Nesta quarta-feira (23), a modelo plus size Juliana Nehme fez um longo desabafo nas redes sociais, e afirmou ter sido vítima de gordofobia pela companhia aérea Qatar Airways, no Líbano. No Instagram, a jovem de 38 anos contou que foi impedida de embarcar depois que uma aeromoça disse que ela era “gorda demais”, e exigiu uma passagem na primeira classe da aeronave.
No relato, Juliana contou que estava com a família e deveria pegar uma conexão para Doha antes de voltar para o Brasil. Segundo ela, a passagem custou US$ 1.000 (aproximadamente R$ 6 mil), mas a aeromoça responsável pelo voo explicou que a influenciadora precisaria de uma passagem executiva (no valor de US$ 3 mil – cerca de R$ 16 mil) ou de duas passagens de classe econômica para “caber no assento”.
A jovem ainda revelou que, na ida, viajou com a Air France e não teve problemas. “Estou no Líbano. Vim pela Air France e foi tudo bem no voo! Vim de passagem econômica e não passei por nenhum constrangimento ou assédio. Comprei uma passagem de volta para o Brasil pela Qatar e chegando na hora de fazer o check-in uma aeromoça chamou minha mãe enquanto a moça finalizava tudo e disse pra ela que eu não era bem-vinda para embarcar porque sou gorda. E eles não iam me receber no voo! Só se eu comprasse passagem de primeira classe”, escreveu.
Ela continuou, afirmando que precisou “implorar” para pegar de volta as malas que haviam sido despachadas pela companhia. Ainda segundo ela, a aeromoça reteve as passagens de toda a família: “Ela reteve as passagem da minha mãe, minha irmã, meu sobrinho e a minha! Depois de horas implorando, ela devolveu todas as malas que já tinham sido despachadas alegando que eu teria que comprar classe executiva ou não viajaria. Tentei até o final que me permitissem voar, já que estávamos em 4 pessoas viajando juntas, e ela se recusou a vender a passagem pra mim! Uma passagem que tem um custo de 3 mil dólares pra ser executiva. Eu paguei mil dólares. Fiquei por quase 2 horas implorando pra viajar. Minha mãe tentou de tudo”.
Juliana também disse que foi ameaçada pela funcionária quando começou a registrar o momento. “Fui ameaçada. Ao tentar gravar o que eles estavam fazendo a moça do guichê me empurrou e nada adiantou. Fui amaçada se não parasse de gravar. Eu estou retida no Líbano. Eles queriam que minha mãe fosse embora e me deixasse sozinha aqui. Mas não falo inglês, nem árabe. Ela se recusou. Minha irmã foi com meu sobrinho embora para o Brasil e ficamos aqui”, continuou.
A modelo segue no Líbano com a mãe já que, de acordo com ela, a empresa se recusou a vender uma nova passagem. “Estou tendo gastos com hotel e táxi que não precisava! Não tenho dinheiro para me manter aqui por mais tempo. E eles disseram que eu tenho que pagar outra passagem pra minha mãe e o upgrade da minha pra executiva. Mas ninguém quis me vender! Fui extremamente humilhada na frente de todas as pessoas que estavam no aeroporto! Tudo isso porque sou gorda”, desabafou.
Ao não conseguir uma solução com a companhia aérea, Juliana usou as redes sociais para pedir ajuda: “Que vergonha uma empresa como a Qatar permitir esse tipo de descriminação com as pessoas! Sou gorda, mas sou igual a todo mundo! Não é justo comprar minha passagem e ser humilhada, ameaçada e impedida de voar! Preciso de uma solução urgente!”. Assista:
Em novo relato, a influenciadora contou que tentou comprar outro bilhete, além de pagar a multa por não ter embarcado no dia correto. “Eles disseram que eu não poderia comprar, porque quem comprou pra mim foi a moça da agência de viagem. Só ela teria o direito de comprar pra ressarcir o dinheiro que eu tenho direito, em forma de passagem. Eu liguei e ela disse que a empresa já estava fechada, que teria que esperar até amanhã. Eu já estava desesperada, porque eu não quero mais ficar aqui. Eu já sofri gordofobia de todas as formas no Brasil, mas nunca imaginei passar por isso. Nunca imaginei ser olhada da forma que eu fui, ser maltratada, fazer a minha família passar por algo assim”, disse.
“Eu sempre fui muito realista comigo mesma. Eu sei que sou gorda e atrapalho. Eu falo pra minha mãe”: ‘só vou viajar se você estiver do meu lado’. Se ela ficar do meu lado, infelizmente, eu atrapalho ela. As pessoas olham pra mim como se fosse um monstro. Cada dia parece que a gente está errada. Ser gordo não é brincadeira. Não quero que ninguém passe pelo o que eu passei. Foi horrível. Não sai da minha cabeça aquelas mulheres olhando pra mim como se fosse um monstro“, acrescentou. Confira:
Em comunicado enviado ao hugogloss.com, a companhia aérea se manifestou sobre o caso. “A Qatar Airways trata todos os passageiros com respeito e dignidade e, de acordo com as práticas da indústria e de forma semelhante à maioria das companhias aéreas, qualquer pessoa que impossibilite o espaço de um outro passageiro e não consiga prender o cinto de segurança ou abaixar os apoios de braço pode ser solicitada a comprar um assento adicional tanto como uma precaução de segurança quanto para o conforto de todos os passageiros“, declarou a empresa.
A Qatar ainda afirmou que a modelo teria sido “extremamente rude” com funcionários e que a segurança do aeroporto precisou ser chamada. “A passageira em questão no Aeroporto de Beirute foi inicialmente extremamente rude e agressiva com a equipe de check-in quando um de seus acompanhantes não apresentou a documentação PCR necessária para entrada no Brasil. Como resultado, a segurança do aeroporto foi solicitada a intervir, pois funcionários e passageiros estavam extremamente preocupados com a situação“, relatou.
“Podemos confirmar que a passageira já foi realocada em um voo da Qatar Airways esta noite saindo do Líbano com destino ao Brasil“, encerrou a companhia.