A britânica Charlotte Golunski, de 36 anos, estava entre as pessoas a bordo do iate de luxo Bayesian, que naufragou na costa da Sicília, na Itália, nesta segunda-feira (19). Em entrevista ao jornal italiano La Repubblica, ela explicou como conseguiu salvar sua filha, Sophia, de apenas um ano, e definiu a tragédia como “o fim do mundo”.
Ao todo, 22 pessoas estavam no Bayesian, que afundou após ser atingido por um tornado, considerado extremamente raro na região. Seis pessoas estão desaparecidas e uma morreu, mas ainda não há informações sobre sua identidade. Além disso, 15 foram resgatadas, incluindo Charlotte, sua filha e o marido, James Emsilie.
A britânica informou que ela e sua família acordaram em meio aos trovões, relâmpagos e ondas. Momentos depois, eles foram jogados no mar. “Por dois segundos, perdi minha filha no mar, mas rapidamente a abracei em meio à fúria das ondas”, recordou. Charlotte explicou, ainda, que usou “todas as suas forças” para manter a filha boiando.
Ela disse ter ficado com os braços estendidos durante todo o tempo para evitar que a bebê se afogasse. Pouco depois, os três conseguiram subir em um bote salva-vidas, que suportou 11 pessoas e foi inflado pelos demais sobreviventes atirados para fora do iate.
“Estava tudo escuro. Eu não conseguia manter os olhos abertos na água. Gritei por socorro, mas tudo que conseguia ouvir ao meu redor eram os gritos das outras pessoas”, relatou a mulher. Ela e sua família passaram ilesos pelo naufrágio e foram levados ao hospital para fazer exames, segundo o site.
James, por sua vez, afirmou que a ansiedade começou com os relâmpagos, e que o capitão do Bayesian resolveu se aproximar da costa. Ele iria baixar a âncora perto do porto por conta da previsão de tempestade. Para o homem, o erro pode ter sido não se abrigar antes dentro do porto, protegido pelas docas. O comandante chegou a disparar um sinalizador pedindo ajuda, “mas já era tarde demais”.
À publicação, o pescador Fabio Cefalù declarou ter visto o momento exato em que o capitão acionou o alarme de emergência. “Pouco depois da passagem do tornado, vimos o sinalizador e saímos ao mar para prestar socorro, mas só vimos os restos do barco flutuando. Não havia homens no mar. Então ligamos imediatamente para o escritório do capitão do porto”, descreveu.
Já ao Corriere Della Sera, Charlotte Golunski deu detalhes sobre a rota do passeio. Conforme o relato, o grupo de convidados do magnata britânico da tecnologia Mike Lynch, dono da embarcação, saiu de Londres para fazer a travessia de barco na Sicília. Todos eram colegas e colaboradores da empresa do bilionário. A viagem passou pelas Ilhas Eólias, Milazzo, Cefalù e seguiria em direção a Palermo, trajeto que acabou bloqueado pelo mau tempo.
Busca por sobreviventes
Outros sobreviventes foram resgatados pela tripulação de um barco próximo, e três deles estavam feridos gravemente. Segundo Karsten Borner, capitão desta outra embarcação, o iate afundou em “alguns minutos”. As buscas continuaram nesta terça (20), de acordo com porta-voz dos bombeiros, Luca Cari.
Três mergulhadores treinados para operar em espaços estreitos desceram com tanques de oxigênio até os destroços do Bayesian. No entanto, devido à profundidade, cada mergulho é limitado a 12 minutos por vez, incluindo dois minutos para descida e subida. Como informado pela Guarda Costeira italiana, o iate foi encontrado a uma profundidade de 49 metros.
Desaparecidos
Além de Lynch, o presidente do Conselho de Administração da Morgan Stanley International, Jonathan Bloomer, e sua esposa também estão entre os desaparecidos. A seguradora britânica Hiscox, porém, não informou os nomes das demais pessoas que estavam a bordo do iate de luxo.
Os promotores na cidade de Termini Imerese, vizinha a Palermo, abriram uma investigação para apurar as causas do naufrágio. Bayesian havia deixado o porto siciliano de Milazzo no dia 14 de agosto e foi rastreado pela última vez a leste da cidade, na noite de domingo (18). De acordo com o aplicativo de rastreamento de embarcações Vesselfinder, o status de navegação do iate estava como “ancorado”.