Jovem gay brasileiro é espancado até a morte na Espanha, e caso gera onda de protestos contra homofobia no país: “Ato selvagem e cruel”

Samuel

Um rapaz de 24 anos, identificado como Samuel Luiz Muñiz, foi brutalmente espancado até a morte na madrugada deste sábado (3), em La Coruña, na Espanha. Segundo a imprensa espanhola, o jovem auxiliar de enfermagem tinha origem brasileira, mas se mudou para o país com um ano de idade.

O caso despertou a indignação da população, que iniciou uma onda de protestos contra a homofobia no país europeu. Nesta segunda-feira (5), milhares de pessoas se reuniram em Madri, Barcelona e outras cidades para se manifestarem. As denúncias de testemunhas indicam que se tratou de um crime de ódio motivada pela orientação sexual de Samuel. A polícia investiga essa possibilidade.

Segundo a amiga do rapaz, Lina, informou ao jornal El Mundo, os dois estavam se divertindo em uma boate no dia do crime. Foi a segunda noite que a cidade abriu suas casas noturnas até altas horas da madrugada. A testemunha contou que os dois foram para o lado de fora do estabelecimento um pouco antes das 3 horas da manhã, para fumar e fazer uma chamada de vídeo com Vanessa, a namorada de Lina.

Em certo momento, um jovem se aproximou e começou a intimidar a dupla, reclamando por achar que estava sendo filmado. Ele estava acompanhado por uma mulher. Os amigos tentaram explicar o que estava acontecendo, quando o criminoso disparou: “Ou pare de gravar ou mato você, viado”.

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Lina relembrou que Samuel só teve tempo de perguntar “Viado o quê?”, quando foi atacado por um soco forte. A testemunha e uma pessoa desconhecida conseguiram separar os dois, porém, minutos depois, o agressor teria voltado com mais pessoas para continuar a briga. A garota calcula que o grupo seria de 12 agressores. Em seguida, eles teriam espancado a vítima até a morte, enquanto gritavam “viado de merda”. Depois do crime, eles fugiram. As equipes de resgate tentaram reanimar Samuel por duas horas, mas ele não resistiu.

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Samuel foi brutalmente assassinado em um ataque aparentemente homofóbico. (Fotos: Reprodução/ Facebook)

Maxsoud Luiz, pai do rapaz assassinado, escreveu uma carta agradecendo os trabalhadores da saúde “por todo o esforço feito”, e lamentou a perda de Samuel: “Levaram embora a única luz que iluminou a nossa vida. Sabemos que ainda teremos um longo caminho a percorrer; seremos apoiados pela nossa família, amigos e colegas que nos ajudarão a sair deste caminho tenebroso”.

Nenhuma prisão foi confirmada por enquanto, mas a polícia está investigando o caso. José Miñones, representante do governo da Galícia, afirmou que os oficiais trabalharão com “absoluta discrição e sigilo”, sem ainda confirmar ou descartar a hipótese de homofobia. “Estamos em um momento chave em um procedimento normal em que a obtenção de depoimentos e detalhes são muito importantes”, afirmou.

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O crime, ocorrido justamente na Semana do Orgulho LGBTQIA+, causou revolta e reuniu milhares de pessoas em protestos nesta segunda-feira. Os manifestantes gritavam palavras de ordem como: “Não são espancamentos, são assassinatos” e “Eles estão nos matando“. Nas redes sociais, internautas usaram a hashtag #JusticiaParaSamuel para prestar solidariedade ao rapaz. “Espero que a investigação da polícia em breve encontre os autores do assassinato de Samuel e esclareça os fatos. Foi um ato selvagem e cruel. Não vamos dar um passo atrás em direitos e liberdades. A Espanha não vai tolerar isso“, escreveu Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha, em uma rede social.

Protest In Madrid Against Homophobia
Protestos pediram justiça pelo assassinato de Samuel. (Foto: Getty)

A ministra dos Direitos Sociais e secretária geral do partido de esquerda Podemos, Ione Belarra, também deixou uma mensagem de repúdio ao acontecido. “Todo o meu amor e apoio à família e aos amigos de Samuel. E todas as minhas condenações a este crime de ódio. Queremos um país sem violência onde todos se sintam livres por causa de quem são. Que seja feita #JusticiaParaSamuel”, escreveu ela.

Já a ministra da Igualdade, Irene Monteiro, manifestou seu “afeto nestes momentos difíceis”. “Devemos construir uma sociedade mais livre entre todos nós, na qual não deixemos espaço para o ódio”, disse. A organização Avante LGBT+, que convocou as manifestações, clamou nas redes sociais “para se esclarecer se foi um assassinato homofóbico, conforme indicado por testemunhas“.