Dois policiais de Ohio, nos Estados Unidos, estão sob investigação depois que uma testemunha filmou um deles agredindo uma mulher negra enquanto fazia uma prisão. O vídeo veio à tona, nesta terça-feira (17), através das redes sociais, e mostra um oficial socando repetidamente a senhora. Segundo os relatos, a confusão teria começado por causa de um erro em uma entrega do McDonald’s.
Ryan Julison, um dos representantes da mulher – identificada pelo escritório de seu advogado como Latinka Hancock – disse ao The Daily Beast em uma declaração por escrito que o incidente aconteceu depois que ela recebeu um pedido incorreto do McDonald’s. Julison narrou que Latinka tentou corrigir o problema com os funcionários do restaurante, que acabaram chamando a polícia. “Quando Hancock estava saindo do restaurante, os policiais de Butler Township a confrontaram e, durante o incidente, ela levou vários socos na cabeça, levando-a ao hospital, onde foi diagnosticada com um ferimento na cabeça”, acrescentou.
No vídeo, dois policiais podem ser vistos na frente de sua viatura em um estacionamento enquanto se movimentam para conter a mulher. No início da filmagem, que não tem som, Hancock fala com os policiais enquanto tenta afastá-los. Um policial à esquerda – identificado pelo chefe de polícia de Butler Township, John Porter, como Tim Zellers – parece estar apontando uma arma de choque em sua mão direita para Hancock. Enquanto isso, o outro profissional – identificado como sargento Todd Stanley – segura seu braço e ombro. A certa altura, Hancock parece acenar com as mãos e Stanley dá vários socos no rosto dela até que ela cai no capô da viatura. Assista:
Durante uma coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (18), Porter disse que Stanley foi colocado em licença administrativa remunerada enquanto o departamento conduz uma investigação. Ele afirma que o setor recebeu muitos e-mails e mensagens de ódio sobre o incidente, mas observou que “alguns dos dias de folga [de Stanley]” fazem parte da licença.
“A investigação administrativa incluirá entrevistas e depoimentos de todas as testemunhas possíveis, além de quaisquer outros policiais envolvidos”, disse ele. “Se a conduta imprópria for encontrada como resultado da investigação, as conclusões vão abranger uma recomendação para ação disciplinar”, esclareceu o chefe de polícia.
Conforme informado pelo canal local WHIO-TV, Hancock foi acusada de não fornecer identificação e de resistir à prisão. Seu advogado, Michael Wright, classificou o incidente como “um dia incrivelmente triste quando a vida [da minha cliente] foi revirada por causa de um pedaço de queijo”. Ele continuou: “O McDonald’s deveria ter vergonha de recorrer a chamar a polícia por causa de um desentendimento por causa de um pedido que eles erraram. Se eles não conseguem gerenciar o atendimento básico ao cliente e agora optam por potencialmente colocar a vida de uma pessoa em risco por causa de um Big Mac, não parece mais seguro para os negros irem comer no McDonald’s”.
“O sargento Stanley merece ser demitido e acusado de agressão com sua ultrajante reação exagerada”, descreveu Wright. “A maneira como ele lidou com a Sra. Hancock foi desprezível. Ele não foi humano com ela. Dar um soco no rosto dela é absolutamente ridículo. Esses oficiais, e especialmente Stanley, não pertencem à polícia. Ele pertence atrás das grades”, finalizou.
Latinka Hancock dá sua versão
Em uma coletiva de imprensa, Latinka compartilhou sua história publicamente pela primeira vez. Ela disse que pediu o Big Mac com queijo extra no drive-thru, porém, percebeu que o queijo não havia sido colocado, embora tivesse pago os 30 centavos extras. Hancock, então, foi até a loja e o gerente concordou em consertar o erro, contudo, a cozinheira disse que ela precisaria pagar os 30 centavos novamente.
Ela disse que discutiu com a profissional e mostrou o recibo do pedido. A cozinheira ficou nervosa e pediu para que ela se retirasse. A mulher seguiu para o estacionamento quando a polícia a confrontou. “Eu sabia que ia ser atacada? Não”, disse, explicando por que permaneceu no local. “Quase perdi minha vida com isso”, afirmou. Hancock pensou que poderia viver uma situação parecida com a de George Floyd, morto asfixiado por um policial em 2020: “Não vou ser George Floyd, você não vai me derrubar”.
Policiais dão depoimento
Em seu relatório, o sargento Todd Stanley disse que Latinka estava saindo de sua vaga de estacionamento no McDonald’s quando eles chegaram. O policial alegou que sentiu cheiro de álcool no hálito da mulher. Segundo ele, quando questionada sobre a carteira de motorista, Hancock disse que não tinha e se recusou a fornecer sua identificação.
“Tentei explicar que meu desejo era dar a ela o aviso de invasão e que ela fosse embora. Ela ainda recusou”, escreveu Stanley, segundo o Dayton Daily News. Ele continuou: “Você vai tornar isso mais difícil do que deveria ser”. Nas imagens da câmera corporal, Hancock pode ser vista gritando, e Stanley comenta que ela está complicando a situação. Embora a mulher tenha dado seu sobrenome, ela se recusou a fornecer mais. Por fim, os policiais decidiram por sua prisão.
De acordo com os profissionais, Hancock resistiu à prisão, levando a uma luta e Zeller ameaçando usar uma arma de choque nela. O sargento alegou que não achava que o taser funcionaria no casaco de Hancock, então ele “usou sua mão direita e um golpe de palma da mão aberta” para atingi-la no lado direito do rosto perto de sua boca.
Segundo o relatório, a boca da mulher começou a sangrar e um médico foi chamado para limpar o ferimento, classificando-o como superficial. Depois de fornecer sua identificação, a polícia disse que Hancock não tinha carteira de motorista válida e também que encontrou um recipiente aberto com álcool no banco da frente do veículo. Ela foi acusada de resistir à prisão e não divulgar informações pessoais.
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