Mulher descobre que marido é serial killer após 25 anos de casamento e toma decisão

Rex Heuermann é apontado como principal suspeito de do assassinato de pelo menos quatro mulheres

A esposa de Rex Heuermann, homem apontado pela polícia como o serial killer de Long Island, pediu o divórcio. Segundo as autoridades, o arquiteto de 59 anos é o responsável pela morte de pelo menos quatro mulheres em Nova York. Ele foi preso no dia 13 de julho, após quase 13 anos de investigação. Os corpos das vítimas foram encontrados entre 2010 e 2011, e o caso ficou conhecido como “Gilgo Four”. As informações são do The New York Times e ABC.

Segundo a rede ABC, Asa Ellerup acionou a Justiça para colocar um ponto final no casamento com Rex. Logo após a prisão do arquiteto, o advogado de defesa Michael Brown emitiu um comunicado e classificou o cliente como “marido amoroso“, afirmando que ele e Asa estavam juntos há mais 25 anos. No entanto, os familiares destacaram que eles estão “passando por um momento devastador” e que o caso vem custado um “preço emocional“.

Rex se declarou inocente das quatro acusações que enfrenta. (Getty)

Segundo os investigadores, os registros telefônicos indicam que Asa e os filhos de Rex não estavam em casa no momentos dos assassinatos. A polícia ainda apura onde as mortes ocorreram, mas há indícios de que teria sido na residência da família. Segundo as autoridades, todas as vítimas do arquiteto eram mulheres na casa dos 20 anos e trabalhavam como acompanhantes. Ele entrava em contato com elas usando celulares descartáveis.

A prisão e a investigação

Na noite do dia 13 de julho, detetives abordaram Heuermann após ele sair de seu prédio comercial em Manhattan. Os promotores explicaram que o suspeito conseguiu encobrir seus rastros e monitorou de perto a investigação. O promotor Ray Tierney revelou que ao ser detido, Rex disse duas palavras: “surpresa genuína“.

A polícia usou uma sofisticada tecnologia para identificar a localização de celulares descartáveis que o suposto assassino usou para entrar em contato com as mulheres horas antes do desaparecimento delas. Através de mapeamento, eles localizaram a origem das chamadas em uma pequena área onde Rex morava e outra próxima ao seu escritório. Desde 2021, os investigadores conseguiram reduzir a área de busca até sobrar um punhado de casas.

Continua depois da Publicidade

A última das quatro vítimas a desaparecer foi Amber, de 27 anos. Antes de ser vista pela última vez, em setembro de 2020, um provável cliente a visitou em casa em West Babylon. O motorista foi descrito como corpulento, na casa dos 40 anos, com cabelos escuros e espessos, óculos no estilo dos anos 1970 e dirigia um veículo que era SUV na frente, picape atrás. Uma testemunha o descreveu como “um ogro“.

Assim que pagou a Amber pelo serviço, um homem “fingindo ser um namorado indignado” entrou correndo na casa. Era uma cena para roubá-los. O cliente se assustou e saiu correndo, porém não por muito tempo. Mais tarde, ele enviou uma mensagem para Amber pedindo “crédito para a próxima vez” e marcou novo encontro. A jovem foi vista viva pela última vez na noite seguinte enquanto saía de casa, aparentemente para encontrar o mesmo homem.

Polícia encontrou onze corpos na mesma praia em que encontraram as vítimas do suposto serial killer de Long Island. (Getty)

Não muito tempo depois, uma testemunha relatou que viu um caminhão escuro passando na área. No entanto, a descrição do veículo se perdeu entre os arquivos como se fosse uma informação irrelevante. Com a entrada de Tim Sini como novo chefe de polícia de Suffolk, o caso começou a andar. Ele se concentrou em rastrear os celulares descartáveis em busca de mais pistas. Em 2016, ele conseguiu uma ordem judicial para ter informações detalhadas de todos os telefones que se conectavam a torres específicas em uma determinada janela de tempo naquela região.

Uma das primeiras descobertas da polícia foi de que cada uma das mulheres ligou para um celular descartável diferente pouco antes de desaparecer. Assim, os investigadores determinaram que durante o dia de trabalho, alguns destes telefones foram usados em uma área específica do coração de Manhattan, perto da Penn Station. Durante a noite, eles seguiam emitindo sinais na região delimitada.

Continua depois da Publicidade

Em março de 2022, um investigador encontrou a descrição da testemunha sobre o carro no arquivo do caso. A polícia usou um banco de dados para chegar ao Chevrolet Avalanche de Heuermann em 2010, ano em que Costello desapareceu. O nome do dono do carro ainda não tinha surgido na investigação, mas a descrição física batia com o “ogro“. O homem morava no ponto crucial para os investigadores: a área de Massapequa Park.

Heuermann foi indiciado com uma acusação de assassinato em primeiro grau e assassinato em segundo grau em cada um dos crimes. Ele também é o principal suspeito pelo desaparecimento e morte de uma quarta mulher. Na primeira aparição no tribunal de Long Island no dia 14 de julho, ele se declarou inocente e foi detido sem direito a fiança. O arquiteto ainda não foi acusado no caso, mas a investigação “deve ser resolvida em breve”. A próxima audiência está marcada para 1º de agosto.

Um erro

Segundo Tierney, a pista do carro estava lá “desde o início“. O promotor disse que não sabia porque ela foi ignorada, mas sugeriu que talvez o detalhe não tivesse sido considerado confiável ou acabou perdendo a importância em meio ao que pareciam ser indícios mais promissores na época. “Um grande erro foi cometido ao não rastrear este carro antes”, declarou Rob Trotta, ex-detetive de Suffolk.

Quando os investigadores conseguiram conectar o veículo a Rex, a investigação entrou em uma fase crítica porque havia se passado muito tempo e os dados de localização precisos do celular dele não existiam mais. Contudo, os registros de cobranças mostraram que a localização geral do telefone quando as ligações haviam sido feitas estava posicionado em Nova York na mesma época em que ligações cruéis e insultuosas foram feitas a Melissa Barthelemy. Ela foi mais uma vítima do arquiteto.

DNA

Quando o caso começou a ser investigado, cerca de cinco fios de cabelo foram colhidos das vítimas. Os fios estavam presos à manta ou à fita adesiva que estava envolvendo elas. Na ocasião, foram considerados inadequados para análise de DNA. Mas a ciência forense evoluiu e nos últimos três anos, dois laboratórios conseguiram extrair dados do DNA daquelas amostras. Três delas eram provavelmente da esposa do suposto assassino, mas uma tinha quase cem por cento de chances de ser dele.

Para completar o quebra-cabeça, a polícia precisava de material genético de Heuermann. Foi quando em julho de 2022, um detetive disfarçado vasculhou seu lixo reciclado em busca de garrafas vazias. Em janeiro, o suspeito jogou uma caixa de pizza na lata de lixo que fica na calçada à frente de seu escritório em Manhattan. Nas crostas deixadas para trás a polícia conseguiu o que precisava.

Os policiais acreditavam que já tinham evidências o suficiente para apontar Rex como o serial killer de Long Island, mas acabaram descobrindo outra coisa no computador do arquiteto. Ele estava fazendo pesquisas na internet em busca de informações sobre o que os investigadores estavam fazendo. As buscas, vinculadas às suas contas anônimas, incluíram mais de 200 consultas nos últimos dezesseis meses sobre serial killers em geral e a investigação sobre as vítimas de Gilgo Beach.

O crime

A suspeita de que um serial killer estava agindo em Long Island surgiu em dezembro de 2010, quando um policial e seu cão tentavam encontrar Shannan Gilbert, de 24 anos, que tinha sido dada como desaparecida em Long Island. Ela trabalhava como garota de programa e sumiu enquanto visitava um cliente em Oak Beach, um condomínio fechado perto da praia. No entanto, a dupla encontrou quatro corpos na praia de Gilgo.

Rex é indiciado pela morte de três mulheres e suspeito de matar uma quarta vítima. (Suffolk County Police Department)

Na época, os corpos foram achados próximos um do outro e embrulhados em vários tecidos, mas nenhum era o de Shannan. Os assassinatos pareciam ter ligação, já que todos os cadáveres eram de mulheres na casa dos 20 anos e haviam desaparecido nos quatro anos anteriores. Assim, os investigadores presumiram que elas foram mortas pela mesma pessoa, principalmente pelo jeito como os corpos foram “embrulhados” e a proximidade um do outro.

Em 2011, as vítimas foram identificadas através de DNA, sendo elas Amber Lynn Costello, Megan Waterman e Melissa Barthelemy. Ele está sendo indiciado pela morte delas e é suspeito pelo assassinato de Maureen Brainard-Barnes.  Em 2011, os restos mortais de Valerie Mach, de 24 anos, foi encontrado.

Apenas em dezembro daquele ano, os restos de Shannan foram encontrados. Mas na época, a polícia não acreditava que sua morte estava ligada ao serial killer. A família dela discordou e exigiu a divulgação de novas provas, mas a investigação ficou anos sem muito avanço. Naquele ano, onze corpos foram encontrados no meio da vegetação ao redor da praia de Gilgo.

Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques