O ex-funcionário da Walt Disney World Michael Scheuer, de 40 anos, foi condenado a três anos de prisão por um juiz federal na Flórida, na última quinta-feira (24). Ele confessou ter invadido os sistemas de menus usados pelos restaurantes do complexo de parques e hotéis, e alterado os preços, falsificado informações sobre alérgenos, além de incluir palavrões.
Michael também foi condenado a pagar cerca de US$ 620 mil (R$ 3,5 milhões) em restituição à Disney e outros US$ 70 mil (R$ 397 mil) à empresa de software, não identificada, que fornece o programa de criação de menus utilizado no local.
Segundo os registros do tribunal, nenhuma das mudanças foi apresentada ao público, já que foram detectadas antes e não chegaram à etapa de impressão. O ex-funcionário admitiu o crime em janeiro após uma acusação de fraude informática e outra de roubo de identidade agravado.
A nota do Gabinete do Procurador dos Estados Unidos, no Distrito Central da Flórida, acrescentou que Michael mudou informações sobre as regiões vinícolas colocando referências de locais de recentes tiroteios em massa. O criminoso também tentou bloquear o acesso de funcionários da empresa às suas contas, conforme o texto.

De acordo com os documentos do tribunal, Scheuer retornou de uma licença-paternidade no início de junho de 2024. Poucos dias depois, ele teve uma discussão com um supervisor sobre a criação de menus e foi avisado que seria suspenso. Em vez disso, acabou sendo demitido do cargo de gerente de produção por má conduta.
Uma investigação conduzida pelo FBI revelou que, a partir desse período e por aproximadamente três meses, ocorreram múltiplas invasões nos servidores que hospedavam o programa de criação de menus. Entre as mudanças, estava a de uma bebida chamada “Giddy-Up” – uma mistura de vodca, limonada e chá gelado -, que Michael reduziu o preço em US$ 2, apontaram os registros.
Outro exemplo foi a redução do peso de um filé-mignon. Em mais um caso, o ex-funcionário alterou a palavra “shellfish” (frutos do mar) para “hellfish” (trocadilho em inglês com “inferno”). Em alguns menus, os preços ou as descrições dos itens desapareceram. Em uma ação mais grave, Scheuer modificou parte dos itens do menu para indicar, falsamente, que eram seguros para pessoas com alergias a amendoim, nozes, frutos do mar e leite.
Os promotores afirmaram que “a maneira discreta com que essas mudanças foram feitas provavelmente tinha como objetivo evitar a detecção”. No entanto, o advogado de Scheuer, David Haas, declarou que seu cliente apenas queria chamar a atenção da Disney para que ela respondesse a ele.
“Ele sabia que as mudanças nos menus seriam identificadas no rigoroso processo de revisão de menus da Disney”, disse a defesa em um documento do tribunal. Em uma entrevista à NBC, Haas relatou que “o Sr. Scheuer continua arrependido e pede desculpas a seus antigos colegas de trabalho”, acrescentando que ele está agradecido ao juiz por ter imposto uma sentença de apenas 36 meses.
“Ele está ansioso para voltar para casa, para a esposa e as três filhas pequenas. Ele era o único ganha-pão da família, pois a esposa tem vários problemas de saúde e educa os filhos em casa, então ele procurará trabalho após ser solto”, completou o advogado.

De fato, a Disney percebeu as alterações e entrou em contato com o FBI, identificando Michael Scheuer como um possível suspeito. Em setembro, a corporação executou um mandado de busca na casa do ex-funcionário e apreendeu vários dispositivos eletrônicos. A denúncia criminal também apontou que o homem bloqueou o acesso de 14 funcionários a suas contas corporativas através de ataques de negação de serviço (DDoS).
Em um momento registrado, Michael dirigiu até a casa de um desses funcionários pouco antes das 23h, caminhou até a porta da frente e fez um sinal de positivo para a câmera da campainha antes de ir embora. Conforme os documentos, algumas das pessoas visadas eram ex-colegas envolvidos em sua demissão.
“Graças à força de nossas parcerias, nossa Força-Tarefa Cibernética identificou rapidamente o Sr. Scheuer e impediu que ele continuasse ameaçando o público”, declarou Matthew Fodor, agente especial encarregado da divisão de Tampa do FBI, em nota.
Já o procurador interino do Distrito Central da Flórida, Gregory W. Kehoe, afirmou que as ações do ex-funcionário foram, em parte, atribuídas a um episódio de saúde mental.
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