Na quinta-feira (12), um Boeing-787 que saiu de Ahmedabad, na Índia, rumo ao Aeroporto de Gatwick, em Londres, caiu menos de um minuto após a decolagem. A tragédia deixou, até agora, 279 mortos, somando passageiros, tripulantes e vítimas em solo. No entanto, apenas uma pessoa sobreviveu: Ramesh Vishwashkumar.
“Por um momento, achei que também ia morrer. Mas, quando abri os olhos e percebi que estava vivo, tentei destravar o cinto e sair dali”, relembrou Ramesh, ainda no hospital.
O acidente aconteceu logo após a aeronave atingir aproximadamente 200 metros de altitude. O avião caiu de nariz para cima, atingindo um alojamento de uma faculdade de medicina. “Logo depois da decolagem, tive a sensação de que o avião ficou parado no ar por uns dez segundos. As luzes da cabine acenderam. Parecia que ele tentava ganhar altitude, mas de repente veio o impacto”, contou Ramesh, em entrevista à DD News.

O acidente rapidamente levantou dois grandes questionamentos: afinal, o que causou a queda do Boeing-787? E como uma única pessoa conseguiu sobreviver praticamente ilesa?
O que pode ter causado a queda?
Com 40 anos de experiência como piloto, instrutor e examinador, atuando no Brasil e na China, o comandante Lotário Kieling analisou alguns aspectos que ajudam a esclarecer o que aconteceu.
O primeiro detalhe que chamou atenção, segundo ele, é o fato de o avião ter utilizado praticamente toda a extensão da pista para decolar. “Essa pista tem 3.599 metros. E metade dessa pista é suficiente para o 787 decolar. Ou para a maioria dos aviões comerciais”, observou, em entrevista ao Fantástico.
🚨URGENTE: Avião com destino a Londres acaba de cair na Índia com 244 passageiros a abordo, na queda o avião explodiu pic.twitter.com/iezsc6PQdJ
— Astronomiaum (@astronomiaum) June 12, 2025
Outro ponto é que o trem de pouso permaneceu abaixado, quando o padrão seria recolher assim que o avião decola: “Porque a aeronave teve uma ascensão positiva inicialmente. Era o momento para recolher o trem”.
O comandante também chamou atenção para a configuração dos flapes, dispositivos localizados na parte traseira das asas, que são fundamentais para gerar sustentação na decolagem: “E como nós podemos aumentar a sustentação? Através da velocidade, aumentando a velocidade da aeronave, aumentando a área da asa ou aumentando a curvatura da asa do aerofólio”.
Uma das hipóteses levantadas seria uma possível pane geral nos motores logo após a decolagem. No entanto, Kieling avaliou essa teoria como quase improvável: “Essa possibilidade de falha simultânea nos motores, sem nenhuma razão aparente, é muito difícil”.
Entre os especialistas da aviação, uma tese bastante discutida é a de que os pilotos, sob estresse, possam ter recolhido os flapes no lugar do trem de pouso, comprometendo totalmente a sustentação. “Eu vi isso em simulador mais de uma vez, durante estresse, durante tensão. O piloto errar”, relembrou.

Dois dias após o acidente, no sábado (14), começou a circular um vídeo em melhor qualidade que mostra os últimos segundos do voo. De acordo com a reportagem do dominical, é possível ver o acionamento do R.A.T. – Ram Air Turbine -, um equipamento de emergência que se abre para gerar energia utilizando o vento, em casos de falha total do sistema elétrico ou pane hidráulica. “Ele é um gerador eólico, que é uma hélice, e esse gerador é utilizado em casos de emergência. Que emergência? Se perder todo o sistema elétrico”, explicou Kieling.
O R.A.T. também entra em funcionamento automaticamente quando há falha simultânea dos dois motores: “Se isso aconteceu, talvez haja uma falha complexa, como perda dos dois geradores, falha elétrica, que culminou com esse equipamento sendo acionado automaticamente. Mas ainda é prematuro dizer se é verdade ou não”.
O único sobrevivente e o debate sobre o assento mais seguro
Em meio ao ocorrido, a história de Ramesh Vishwashkumar impressionou o mundo inteiro. Ele saiu praticamente ileso dos destroços em chamas: “Não sei como consegui escapar. Depois uma ambulância me trouxe aqui para o hospital”.

A situação de Ramesh reacendeu uma discussão antiga: existe um lugar mais seguro no avião? Para o comandante Kieling, de forma geral, os assentos localizados na parte traseira da aeronave costumam ser os mais seguros. “Geralmente, o lugar mais seguro é a cauda. Até porque as chamas acabam comprometendo toda a estrutura da nave e a cauda acaba ficando”, apontou o especialista.
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