Papa Leão XIV não era considerado o favorito, mas ganhou força ao longo do conclave. Segundo André Fontenelle, jornalista da Folha de S. Paulo que acompanhou a jornada para um novo papa no Vaticano, a afirmação foi feita pelo arcebispo de Argel, Jean-Paul Vesco, após a missa rezada pelo líder da Igreja Católica para os cardeais.
O arcebispo revelou alguns detalhes sobre a eleição do pontífice. “Quando há uma campanha [eleitoral], quando sai o resultado, filmam o lado dos que ganharam e o lado dos que perderam. Ali, não havia lado. Havia alegria de todo mundo, havia apenas hipervencedores“, declarou.
Vesco contou que Robert Francis Prevost não estava de fato entre os favoritos no início. Contudo, em um determinado momento, o cardeal foi ganhando força. “Sentimos que era ele e todos concordamos“, afirmou. O arcebispo disse que “muitas coisas o impressionaram” na votação, conforme Fontenelle.
“Temos a impressão de estar entrando em algo muito grande, muito ritual“, falou Vesco, admitindo que não deseja vivenciar o conclave novamente. “De forma alguma. Primeiro, porque desejo uma vida longa [ao papa]. Não quero me projetar nesse momento, porque quero viver esses 15 anos“, explicou, em uma aparente referência à expectativa dos papas.
Ele também admitiu que passa pela cabeça dos cardeais, inclusive a dele, a possibilidade de se tornar o novo papa. “Porque na lista de papáveis que vocês [da imprensa] fizeram, todos os que estão nela dizem: ‘Posso ser eu’. Então, tenho que me preparar. E, obviamente, para se preparar, a gente se imagina um pouco. A gente se projeta“, admitiu.
Vesco contou ainda que ficou emocionado com o desprendimento dos cardeais apontados como favoritos. “Na vida, somos alimentados, talvez, pela ambição, pela inveja. E, obviamente, nos dizem: ‘Por que não você? Por que não você?’. E acho bonito ver todos esses homens inteligentes, que têm tudo o que é preciso, que poderiam dizer a si mesmos: ‘Sim, por que não eu?’, terem essa lealdade, esse reconhecimento, na alegria. Fiquei muito emocionado com aqueles que, ao contrário de mim, podiam realmente dizer: ‘Posso ser eu’“, refletiu.
Em entrevista ao Daily Herald, John Prevost, irmão do novo papa, revelou que o pontífice já havia escolhido um nome caso se tornasse o líder da Igreja Católica. Para Vesco, a escolha causou certa estranheza no conclave. “Quando ele nos disse Leo – ‘Leão’ em latim -, pensamos: ‘Quem ainda põe no filho, o nome de Leão hoje em dia?’. Só que o bonito é que o povo cantou ‘Leone, Leone’. O ritmo foi encontrado instantaneamente e isso me tocou muito“, expressou.
Por fim, o arcebispo brincou quando um repórter lembrou que ele poderia ser excomungado por contar os segredos da reunião extremamente sigilosa. “Agora só ele (Leão XIV) pode fazer isso. Mas não seria muito bacana da parte dele. Acabamos de fazer o serviço!“, completou. Fontenelle, da Folha, captou o momento que os fiéis entoaram o nome do novo pontífice.
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