Pelo menos 78 pessoas morreram após uma balsa superlotada virar no Lago Kivu, no leste da República Democrática do Congo, nesta quinta-feira (3). O acidente ocorreu a cerca de 700 metros da costa de Goma e foi filmado por passageiros de outro barco.
A embarcação partiu da cidade de Minova e se dirigia a Goma. O governador da província de Kivu do Sul, Jean Jacques Purisi, afirmou à Reuters que havia 278 passageiros a bordo, sendo que 60 foram resgatados com vida. “Levará pelo menos três dias para obter os números exatos, porque nem todos os corpos foram encontrados”, disse Purisi.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que a balsa começa a inclinar para o lado antes de naufragar. Testemunhas que estavam próximas ao local relataram a cena de desespero, com passageiros se jogando na água na tentativa de escapar. Veja o momento:
Sobreviventes do acidente foram levados ao hospital Kyeshero, em Goma, para tratamento. Entre eles, Neema Chimanga relatou o desespero a bordo. “Vimos o barco começar a encher de água na metade do caminho. A porta do barco se abriu e tentamos fechá-la, mas já era tarde”, contou. “Eu me joguei na água e comecei a nadar. Não sei como consegui sair”, disse, ainda em choque.
Já Alfani Buroko Byamungu, de 51 anos, disse à Reuters que as condições da água pareciam calmas na hora do acidente. “Eu vi pessoas afundando, muitos foram para o fundo. Eu vi mulheres e crianças afundando na água, e eu mesmo estava à beira de me afogar, mas Deus me ajudou”, contou ele ao veículo.
As causas do naufrágio estão sendo investigadas, mas superlotação e falta de medidas de segurança são fatores recorrentes em tragédias desse tipo no Congo. Bahati Selemani, que participou das operações de resgate, contou que o barco estava claramente sobrecarregado e enfrentou fortes ondas. “O barco começou a virar aos poucos. Aqueles que estavam na parte superior começaram a se jogar no lago, e o barco afundou por completo”, disse ele à Associated Press.
Segundo a agência, a tragédia ocorre em meio a conflitos constantes entre forças armadas e rebeldes na região, que tornaram intransitáveis as estradas entre Goma e Minova. A situação de insegurança fez com que comerciantes e viajantes recorressem ao transporte fluvial no Lago Kivu, apesar dos riscos evidentes. “Tudo isso é consequência da guerra”, disse Mushagulua Bienfait, que perdeu três familiares no acidente. “Eles não fazem mais um esforço para eliminar os inimigos da estrada para que ela possa se tornar operacional novamente”, acrescentou.
As autoridades locais prometeram ações para responsabilizar os envolvidos e melhorar as condições de navegação na região. Jean-Jacques Purusi, governador da província de Kivu do Sul, afirmou à AP que “estabeleceremos responsabilidades e colocaremos em prática um regime de sanções, mas também recomendações para melhorar a navegação no lago”. Ele destacou que o barco não tinha coletes salva-vidas e estava superlotado. Além disso, uma tempestade que atingiu a área na manhã do acidente pode ter contribuído para a tragédia. Equipes de resgate continuam procurando por corpos no lago.
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