A autora Sarah Bax Horton declarou ter desvendado a real identidade da figura por trás dos crimes mais chocantes da história britânica: o assassino em série ‘Jack, o Estripador‘. Em um livro que será publicado no próximo mês, Horton revelou evidências que conectaram os crimes ao cigarreiro Hyam Hyams.
Os assassinatos de “Jack, o Estripador” ainda são um dos casos criminais mais misteriosos da história do Reino Unido. Ele tirou a vida de pelo menos seis prostitutas no bairro de Whitechapel, município no leste de Londres, em 1888. Na época, ‘Jack’ cortou as gargantas e removeu órgãos internos de pelo menos três vítimas, o que levou as autoridades a acreditarem que o assassino tinha algum conhecimento de cirurgia e anatomia.
Até hoje, ninguém soube a real identidade do criminoso e ele só foi nomeado como ‘Jack’ devido a uma carta, escrita por alguém que alegava ser o assassino, e que foi amplamente divulgada pela imprensa. Entretanto, segundo Sarah, Hyam Hyams seria de fato o responsável pelas mortes.
A autora disse ter descoberto sua identidade com a ajuda de descrições e relatos de testemunhas, que teriam visto o homem com vítimas do sexo feminino pouco antes delas serem esfaqueadas até a morte. Hyams, que morava em uma área no centro dos assassinatos, trabalhava como fabricante de charutos e, por esse motivo, “sabia usar uma faca“.
Horton apontou que o homem tinha epilepsia e era alcoólatra, e que devido às condições, entrava e saía de asilos psiquiátricos frequentemente. A dependência de substâncias, bem como a doença neurológica, teriam piorado depois que ele sofreu um acidente e não pôde mais trabalhar. Hyam também lidava com a paranóia e agredia a esposa repetidamente, acreditando que era traído. Ele acabou sendo preso depois que atacou a mulher e sua mãe com um facão de açougueiro.
Em entrevista ao The Telegraph, Sarah apontou que chegou a tal conclusão após obter acesso aos registros médicos de Hyams. “Pela primeira vez na história, ‘Jack, o Estripador’, pode ser identificado como Hyam Hyams usando características físicas distintas. Nos arquivos, consta o que as testemunhas oculares disseram – que ele tinha um andar peculiar. Ele estava com os joelhos fracos e não estava estendendo totalmente as pernas. Quando ele andava, ele tinha uma espécie de andar arrastado, provavelmente um efeito colateral de algum dano cerebral como resultado de sua epilepsia”, explicou ela.
Nos depoimentos recolhidos há 135 anos, durante a investigação em torno do assassino, testemunhas descreveram um homem de trinta e poucos anos com um braço rígido e um andar irregular devido aos joelhos dobrados. Horton descobriu que as anotações médicas de Hyams – que tinha 35 anos em 1888 – registraram uma lesão que o deixou incapaz de “dobrar ou estender” totalmente o braço esquerdo, bem como a incapacidade de endireitar os joelhos, que causou também o arrastamento de seus pés. Ele também tinha a forma mais grave de epilepsia, com convulsões regulares.
O histórico médico do cigarreiro, resgatado de várias enfermarias e asilos, revelou ainda que seu declínio mental e físico coincidiu com o período marcado pelos crimes do Estripador. Sarah afirmou que os crimes de Jack se agravaram depois que Hyams quebrou o braço esquerdo, em fevereiro de 1888, e se tornaram cada vez mais violentos perto de sua prisão permanente, em setembro de 1889.
Pelo menos seis mulheres, entre elas prostituas e indigentes – Martha Tabram, Polly Nichols, Annie Chapman, Elisabeth Stride, Kate Eddowes e Mary Jane Kelly – foram assassinada brutalmente nos arredores de Whitechapel entre agosto e novembro de 1888. “Essa escalada combinou com a crescente violência dos assassinatos. Ele era particularmente violento depois de seus graves ataques epilépticos, o que explica a periodicidade dos assassinatos”, argumentou a autora.
Os relatos das testemunhas sobre a altura e o peso do homem também eram semelhantes aos detalhes nos arquivos de Hyams. “Eles viram um homem de estatura e constituição medianas, entre 1,65m e 1,72. Alto, robusto e de ombros largos. Hyams tinha 1,70 de altura. Sua fotografia demonstra que ele tinha ombros notavelmente largos”, reforçou Bax Horton.
Os assassinatos pararam no final de 1888, na época em que Hyams foi pego pela polícia por agir como “um lunático errante”. Em 1889, ele foi encarcerado no Colney Hatch Lunatic Asylum, no norte de Londres, e ficou lá até sua morte, em 1913. Depois disso, ‘Jack, o Estripador’ nunca mais atacou.
A conexão com Hyams veio à tona 135 anos após os assassinatos. O nome dele se encontrava numa longa lista de suspeitos, mas nunca foi investigado a fundo, já que, segundo Bax Horton, ele foi confundido com outros quatro homens de mesmo nome. “Quando eu estava tentando identificar o Hyam Hyams correto, encontrei cerca de cinco. Foi preciso muito trabalho para identificar seus dados biográficos corretos. Hyam Hyams nunca foi totalmente explorado como suspeito do Estripador”, contou ela.
A teoria de Sarah recebeu o apoio de Paul Begg, especialista nos assassinatos do Estripador. Segundo ele, a pesquisa de Horton resultou num “livro bem documentado, bem escrito e muito necessário” para se ter uma ideia de quem poderia ser o personagem que aterrorizou Londres.
Por fim, o que tornou a descoberta ainda mais extraordinária é a conexão de longa data da autora com o caso. Em 2017, Horton descobriu que seu tataravô, Harry Garrett, havia sido um sargento da polícia londrina e trabalhado na Delegacia de Polícia de Leman Street, sede da investigação do Estripador, na época dos crimes. Ele trabalhou no local de janeiro de 1888, ano em que Jack atacou, até 1896.
“One-Armed Jack: Uncovering the Real Jack the Ripper” (Jack de um braço só: descobrindo o verdadeiro Jack, o Estripador) será publicado em agosto.