Brasileiros são espancados em Portugal a socos e chutes, e desabafam: “Xenofobia, homofobia e racismo”

Uma das vítimas, Bruno César Marcelino, deu detalhes sobre o caso nas redes sociais

Dois brasileiros relataram que foram agredidos por um grupo de aproximadamente dez jovens portugueses na madrugada deste domingo (31), no Porto, Portugal. O caso aconteceu quando o produtor cultural e aluno de doutorado Bruno César Marcelino, de 31 anos, e o cozinheiro Kaique Soares, de 23, saíam de uma festa no Cais de Gaia.

Os agressores seriam jovens entre 15 e 25 anos que, segundo as vítimas, estavam bêbados e provavelmente sob efeito de drogas. Ao UOL, Bruno relatou que o grupo era formado por homens, sendo apenas uma mulher. Todos tinham sotaque português e estavam cercados por latas e garrafas. Os supostos agressores pediram €10 – aproximadamente R$ 53 –  aos brasileiros, que negaram a quantia.

Foi quando um dos jovens deu um soco no rosto de Bruno. “[Pedir dinheiro] era só um motivo para irem para cima. Um soco na cara. A gente tentou fugir, sair correndo. Aí, eles me puxaram pela minha touca. Nessa, eu caí. Quando caí, começaram a dar socos e chutes na minha cabeça”, disse ele.

Ao tentar voltar para ajudar Bruno, Kaique foi cercado por três homem e também recebeu socos. Em determinado momento, um dos jovens do grupo pediu para que os outros parassem de agredir os brasileiros. “Foi o tempo de a gente se levantar e sair correndo de novo. Mas eles vieram atrás da gente de novo. Consegui me distanciar deles. A gente ficou a uns dois quarteirões de distância deles”, contou Bruno.

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O grupo achou que os brasileiros tinham indo embora e parou de persegui-los. Todavia, Bruno, Kaique e um morador português que assistiu toda a cena de sua varanda estavam a dois quarteirões de distância tentando entrar em contato com a polícia. Eles ligaram pelo menos três vezes. Ao chegar no local, a polícia não abordou os agressores a tempo.

Bruno alegou que a demora dos agentes permitiu que os agressores escapassem: “Eles começaram a dizer: ‘Mas como a gente vai saber se são eles realmente?’. Eles começaram a duvidar da gente, dando oportunidade para eles irem embora. Quando eles [os agressores] começaram a ir embora, eu gritei: ‘Vocês vão deixar realmente, na minha frente, os agressores irem embora?’ Uma má vontade mesmo…”.

Após as vítimas insistirem, os policiais abordaram quem restou do grupo, mas não informaram quais providências foram tomadas. Bruno e Kaique foram levados de ambulância até o pronto-socorro do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia-Espinho. De acordo com uma declaração da unidade médica, eles já tiveram alta.

“Nesta madrugada viramos estatística novamente”, iniciou Bruno na postagem em suas redes sociais. “Acreditamos que tudo foi motivado por xenofobia, homofobia e racismo, que está cada vez mais evidente aqui em Portugal”, pontuou ele. As vítimas vão procurar as autoridades para saber que medidas foram tomadas, mas eles não ficaram com registros da queixa à polícia e ainda não acionaram os advogados.

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