Mulher admite ter forjado próprio sequestro e crime brutal nos EUA, e se manifesta sobre o caso

Sherri Papini disse ter sido vítima de um sequestro que mobilizou o país em 2016… mas tudo não passava de uma farsa

Mulher Sequestro Falso Sherri Papini

No ano de 2016, Sherri Papini disse ter sido sequestrada, agredida e marcada como se tivesse sido mantida em cativeiro por três semanas. No entanto, tudo não passava de uma mentira. Nesta semana, a californiana, atualmente com 39 anos, admitiu que inventou a história. Segundo o BuzzFeed News, ela vai se declarar culpada diante das acusações federais que recebeu.

O falso sequestro

O começo dessa história remonta ao ano de 2016, quando a mulher de 34 anos aparentemente desapareceu depois de uma corrida. Autoridades deram início a uma busca por todos os Estados Unidos atrás da “vítima”. Três semanas depois, Sherri ressurgiu a mais de 200 quilômetros de sua casa. Com o cabelo cortado, toda enrolada em correntes e com o corpo cheio de ferimentos, ela acenou para um motorista na estrada.

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A Justiça chegou à conclusão de que Sherri Papini havia forjado o próprio sequestro. (Foto: Reprodução)

Papini alegou que duas mulheres a sequestraram, o que deu início a uma investigação do caso. Um ano depois, o FBI liberou esboços dos retratos falados de dois “indivíduos desconhecidos” com base no detalhes fornecidos por ela. Mas nada disso, de fato, aconteceu… No mês passado, promotores federais chegaram à conclusão de que Sherri causou os machucados em si mesma, e ao invés de estar num cativeiro, estava na casa de um antigo namorado no Sul da Califórnia.

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Confissão e arrependimento

Sherri Papini foi presa em março deste ano, acusada de mentir para autoridades federais e de cometer fraude, após manter por anos essa história de que teria sido vítima do crime brutal. Um acordo sobre o caso foi anunciado nesta terça-feira (12), no qual a mulher concorda em se declarar culpada em uma acusação de fraude e outra por fazer declarações falsas. Ela ainda aceitou pagar uma restituição de mais de US$ 300 mil (cerca de R$ 1,4 milhão) para o Conselho de Compensação de Vítimas da Califórnia (CalVCB), para a Administração de Seguridade Social, além do FBI e do departamento policial do condado de Shasta, que contribuíram na investigação da farsa.

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Anos após seu falso sequestro mobilizar o país, Sherri Papini concordou em se declarar culpada. (Foto: Reprodução/ABC)

Em um comunicado à publicação, Papini disse estar “profundamente envergonhada” de si mesma. Ela afirmou ter se desculpado com sua família, seus amigos, e “todas as boas pessoas que sofreram sem necessidade por causa da minha história, e aqueles que trabalharam tão duro para me ajudar”. “Eu vou trabalhar pelo resto da minha vida pra compensar tudo o que eu fiz”, declarou ela.

Indenizações e pena

No total, Papini havia recebido 34 acusações de fraude e uma acusação por fazer declarações falsas para autoridades. Os documentos do processo apontam que várias das acusações de fraude dizem respeito aos pagamentos feitos por ela para o terapeuta que estava tratando sua “ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático de seu suposto sequestro”. A acusação pela qual ela vai se dizer culpada é sobre um desses pagamentos.

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Segundo Lauren Horwood, porta-voz da procuradoria dos Estados Unidos, do total das restituições que Sherri terá de pagar, US$ 127,5 mil (R$ 598 mil) são pelos benefícios que ela recebeu da Administração de Seguridade Social, após suas alegações de ser vítima de um crime. Ela também recebeu mais de US$ 30 mil (R$ 140 mil) do Conselho de Compensação de Vítimas, dinheiro usado para comprar novas cortinas em sua casa, para cobrir os custos de ambulância, e os gastos com a terapia.

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Sherri Papini terá de pagar uma restituição pelos benefícios que recebeu e prejuízos dados. (Foto: Shasta County Sheriff)

De acordo com o Departamento de Justiça, Papini pode encarar uma pena de, no máximo, cinco anos de prisão e uma multa de US$ 250 mil por fraude. No acordo estabelecido, o governo recomendou que ela seja condenada “no limite inferior” das determinações de sentença no tribunal.