Narciso Mucutuy, avô materno das quatro crianças encontradas após 40 dias na Amazônia colombiana, deu detalhes sobre como elas sobreviveram na mata depois do acidente de avião. Em entrevista à revista ‘Semana’ nesta segunda-feira (12), Narciso rebateu a versão de que Madgalena Mucutuy, mãe das crianças, ficou quatro dias viva após a queda da aeronave. A informação foi dada por Manuel Ranoque, pai de duas das crianças, depois do resgate do grupo na última sexta-feira (9).
Segundo Manuel, Lesly teria dito que Magdalena não morreu logo após a queda. “A menina me contou que a mãe esteve quatro dias viva. Antes de morrer, a mãe lhes disse: ‘Vão embora, vão encontrar seu pai que ele os ama muito’“, declarou. No entanto, Narciso disse que o relato era mentiroso. “Isso é mentira, porque a mesma menina (Lesly) diz que os três [adultos] morreram ali mesmo, quando caiu a aeronave. Se a pessoa que disse que a minha filha Magdalena ficou viva por três ou quatro dias, isso é mentira“, rebateu.
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Na entrevista, a briga pela guarda das crianças também foi mencionada. Um pedido para a assistência social colombiana, que detém a guarda das crianças enquanto estão no hospital, deverá ser feito para que os pais de Magdalena fiquem com os netos. No entanto, Manuel também quer a custódia. Enquanto o Instituto Colombiano de Assistência à Família (ICBF) não decide o destino delas, ele enfrenta acusação de violência doméstica. De acordo com a AFP, Manuel foi questionado se já teria agredido a esposa e disse: “Verbalmente às vezes sim. Fisicamente muito pouco, porque tínhamos mais brigas de palavras“.
Sobrevivência na mata
Na entrevista, o avô também deu detalhes de como as crianças estavam sobrevivendo na mata fechada com base nos relatos de Lesly. Segundo a mais velha do grupo, os irmãos caíram uns sob os outros após o acidente. As crianças recolheram alguns mantimentos que a mãe levava no monomotor, incluindo farinha de mandioca e leite na mamadeira de Christin, de 1 ano. Quando o leite acabou, Lesly improvisou um “copinho” de folhas para alimentar a irmã caçula.
“Assim que acabou [o mantimento], eles começaram a buscar frutas silvestres“, disse. O pai de Magdalena explicou que Lesly já tinha sido apresentada aos costumes do seu povo, como escolher os frutos corretos e maduros para consumo, montar cabana e usar folhas para forrar o chão e se deitar. Ela fracionou a comida e deixou rastros ao longo do caminho para que pudessem ser encontrados. As crianças contaram que não viram predadores na mata, como onças e cobras.
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Quando foi o grupo foi encontrado, Lesly estava tendo alucinações. Sem comida, recursos e expostos ao frio, quando o resgate chegou, a menina de 13 anos já apresentava “visões”.
O cachorro Wilson
Wilson, o cão farejador do Exército que continua desaparecido, se perdeu na mata no dia 18 de maio. O general Pedro Sanchez garantiu que vai continuar buscando pelo pastor belga e que mais de 100 homens estão na operação. “Wilson é um comando, faz parte da nossa família e não deixamos um comando para trás. Neste momento, continuam mais de 100 bravos soldados da nossa força militar do nosso Exército Nacional tentando encontrar Wilson. Essa é a garantia que temos, o compromisso de honra com Wilson, porque em algumas ocasiões, ele também salvou as nossas vidas“, declarou em entrevista ao Fantástico neste domingo (11).
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No hospital, as crianças, que passaram cerca de três ou quatro dias com o animal, fizeram desenhos em homenagem a Wilson. Para o avô, o cão tentou avisar ao Exército que tinha encontrado as crianças, mas acabou se perdendo também. “[Wilson] os seguia por onde iam e depois voltava para avisar o Exército ou a alguém. Como ele não pode falar, eles não o entendiam“, opinou.
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