Saiba como irmã mais velha salvou bebê dos destroços do avião na Colômbia; assista

Para o Fantástico, da TV Globo, parentes das crianças deram detalhes do tempo que elas ficaram na mata

Familiares das quatro crianças resgatadas na última sexta-feira (9) deram detalhes dos desafios que elas enfrentaram enquanto estavam perdidas na mata. Neste domingo (11), parentes das crianças e o comando das buscas conversaram com o Fantástico e contaram como a irmã mais velha do grupo conseguiu mantê-los vivos. Lesly, de 13, Soleiny, de 9, Tien, de 4 e a mais nova, Cristin, que completou 1 ano na selva, ficaram 40 dias perdidos na Amazônia colombiana depois de um acidente aéreo.

Sergio París Mendoza, diretor da Autoridade Aeronáutica Civil da Colômbia, revelou que as crianças mais velhas precisaram mover o corpo da mãe, vítima do acidente, para conseguir tirar Cristin dos destroços. “A criança indígena, mais velha, conseguiu ver o movimento dos pés da bebê, e a tirou. Estava entre o corpo da mãe e do piloto. E deixaram a aeronave”, contou. “Infelizmente, a cadeira onde a mãe estava se desprende com o impacto e cai contra o corpo do piloto. A cadeira onde estava a filha maior e os menores atrás está absolutamente intacta, não se desprendeu”, acrescentou.

A irmã mais velha percebeu os pés da caçula se movendo entre a mãe e o piloto. (Foto: Reprodução/TV Globo)

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Manuel Ranoque, pai das crianças, que não estava na aeronave, disse que a mãe delas ficou viva por quatro dias após a queda. “A menina me contou que a mãe esteve quatro dias viva. Antes de morrer, a mãe lhes disse: ‘vão embora‘”, detalhou. Pedro Sanchez, general que comandou a Operação Esperança, explicou que elas se alimentaram inicialmente com três quilos de farinha de mandioca que havia no avião, depois ficaram à base de frutas silvestres.

Durante as buscas, que contou com militares e indígenas, as autoridades usaram mensagens gravadas pela avó em espanhol e na língua uitoto. “Fiquem parados porque o Exército está buscando vocês“, dizia o recado gravado pela avó materna, Maria de Fátima Valencia. No entanto, Fidencio Valencia, tio-avô dos sobreviventes, revelou que o grupo continuou caminhando pela mata porque sentiu medo. “Elas contaram que tiveram muito medo, muito medo. Escutavam o helicóptero, escutavam as buscas, escutavam os áudios enviados pela minha irmã”, disse o irmão de Maria de Fátima.

Elas sobreviveram comendo frutas silvestres, bebendo água, mas com o tempo foram se sentindo muito frágeis. E foi assim que elas decidiram parar. Quando tentavam caminhar, já não conseguiam mais seguir adiante. E foi por isso que conseguiram encontrá-las“, completou Fidencio. “Ela conhece as frutas silvestres, conhece os tubérculos, conhece os vegetais. Ela sabe tudo“, explicou Narciso Mucutuy Andóque, avô das crianças, que desde sempre apostou que Lesly saberia sobreviver na selva.

Giovanni Yule, líder indígena que ajudou a organizar as buscas pelas crianças, disse que a garota era uma heroína. “Podemos dizer que a menina, a mais velha, é uma heroína, porque foi capaz de cuidar e proteger seus irmãozinhos”, declarou Yule. “Conseguimos unir toda força e todo conhecimento dos militares, a força e o saber ancestral de nosso anciões, de nossos antepassado, de nossa guarda indígena. O que acontece é que fizemos um grande exercício de união espiritual”, completou.

Os irmãos foram encontrados desnutridos, mas estão fora de perigo. O quadro é bom e eles devem permanecer no hospital durante duas ou três semanas, de acordo com os médicos. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, comemorou o resgate. “Um exemplo de sobrevivência total que ficará na história. Essas crianças são hoje, as crianças da paz e as crianças da Colômbia“, declarou. Ele visitou o hospital militar onde elas estão internada após o resgate. Assista à íntegra:

O acidente

O avião que transportava as crianças caiu em 1º de maio. A família estava indo encontrar o pai das crianças, Manuel Ranoque, e pousaria em San José del Guaviare. Ele estava longe dos filhos porque precisou fugir de ameaças de grupos armados ilegais e só entrou em contato no dia da queda do monomotor. De acordo com o jornal El Pais, o objetivo era fazer o reencontro e partir para Bogotá para recomeçar a vida.

Segundo as investigações preliminares, o avião estava a 50 metros do solo quando atingiu árvores e caiu. A aeronave só foi encontrada 15 dias depois junto com os corpos do piloto, Hernando Múrcia Morales, o ativista indígena Hermán Mendonza Hernandez e de Magdalena Mucutuy, mãe das crianças.

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