As autoridades espanholas divulgaram novas informações sobre o caso dos três irmãos resgatados após viverem mais de três anos em confinamento extremo na cidade de Oviedo. Durante a operação que resultou no resgate das crianças – gêmeos de 8 anos e outro menino de 10 – a polícia encontrou dezenas de desenhos feitos por eles, considerados perturbadores.
As imagens, que estavam espalhadas pelas camas e paredes do quarto onde os meninos dormiam, incluem figuras como monstros gritando, caveiras e personagens com traços distorcidos. Eles viviam trancados em casa desde outubro de 2021, sem acesso à escola ou convívio social.
As crianças eram obrigadas a dormir em berços adaptados com grades, usavam fraldas mesmo com idade escolar e permaneciam o tempo todo com máscaras – em alguns casos, até três sobrepostas. A residência estava em condições insalubres, com grande quantidade de lixo acumulado, fezes, medicamentos vencidos e espaços da casa inutilizados ou ocupados por entulhos, como um banheiro reservado exclusivamente para um gato doente.
Os responsáveis pelas crianças, Christian Steffen e Melissa Ann Steffen, foram presos. Eles são investigados por suspeita de abandono de incapaz, maus-tratos psicológicos e violência doméstica. A pena pode variar de cinco a sete anos de prisão.

Segundo o jornal El Español, um dos registros mais marcantes é a imagem de oito cadeados desenhos compulsivamente na cabeceira de um dos berços onde dormiam os gêmeos. De acordo com a psicóloga forense Ana Villarrubia, que analisou as imagens a pedido do jornal, os cadeados indicam a percepção das crianças diante do isolamento.
Segundo ela, os rabiscos intensos sobre os próprios desenhos – feitos com linhas grossas e marcadas – reforçam o caráter negativo atribuído a essa experiência.

Além dos cadeados, o El Español relatou que os investigadores encontraram desenhos de círculos que parecem tentativas de representar cabeças humanas. Para Villarrubia, os círculos sugerem um esforço simbólico para desenhar rostos – algo ausente na rotina das crianças, que não tinham contato com outros adultos ou crianças desde que a família deixou a Alemanha e se instalou na cidade espanhola.
Segundo a polícia, o confinamento teria sido motivado por uma reação extrema à pandemia de Covid-19. O pai controlava a entrada e saída de qualquer item da casa, que eram recebidos por meios de entregas. De acordo com o jornal El País, nenhum dos pais demonstrou arrependimento durante a operação. A mãe, que alegou que os filhos tinham doenças graves, justificou o isolamento como uma medida de proteção.
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