A Espanha enfrentou nesta semana a pior inundação em mais de cinco décadas. O desastre já contabiliza 205 mortes e dezenas de desaparecidos. Entre as vítimas estão Lourdes María García Martín e sua filha de três meses, Angeline. Ambas perderam a vida após serem arrastadas pelas águas em Paiporta, Valência. Antes da tragédia, Lourdes ligou para uma amiga, pedindo que cuidasse de seus outros filhos: Bajix, de 13 anos, e Sofía, de 10.
Na ligação, Lourdes prometeu a Clara Andrés que resistiria o máximo possível para não ser levada pela enxurrada. Todavia, naquele momento, Lourdes já estava no teto do carro junto com o bebê. Seu marido e pai de sua filha, Antonio Tarazona, havia sido arrastado pela enchente e perdido as duas de vista.
Lourdes era dona de casa, nascida na Venezuela e radicada em Valência há cinco anos. Ela e a filha tiveram a morte confirmada na noite de quarta-feira (30), após horas de buscas, quando foram encontradas no carro. Segundo Clara, a última ligação que recebeu da amiga foi às 20h50. “Ela me disse que resistiria o máximo possível e que, por favor, eu cuidasse dos outros dois filhos”, contou ela ao jornal espanhol El Mundo.
Clara caminhou seis quilômetros, de sua casa em Torrent até a casa da família, em Paiporta, para buscar os dois filhos mais velhos de Lourdes. Os jovens passaram boa parte da noite sozinhos, sem luz ou sinal de telefone. Já Antonio conseguiu ser resgatado com apenas uma lesão no joelho. Ele entrou em contato com Clara para contar o que aconteceu na noite da enchente. Antonio foi arrastado pela água até conseguir se segurar em um pedaço de ferro, onde aguardou o socorro.
“Ele me disse que a corrente o puxou para baixo; era uma corrente infernal (…) Lourdes estava com o bebê no carro e conseguiu subir no teto [do carro], mas não sabemos mais nada sobre elas [depois disso]. A água avançava sobre elas”, relatou Clara.
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