Na última quinta-feira (19), o ex-diretor científico da OceanGate, Steven Ross, apresentou revelações impactantes durante o terceiro dia de audiências sobre a trágica implosão do submarino Titan, ocorrida em junho de 2023 durante uma expedição aos destroços do Titanic. À Guarda Costeira dos Estados Unidos, Ross revelou que o submersível experimental enfrentou falhas críticas apenas dias antes do fatídico mergulho.
De acordo com Ross, um incidente sério ocorreu durante um teste do Titan, que resultou em passageiros sendo “lançados de um lado para o outro” dentro do submersível. O piloto na ocasião era o então CEO da OceanGate, Stockton Rush, que também estava a bordo durante a implosão.
Ross relatou que, devido à falha, Rush colidiu com uma antepara. “Um passageiro ficou de cabeça para baixo. Os outros dois conseguiram se prender na extremidade dianteira do submersível”, explicou. O ex-diretor não soube informar se uma avaliação do casco do Titan foi realizada após o incidente.
Steven, que começou a trabalhar na OceanGate em 2018 e se tornou diretor científico em 2021, tinha como missão “desenvolver um programa científico viável para o submarino Titan”. Sua participação nas audiências se soma a dois dias de depoimentos que levantaram sérias questões sobre as operações da empresa antes da missão que terminou em tragédia.
No primeiro dia de sessão foi revelado as últimas palavras das vítimas a bordo. Além de ser divulgado um vídeo do momento em que equipes de buscas localizam os destroços do submersível. O painel da Guarda Costeira está atualmente reunindo informações e testemunhos, e, ao final do processo, será enviado um relatório com as conclusões das investigações e uma série de recomendações ao governo dos EUA.
O submarino Titan desapareceu em 18 de junho de 2023, enquanto explorava os destroços do Titanic, a cerca de 3.350 metros de profundidade. A bordo, estavam o CEO da OceanGate, Stockton Rush, um copiloto e três bilionários. A investigação concluiu que todos os ocupantes do Titan morreram após o veículo implodir devido à pressão intensa das águas.
Depoimentos
Ainda durante as audiências, novos detalhes, como a experiência de seus mergulhadores vieram à tona. Renata Rojas, uma banqueira com experiência em expedições subaquáticas, esteve presente no local da tragédia como voluntária, auxiliando a tripulação de superfície, em 2023. Rojas já havia realizado vários mergulhos com a OceanGate, incluindo uma expedição ao naufrágio do Andrea Doria em 2016, pela qual pagou US$ 20 mil – cerca de R$ 108 mil, na cotação atual.
O ex-diretor de operações marítimas da OceanGate, David Lochridge, testemunhou que, em uma situação crítica, Rush agiu de forma pouco profissional e que entrou em pânico ao prender a embarcação no naufrágio do Andrea Doria. Lochridge afirmou que Rojas estava tão angustiada, com lágrimas nos olhos, que gritou com Rush para que ele entregasse o “controle de m*rda” do submarino.
Segundo Lochridge, Rush jogou o controle em sua cabeça, resultando na quebra de um dos botões, embora ele tenha conseguido consertar para retornar à superfície. Em contrapartida, Rojas negou as alegações de Lochridge durante seu depoimento.
“Ele deve ter ido para um mergulho diferente. Ninguém estava em pânico, ninguém estava chorando, e definitivamente não houve xingamentos e gritos”, afirmou Rojas, enfatizando que a situação foi mal interpretada.
Rojas também relembrou uma ocasião em 2022, quando a equipe considerou usar um atalho de teclado, “ctrl+alt+delete”, para reiniciar sistemas dos computadores de bordo após chegarem ao fundo do oceano. Embora tenham enfrentado problemas com as luzes piscando durante a subida, a equipe conseguiu resolver a situação de outra forma. Veja imagens divulgadas com os destroços do submarino.
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