A enfermeira Lucy Letby, de 33 anos, foi condenada nesta sexta-feira (18) por assassinar sete bebês e tentar matar outros seis. Os crimes ocorreram no Hospital Condessa de Chester, na Inglaterra, entre junho de 2015 e junho de 2016. Ela matou cinco meninos e duas meninas. Letby será sentenciada na próxima segunda-feira (21) e pode pegar uma pena rara de prisão perpétua.
De acordo com a BBC News, o promotor Nick Johnson disse que Lucy injetou ar no sangue de pelo menos doze de suas vítimas. Ele declarou que essa era “uma das formas favoritas da enfermeira de matar ou tentar matar crianças “. Outros métodos como injetar ar no estômago dos bebês e insulina, alimentá-los com leite à força, e fazer vários ataques antes deles falecerem, foram revelados.
Na condenação, os promotores disseram que os homicídios foram “persistentes, calculados e a sangue frio“. Dois dos bebês que ela matou são gêmeos, e uma outra vítima sofreu quatro tentativas de assassinato antes de falecer. Uma das mães flagrou Lucy atacando seus filhos. “Confie em mim, sou uma enfermeira“, disse Letby para a mulher.
“Este é um caso absolutamente horrível. Como todos que acompanharam o julgamento, ficamos chocados com os crimes cruéis de Letby. Às famílias das vítimas, espero que seu sofrimento inimaginável seja aliviado de alguma forma pelos vereditos. Nossos pensamentos permanecem com você”, declarou Jonathan Storer, principal promotor da CPS Mersey-Cheshire, segundo informou o The Guardian.
Durante o julgamento, a promotoria disse que Lucy era uma oportunista que “iludiu” colegas para encobrir seus “ataques assassinos“. Antes de junho de 2015, havia menos de três mortes de bebês por ano na unidade neonatal. Seus advogados argumentaram que as mortes foram resultado de “falhas em série no atendimento” na unidade e que ela foi vítima de um “sistema que queria atribuir culpas quando falhava“.
A enfermeira foi considerada inocente de duas tentativas de homicídio e o júri não chegou a um consenso sobre seis outros casos suspeitos. Antes das condenações, o detetive-chefe Paul Hughes declarou para a revista People que as motivações de Lucy não estavam claras. “No final das contas, a única pessoa que pode responder isso a respeito do porquê é a própria Lucy Letby”, comentou. “Infelizmente, acho que nunca saberemos, a menos que ela decida nos contar”, lamentou.
Matei de propósito
As ações de Letby vieram à tona quando médicos começaram a ficar preocupados com o número de óbitos sem explicações e colapsos nos pacientes a partir de janeiro de 2015. Os profissionais não conseguiram encontrar uma razão clínica para elucidar as mortes e a polícia foi acionada. Após uma longa investigação, a enfermeira foi apontada como “presença malévola constante quando as coisas pioraram“, conforme ressaltou Nick.
Após a prisão, autoridades encontraram documentos e anotações médicas com referências às crianças envolvidas no caso na casa dela. “Eu os matei de propósito porque não sou boa o suficiente para cuidar deles”, escreveu Lucy em uma nota localizada por policiais. “Sou uma pessoa horrível e má”, disse. “Eu sou má, eu fiz isso“, acrescentou. Outras anotações supostamente falavam sobre sua inocência.
O manuscrito encontrado vai contra o que foi dito por ela enquanto prestava depoimento por 14 horas. Lucy declarou que nunca havia tentado machucar as crianças e sempre quis cuidar dos pacientes, além de criticar as condições de trabalho da unidade de saúde. “Eu nunca matei uma criança ou machuquei nenhuma delas”, alegou.
Para o júri, a enfermeira contou que escreveu “eu sou má” porque se sentiu incompetente, sobrecarregada e que havia feito algo errado. No interrogatório, ela também explicou por que tirou foto de uma carta de condolências recebida pelos pais de um dos sete bebês mortos. “Acho que foi bom lembrar as palavras gentis que compartilhei com aquela família“, alegou na época.
Em maio deste ano, ela disse ao júri que não quis fazer mal no período que trabalhou no hospital. No entanto, durante os argumentos finais do julgamento, Johnson pediu para os jurados “juntar todas as peças do quebra-cabeça” e ver a “imagem cumulativa” no caso.
Para a People, Hughes disse que as evidências falam por si. “Mas quando você ouve as evidências e realmente quão delicados esses bebês estão na posição em que estão, então você percebe que não é preciso muito, e fica muito claro que existia alguém com uma mente sinistra naquele ambiente”, concluiu.