Hugo Gloss

Ex-funcionário diz ter sido demitido da OceanGate por apontar problemas de segurança em submersíveis

Submarino Titan (Foto: Reprodução/Instagram)

Um funcionário da OceanGate foi demitido após questionar a segurança dos submarinos fornecidos pela empresa. David Lochridge era diretor de operações marítimas da companhia e teve seu desligamento formalizado em 2018. A informação é da revista The New Republic, que teve acesso a documentos do processo.

O mergulhador escocês entrou na organização em maio de 2015 como contratado independente, mas foi promovido pouco tempo depois. Após a demissão, a OceanGate acusou o piloto de violar um acordo de confidencialidade, mas ele rebateu, alegando que havia sido vítima de uma injustiça.

Segundo o profissional, ele era “responsável pela segurança de toda a tripulação e clientes”, e se recusou a liberar testes tripulados dos primeiros modelos do veículo. “Em vez de abordar as preocupações de Lochridge, a OceanGate rescindiu sumariamente o contrato, nos esforços para silenciar Lochridge e evitar abordar as questões de segurança e controle de qualidade”, diz um trecho.

No registro, Lochridge questionava a recusa da OceanGate em realizar testes críticos e não destrutivos do projeto experimental do Titan, embarcação utilizada nas expedições ao Titanic. De acordo com o especialista, os passageiros poderiam ficar expostos ao perigo quando o submersível atinge profundidades extremas. Além disso, os viajantes não saberiam quais materiais inflamáveis eram usados dentro da cabine, o que poderia aumentar as chances de acidente.

Mergulhador que já foi até o Titanic revelou pior cenário para submarino desaparecido: “Não parece bom” (Foto: Reprodução/CBC)

“A OceanGate recusou-se a pagar ao fabricante para construir uma janela de visualização que atendesse à profundidade exigida de quatro mil metros”, acusou em outra parte do documento. Segundo ele, os vidros do veículo tinham certificação para aguentar até 1,3 mil metros, mas os destroços do Titanic estão a cerca de 3,8 mil metros de profundidade.

Lochridge ainda relatou que não era o único colaborador preocupado com a segurança da embarcação. Ele afirmou que outros engenheiros estavam apreensivos em colocar o submersível no mar. O processo descreveu que, quando tentou realizar uma inspeção de qualidade sugerida pelo CEO da OceanGate, Stockton Rush, o funcionário foi “recebido com hostilidade e negação de acesso à documentação necessária”. A revista aponta que Rush é um dos cinco tripulantes dentro do submarino desaparecido.

O processo foi finalizado alguns meses depois, quando as duas partes chegaram a um acordo. Porém, as discussões acerca do Titan continuaram. Nesta terça-feira (20), o New York Times divulgou uma carta da Marine Technology Society assinada por membros do grupo descrevendo a “preocupação unânime” sobre o submarino. “Nossa apreensão é que a atual abordagem experimental adotada pela OceanGate possa resultar em resultados negativos (de menor a catastrófico) que teriam sérias consequências para todos na indústria”, disseram os profissionais.

Submarino desaparecido é comandado por controle de videogame (Foto: Reprodução/CBC)

Além disso, o jornalista David Pogue revelou à BBC mais detalhes sobre o submarino que desapareceu. O repórter descreveu sua experiência dentro da capsula, revelou como o submersível é controlado e opinou se existe a possibilidade de um resgate ser feito. Segundo ele, tanto o GPS quanto o rádio não funcionam debaixo d’água, o que implica qualquer tentativa de contato com a embarcação. Clique aqui para saber tudo.

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