Um funcionário da Qatar Airlines foi preso após ir a um falso encontro, marcado através de um aplicativo de relacionamento, em Doha, no Qatar. Ao chegar no local, Manuel Guerrero foi detido pela polícia. Segundo o The Sun, Enrique Guerrero afirmou que o seu irmão foi levado à prisão “por ser gay”.
“A polícia do Qatar usou um perfil falso do Grindr para entrar em contato com Manuel e convidá-lo para participar de uma reunião com outras pessoas da comunidade LGBT na cidade de Doha. Manuel deveria se encontrar com uma pessoa com quem pensava ter marcado um encontro na noite de 4 de fevereiro, mas ao invés disso encontrou policiais que estavam esperando para prendê-lo arbitrariamente“, explicou o irmão de Manuel.
O caso só veio à tona nesta semana, após Enrique lançar uma campanha nas redes sociais, “QatarMustFreeManuel”, para ajudar na libertação. Ele ainda afirmou que um marroquino chegou ao local logo depois de seu irmão e também foi detido. Além disso, as autoridades que armaram a emboscada acusaram a dupla de porte ilegal de metanfetamina. “Até hoje ele continua preso injustamente“, acrescentou.
🚨⚠️🏳️🌈 Manuel Guerrero fue apresado y está siendo torturado por ser gay y vivir con #VIH.
Desde el 4 de febrero @GCOQatar lo encarceló por su orientación sexual.
Exigimos al @GobiernoMX intervenir para su liberación inmediata.#CatarDebeLiberarAManuel#QatarMustFreeManuel pic.twitter.com/C04URqXHOz
— #QatarMustFreeManuel (@QatarFreeManuel) February 27, 2024
Enrique também explicou ao The Sun que Manuel é uma pessoa HIV positiva e teve sua medicação negada na prisão. Ele ainda foi forçado a testemunhar punições de prisioneiros com chicotadas. “Há quase um mês, que ele está privado de seus medicamentos antirretrovirais, dos quais necessita para o seu HIV. Isso por si só já é um ato de tortura cometido pelo Qatar, e coloca a saúde e a vida dele em risco“, desabafou.
O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido confirmou que está prestando assistência consular e ajudando a família de Manuel junto a diplomatas mexicanos, já que a vítima tem dupla nacionalidade, britânica e mexicana. Enrique também solicitou auxílio ao governo mexicano. “Quanto mais o tempo passa, mais a saúde dele piora“, lamentou.
“O Qatar não informou a Grã-Bretanha e o México sobre a prisão. Foi graças à pressão que exercemos sobre os funcionários consulares, por não conseguirmos localizar Manuel, que eles começaram a procurá-lo. Durante três dias, não descobrimos onde ele estava. Ele passou 23 dias sem intérprete, tudo estava em árabe, passou 23 dias sem advogado ou alguém que lhe dissesse por que foi preso“, acrescentou.
Enrique também comentou sobre a intolerância que existe no país do Oriente Médio. “O Qatar pune a homossexualidade e quaisquer questões relativas à diversidade sexual, é nisso que o Qatar acredita. Mas os direitos humanos substituem as suas leis homofóbicas. Orientação sexual e diversidade sexual são direitos humanos, não crimes“, pontuou.
A família de Manuel informou que, neste mês, o tribunal de Doha decidirá se ele será expulso do Qatar, onde vive atualmente por conta do trabalho, ou se enfrentará julgamento. “Nossa luta vai continuar até que Manuel seja libertado“, finalizou Enrique.