O papa Francisco, falecido na última segunda-feira (21), será sepultado no próximo sábado (26), após seis dias de cerimônias fúnebres. De acordo com a tradição, o corpo de um pontífice deve ser mantido exposto por um período, permitindo que os fiéis façam suas últimas homenagens. Para garantir sua conservação durante esse tempo, uma equipe especializada em preservação é chamada, mas nem sempre os métodos adotados pela Igreja foram bem-sucedidos, como ocorreu em um dos episódios mais notórios da história.
O papa Pio XII é lembrado por ter liderado a Igreja durante a Segunda Guerra Mundial e pelas falas polêmicas envolvendo suas relações com Terceiro Reich e o fascismo. Quando faleceu, em 1958, o papa Pacelli, como era conhecido, se tornou uma figura carismática em Roma, e a expectativa era de uma multidão nunca antes vista em seu cortejo fúnebre.
Pio XII morreu no dia 9 de outubro, em Castel Gandolfo, após três dias de rápida deterioração de saúde. Com ele estava o médico Riccardo Galeazzi-Lisi, um oftalmologista da alta sociedade romana. Este médico, que mais tarde se tornaria célebre pelos escândalos envolvendo a venda de fotos do papa recebendo oxigênio suplementar, propôs um método inovador de preservação para o corpo papal, que, conforme relatado pelo g1, remonta às práticas dos primeiros cristãos.
Galeazzi-Lisi, em parceria com o médico napolitano Oreste Nuzzi, criou um processo que envolvia a aplicação de óleos, ervas e celofane no corpo do papa. Ainda de acordo com a publicação, eles chamaram essa técnica de “osmose aromática”, acreditando que ela preservaria o corpo sem necessidade de desnudar o pontífice.
No entanto, o resultado foi catastrófico. Sob o calor do outono em Castel Gandolfo, o corpo de Pio XII começou a se decompor diante dos olhos de quem o observava. Gases se acumularam no corpo, fazendo com que o tórax de Papacelli se inflamasse de maneira alarmante, causando um cheiro insuportável.

Durante o translado até Roma, o caixão do papa explodiu, espalhando pedaços do corpo que haviam sido mal preservados. Profissionais tiveram que realizar um reparo emergencial na Arquibasílica de São João de Latrão, mas, ao chegar ao Vaticano, o corpo já estava visivelmente danificado.
A face de Pio XII, desconfigurada pela decomposição, foi coberta por uma máscara de cera e látex para encobrir o estado deplorável do cadáver. Este episódio traumático levou à expulsão de Galeazzi-Lisi do Vaticano, após a divulgação não autorizada das fotos do papa em seus momentos finais.
Seu método nunca mais foi utilizado em papas subsequentes. O caso de Pio XII permanece uma das mais infames falhas na preservação de um corpo papal, contrastando com os esforços bem-sucedidos que seguiram com outros pontífices.
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