Executivo é condenado a 24 anos de prisão após cair em golpe pelo WhatsApp, nos EUA

Ele começou a fazer transações após se comunicar com golpistas pelo WhatsApp

Shan Hanes, ex-CEO do banco Heartland Tri-State no Kansas, Estados Unidos, foi condenado a mais de 24 anos de prisão após ser enganado em um esquema de fraude com criptomoedas. O caso aconteceu em agosto, mas voltou a repercutir nesta terça-feira (12). De acordo com a CNBC, as atitudes de Hanes resultaram na falência do banco e ele se declarou culpado.

O esquema de “abate de porcos”, como é conhecido, envolveu golpistas que convenceram o homem a transferir grandes somas de dinheiro para contas de criptomoedas fraudulentas com a promessa de altos retornos sobre investimentos, que nunca se concretizaram. Hanes, que começou a fazer as transações em 2022 após se comunicar com a quadrilha pelo WhatsApp, acabou desviando fundos não só da igreja local e de um clube de investimentos, mas também das poupanças para faculdade de sua filha e de outros investimentos pessoais e corporativos. Essas ações foram justificadas pelos golpistas como necessárias para desbloquear os supostos retornos de investimentos anteriores.

Durante o julgamento, a promotoria apresentou evidências de que Hanes manipulou funcionários do banco para realizar transferências eletrônicas, violando as políticas internas do banco. “Acreditamos que o papel dominante do CEO no banco e seu papel de destaque na comunidade contribuíram para a relutância dos funcionários da Heartland em questionar ou relatar as supostas atividades fraudulentas”, disse um relatório do Gabinete do Inspetor Geral do Conselho de Governadores do Sistema da Reserva Federal.

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A situação financeira desastrosa do banco se tornou pública após a série de transferências ilícitas totalizando US$ 47 milhões (R$ 270 milhões, na cotação atual) para os golpistas. “Ele fez muitas deturpações para várias pessoas para obter acesso aos fundos para que pudessem ser transferidos”, declararam os promotores, acrescentando que Hanes chegou a pedir um empréstimo de US$ 12 milhões (R$70 milhões) a um vizinho.

Banco faliu após ações de Hanes (Foto: Google Maps)

Na audiência de sentença, um dos acionistas do banco e vizinho de longa data de Hanes, Brian Mitchell, expressou sua indignação. “Chamei suas ações de ‘pura maldade’”, relatou à CNBC. Mitchell e outros executivos tiveram a perda de 70% a 80% de suas aposentadorias. O impacto foi tão extenso que até mesmo aqueles que não eram acionistas, como os membros do clube de investimentos local, foram diretamente afetados. Uma mulher, conforme Mitchell contou, “está lutando para pagar uma casa de repouso para sua mãe de 93 anos, enquanto outra mulher não pode se aposentar agora”.

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O advogado de Hanes, John Stang, em sua defesa, destacou a vulnerabilidade de seu cliente ao esquema de fraude. “Ele era o porco que foi massacrado. A vulnerabilidade do Sr. Hanes ao esquema o levou a tomar algumas decisões muito ruins, pelas quais ele realmente lamenta por causar danos ao banco e perdas aos Acionistas”, declarou Stang.

Kate Brubacher, procuradora do Kansas, refletiu sobre a gravidade do caso em uma declaração. “A ganância de Hanes não tinha limites. Ele invadiu suas obrigações profissionais, seus relacionamentos pessoais e a lei federal”, finalizou.

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