Brasileiro detalha momentos de terror e poucos minutos para escapar de incêndio no Havaí: “Fumaça tomou conta”

Rodrigo Moraes residia em Maui há vinte anos, junto a mulher e os dois filhos

O fotógrafo santista Rodrigo Moraes perdeu sua casa em decorrência aos incêndios florestais na ilha de Maui, no Havaí. Em conversa com a agência de notícias RFI, o brasileiro contou que teve poucos minutos para deixar a residência e recolher os pertences necessários. Ele é um dos milhares de habitantes que foram atingidos pela tragédia desta semana.

De acordo com o g1, a combinação de vegetação seca, baixa umidade e rajadas de ventos que chegaram a 130 km/h trazidos pelo furacão Dora foram o combustível para a devastação da cidade histórica de Lahaina, um dos principais polos turísticos na costa Oeste.

“Começou com um pouco de fogo na montanha, ninguém se preocupou, só ficamos um pouco em alerta. Uma vez a gente olhou e estava bem pequena a fumaça, e meia hora depois já a fumaça já estava tomando conta da cidade toda”, lembra Rodrigo. Ele morava há vinte anos na cidade com a noiva, a californiana Michelle, e os dois filhos, Rio (2) e Isa (7), além de um gato e um cachorro.

Segundo o fotógrafo, não houve nenhum alerta ou alarme ordenando a evacuação dos residentes. “A gente olhou aquela fumaça toda e falei para minha noiva: ‘Vamos embora’. Só deu tempo de pegar um pouco do meu equipamento de trabalho, ela fez uma bolsa de roupas, pegamos os passaportes e fomos embora com o meu carro, deixamos o dela lá, porque a gente estava preocupado de que teria muito trânsito”, recordou.

Moraes disse que foram para uma montanha e ficaram estacionados na pista. Outros moradores da região os convidaram para ficar em uma casa. Todavia, três horas depois, o fogo também atingiu a região e eles tiveram que abandonar o abrigo.

“Para meu filho de dois anos é tudo uma festa, a de sete pergunta sobre os brinquedos. Mas a comunidade aqui é tão boa, já conseguimos doação de roupas e de outras coisas que a gente precisa. Estamos ficando na casa de conhecidos que deram uma quitinete que eles têm no fundo da casa para a gente ficar o tempo que precisar”, revelou.

Fotógrafo fugiu dos incêndios no Havaí junto com sua família (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Após o ocorrido, a cunhada de Rodrigo fez uma vaquinha virtual para arrecadar fundos, a fim de que a famíla se recupere. Nas redes sociais, o santista também está compartilhando vaquinhas para amigos que passam pela mesma situação. Além dele, outros brasileiros que moravam em Lahaina perderam tudo.

Continua depois da Publicidade

Desastre florestal

Os incêndios começaram na última terça-feira (8) e se alastraram por áreas residenciais no oeste do condado havaiano, provocando a destruição completa de diversas comunidades. Até o momento, já foram confirmadas as mortes de 80 pessoas e pelo menos 1000 desaparecidos. De acordo com a CNN, os bombeiros e equipes de resgate conseguiram cessar o fogo, e seguiram com as buscas neste sábado (12).

Cidade história ficou devastada após incêndio (Foto: Getty)

Em entrevista à emissora na tarde de sexta, o governador do Havaí, Josh Green, admitiu que pode levar mais de uma semana até que as autoridades locais possam vasculhar os restos mortais carbonizados da cidade histórica do Havaí para se ter uma estimativa real do número total de vítimas e pessoas desaparecidas.

Na tarde desta sexta-feira (11), alguns residentes foram autorizados a retornar à Maui para verificar suas propriedades. Porém, foi imposto um toque de recolher, que vigora das 22h às 6h, na área do desastre. Estipula-se que aproximadamente mil edificações podem ter sido danificadas ou completamente destruídas. A reconstrução da cidade deve levar anos e custar mais de US$434 bilhões de dólares.

Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques