Nesta terça-feira (20), o jornalista David Pogue, que já participou da expedição aos destroços do Titanic, revelou à BBC mais detalhes sobre o submarino que desapareceu no domingo (18). O profissional descreveu sua experiência, revelou como o submersível é controlado e se existe a possibilidade de um resgate ser feito.
Pogue esteve na viagem em novembro do ano passado, e confessou sua hesitação antes de embarcar ao reparar que alguns componentes do submarino pareciam “meio improvisados”. Ele ainda lembrou que em sua vez, desceu apenas 10 metros de profundidade após problemas técnicos com o submarino da OceanGate. O Titan, como foi apelidado, teria ficado sem comunicação com a superfície, e se perdeu por aproximadamente três horas.
Ao falar sobre os detalhes do submersível, o jornalista explicou que tanto o GPS quanto o rádio não funcionam debaixo d’água, o que implica qualquer tentativa de contato com a embarcação. “Quando o navio de apoio está diretamente sobre o submarino, as embarcações conseguem enviar mensagens de texto curtas entre si. Mas claramente, essas mensagens não estão mais sendo respondidas”, pontuou Pogue.
“O submarino era dirigido com controle de Xbox, parte do lastro eram canos de construção abandonados”, acrescentou David. Segundo ele, o inventor do Titan e CEO da OceanGate, Stockton Rush, garantiu que “a cápsula principal de fibra de carbono, que é o mais importante, era segura, blindada e co-projetada pela Nasa e a Universidade de Washington”.
O correspondente da CBS também informou que os passageiros ficam selados dentro desta cápsula principal por vários parafusos que são colocados do lado de fora, e precisam ser removidos por uma equipe externa. Ao The Context, Pogue contou que o submarino tem sete funções diferentes que permitem que a embarcação possa emergir. Portanto, é “realmente preocupante” nenhuma delas ter funcionado até o momento.
David completou afirmando que neste caso, é provável que a capacidade de emersão do submarino teria sido anulada caso ele tenha ficado preso ou tenha ocorrido algum vazamento. “Não há backup, não há cápsula de fuga. É chegar à superfície ou morrer”, observou o jornalista.
Desaparecidos
De acordo com a CNN, cinco pessoas estariam a bordo no submersível Titan, mas apenas quatro foram confirmadas. Dentre eles, está o bilionário empresário e explorador britânico Hamish Harding. A notícia foi confirmada pelo presidente do The Explorers Club e amigo pessoal de Harding, Richard Garriott.
“Hamish Harding, membro fundador do Conselho de Curadores do The Explorers Club, estava na expedição ao RMS Titanic. Ele fazia parte de uma tripulação de cinco pessoas no submarino de pesquisa canadense Polar Prince. A tripulação de cinco pessoas submergiu na manhã de domingo e perdeu contato aproximadamente uma hora e 45 minutos após o mergulho da embarcação”, escreveu Garriott.
O segundo confirmado é o especialista do naufrágio do Titanic, Paul-Henry Nargeolet, que já liderou cerca de 30 viagens ao navio histórico. Além disso, Nargeolet supervisionou a recuperação de cinco mil artefatos do Titanic, sendo um deles um “pedaço grande” de 20 toneladas do casco do naufrágio.
O empresário paquistanês e seu filho, Shahzada e Sulaiman Dawood, também estão entre os tripulantes, de acordo com um comunicado divulgado pela família nesta terça-feira (20). “Até agora, o contato foi perdido com sua embarcação submersível e há informações limitadas disponíveis. Um esforço de resgate que está sendo liderado em conjunto por várias agências governamentais e empresas de águas profundas está em andamento para restabelecer o contato com o submersível e trazê-los de volta com segurança”, informou o texto.
A OceanGate Expeditions se pronunciou sobre o ocorrido em uma nota. “Estamos explorando e mobilizando todas as opções para trazer a tripulação de volta com segurança. Todo o nosso foco está nos tripulantes do submersível e suas famílias. Estamos trabalhando para o retorno seguro dos tripulantes”, declarou a empresa.
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