Sonya Massey, de 36 anos, foi fatalmente baleada por um policial em sua residência em Illinois, nos Estados Unidos, após ter ligado para o 911. O caso ocorreu em 6 de julho, mas as filmagens das câmeras corporais dos policiais foram divulgadas pela polícia estadual somente nesta segunda-feira (22).
Na gravação, é possível ver toda a ação, que chocou o país. Sonya, que morava em Springfield, a cerca de 322 quilômetros de Chicago, havia ligado para o número de emergência para denunciar um suposto intruso.
Dois policiais – um deles identificado como Sean Grayson – responderam ao chamado por volta da 1h (horário local). Massey demorou aproximadamente três minutos para abrir a porta após a chegada das autoridades e imediatamente declarou: “Não me machuquem”.
Após entrar na residência de Sonya, os agentes procuram pelo suposto invasor, mas não encontraram ninguém no terreno e nem na casa. Na entrada, da casa, eles encontraram uma SUV preta com os vidros quebrados, mas Sonya não soube identificar a quem o carro pertencia. Ainda de acordo com relatos, ela também “parecia confusa” enquanto conversava com os policiais e repetiu algumas vezes que precisava de ajuda.
Durante a interação, os policiais requisitaram um documento de identificação e entraram na residência para que ela pudesse encontrar o documento. Já no interior da casa, os policiais começaram a perder a paciência quando Massey demorou para vasculhar a bolsa à procura da identidade, necessária para que eles completassem um relatório antes de deixar o local.
O agente Sean Grayson, então, viu uma panela sobre uma chama no fogão e apontou para o local. Ela e Grayson parecem rir sobre sua panela de “água fervendo”, antes de ela dizer: “Eu te repreendo em nome de Jesus”.
Quando Sonya passou a manusear o objeto, a situação ficou tensa. “É melhor você não fazer isso ou eu juro por Deus que vou atirar no seu rosto”, disparou o policial. Na sequência, Sean puxou a pistola 9mm e exigiu que ela soltasse a panela. Sonya se abaixou e se levantou brevemente, mas o movimento fez com que o policial puxasse o gatilho. Três0 disparos a atingiram, um deles na cabeça.
Segundo informações da Globonews, a câmera corporal de Sean estava desligada durante toda a ação. Os registros são do colega do acusado. Assista:
Mulher negra é morta a tiros nos EUA após ligar para a emergência pic.twitter.com/ONBg4MBDAU
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) July 24, 2024
Pelas imagens, é possível ver que uma mureta separava Grayson, que estava na sala de estar, de Sonya, que estava na cozinha, no momento dos disparos. Segundos os promotores, a separação dava ao policial tanto “distância quanto cobertura relativa” da mulher e da panela de água quente.
A acusação mostrou, ainda, que após atingir a vítima, Sean desencorajou seu colega de pegar um kit médico para auxiliá-la. “Você pode pegar, mas é um tiro na cabeça. Não há nada que você possa fazer, cara”, disse ele ao outro agente. Observando que Massey ainda estava respirando, ele cedeu e disse que também pegaria seu kit. “Podemos pelo menos tentar parar o sangramento”, declarou o segundo policial.
Um segundo time de agentes chegou mais tarde e Grayson deu sua versão do episódio: “Ela tinha água fervente e veio até mim, com água fervente. Ela disse que ia me repreender em nome de Jesus e veio até mim com água fervente”.
A acusação apontou que Sonya Massey se submeteu a tratamentos para problemas de saúde mental pouco antes do assassinato. Ele destacou, ainda, que ela invocou o nome de Deus desde a chegada dos policiais em sua residência e pediu sua Bíblia depois que os agentes entraram no local.
Sean Grayson foi indiciado por homicídio em primeiro grau, agressão agravada com arma de fogo e má conduta oficial por um júri de Illinois. Ele se declarou inocente das acusações. Ele foi detido semana passada e segue preso na Cadeia do Condado de Sangamon. Caso condenado, ele poderá enfrentar uma pena que varia de 45 anos de prisão perpétua por homicídio, de 6 a 30 anos por agressão, e de 2 a 5 anos por má conduta.