotos pergunta ao outro por que ele havia cortado o motor, e o colega responde que não o havia feito; às 13h38:47, a turbina de emergência RAT é acionada; às 13h38:52, o botão de combustível do motor 1 é religado; às 13h38:56, o botão do motor 2 é religado; às 13h39:05, um dos pilotos declara emergência, chamando “Mayday, Mayday, Mayday”; às 13h39:11, os gravadores de dados e voz param, compatível com o momento do impacto no solo.
O especialista norte-americano em segurança da aviação, John Cox, explicou que não é possível acionar os botões de corte de combustível acidentalmente: “Você não pode esbarrar neles e eles se moverem”. Já o especialista Anthony Brickhouse pontuou que a principal questão agora é entender se os interruptores foram movidos de forma intencional ou por falha técnica. Os testes indicaram que o combustível utilizado estava em condições normais, e os flaps das asas do avião estavam corretamente posicionados para a decolagem.
O Boeing 787-8 transportava 242 pessoas, incluindo 169 indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense. Entre os mortos em terra, 19 pessoas estavam no alojamento atingido pela queda. Apenas um passageiro sobreviveu ao acidente e recebeu alta hospitalar dias depois. A investigação também concluiu que o peso de decolagem estava dentro dos limites e não havia cargas perigosas a bordo. A aeronave, que começou a perder altitude antes de ultrapassar o perímetro do aeroporto, chegou a acionar automaticamente a turbina de emergência Ram Air (RAT) durante a tentativa de recuperação.
As autoridades indianas afirmaram que não há recomendações neste momento para a Boeing ou para a GE Aerospace, fabricante dos motores, indicando que não foram encontradas falhas mecânicas que pudessem justificar o acidente. A investigação continua em andamento, e o relatório final deverá indicar se houve falha humana ou outra causa por trás do acionamento dos interruptores de combustível.
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