Beyoncé explica ausência de clipes em “Renaissance” e “Cowboy Carter”, e revela aposentadoria de “diva pop”

Em raríssima entrevista à GQ, a cantora também refletiu sobre a mudança em seu estilo de vida e como seu corpo foi se adaptando a ele

Capa da edição de outubro da revista GQ, Beyoncé refletiu sobre as mudanças que vem atravessando ao longo do tempo. À publicação, divulgada nesta terça-feira (10), a cantora explicou o novo estilo de vida que tem levado e a adaptação de seu corpo a ele. A estrela também mencionou a importância de “Renaissance” e “Cowboy Carter” em sua discografia, explicando por que não lançou nenhum videoclipe dos trabalhos. A recordista do Grammy ainda listou os artistas que mais tem ouvido no momento e seu desenvolvimento como mulher de negócios.

Segundo Beyoncé, ela está aproveitando melhor o tempo para cuidar de si mesma. “Na maioria dos dias, tento acordar por volta das 6h da manhã, para conseguir uma ou duas horas de trabalho antes que as crianças acordem. Sendo mãe enquanto trabalho, sigo em frente, abraçando a beleza e o caos de tudo isso”, afirmou.

“Tenho tentado me concentrar em minha saúde, tomando meus suplementos e comendo de forma muito leve. Deixei de comer carne, com exceção do peru, neste verão. Estou tentando reunir forças para me exercitar, mas hoje não consigo. Talvez amanhã”, brincou. As mudanças vêm após 30 anos de carreira, e cinco anos de trabalho árduo com os lançamentos dos dois discos recentes.

“Eu crio no meu próprio ritmo, em coisas que espero que toquem outras pessoas. Espero que meu trabalho incentive as pessoas a olharem para dentro de si mesmas e chegarem a um acordo com sua própria criatividade, força e resiliência. Eu me concentro em contar histórias. Não estou focada em perfeccionismo. Eu me concentro em evolução, inovação e mudança de percepção”, explicou a artista.

Beyoncé aproveitou o tema para esclarecer sua ausência em alguns eventos da indústria, apesar do destaque nas paradas: “Trabalhar na música para ‘Cowboy Carter’ e lançar este novo projeto emocionante não parece uma prisão, nem um fardo. Na verdade, eu só trabalho no que me liberta. É a fama que às vezes pode parecer uma prisão. Então, quando você não me vê em tapetes vermelhos, e quando eu desapareço até ter arte para compartilhar, é por isso”.

Beyoncé para a capa da revista GQ (Foto: Bryce Anderson/Instagram)

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Diva pop aposentada

Na conversa, a cantora falou sobre até quando tentará manter o corpo fitness e a possibilidade de se aposentar um dia. “Tenho submetido meu corpo a extremos por várias décadas. Sempre me esforcei para ter o mesmo desempenho dos meus atletas favoritos em minhas turnês, exceto em cristais bordados e saltos altos”, comparou. De acordo com Beyoncé, o seu lado diva pop já foi aposentado.

“Minha lesão no joelho foi uma oportunidade de transição para uma nova pessoa. Eu me aposentei da fórmula da estrela pop há muito tempo. Parei de focar no que é popular e comecei a focar nas qualidades que melhoram com o tempo e a experiência. Boa música e mensagens fortes nunca se aposentarão”, garantiu.

As crenças de Beyoncé, contudo, já estavam se fortalecendo na produção do álbum “4” (2011), tachado pela crítica como “anti-pop”. “Eu não diria que eu era anti-pop. Eu respeitava o pop. Mas era uma época em que todo mundo estava fazendo pop/dance music. E o R&B e soul estavam se perdendo. Era popular e divertido, mas não era minha praia. Não era para onde eu estava indo com minha carreira musical naquela época. Eu ansiava por algo mais profundo com mais musicalidade. Foi quando lancei ‘1+1’ e ‘Love On Top'”, recordou sobre as faixas que viraram hits.

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Ausência de clipes

Há dois anos, a artista saía em turnê do sétimo disco de sua carreira, “Renaissance”. O projeto ganhou uma parte dois, mais voltada para o estilo country, com “Cowboy Carter”, e ainda terá um encerramento da trilogia. Os fãs, por sua vez, notaram uma mudança no trabalho de Beyoncé, que optou por não fazer videoclipes para as faixas. A artista, que em 2013, parou o mundo ao lançar de supresa, um álbum-visual, com clipes para todas as canções, explicou a ruptura nos dois últimos trabalhos.

“Achei importante que, durante uma época em que tudo o que vemos são visuais, o mundo pudesse se concentrar na voz. A música é tão rica em história e instrumentação. Leva meses para digerir, pesquisar e entender. A música precisava de espaço para respirar por si só”, opinou.

“Às vezes, um visual pode ser uma distração da qualidade da voz e da música. Os anos de trabalho duro e detalhes colocados em um álbum que leva mais de quatro anos! A música é o suficiente. Os fãs de todo o mundo se tornaram o visual. Todos nós ganhamos o visual na turnê. Então, ganhamos mais visuais do meu filme”, ressaltou a diva.

Beyoncé na turnê de “Renaissance”, a primeira parte da trilogia de discos que revisita raízes (Foto: Getty)

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Inspirações do momento

Influência para muitos artistas, seja da música ou cinema, Beyoncé confessou que também tem seus favoritos. “Eu amo e respeito todas as cantoras e compositoras que estão por aí agora. Raye, Victoria Monét, Sasha Keable, Chloe x Halle e Reneé Rapp. Eu amo Doechii e GloRilla, e acabei de ouvir That Mexican OT, ele é de Houston. Ele se esforça muito! Eu realmente gosto de ‘Please Please Please’, de Sabrina Carpenter, e acho que Thee Sacred Souls e Chappell Roan são talentosas e interessantes”, listou.

“Mas a verdade é que passo a maior parte do meu tempo ouvindo os clássicos, como Stevie Wonder, Marvin Gaye e músicas de artistas da gravadora Stax. Acabei de assistir ao documentário. É muito bom! Recomendo muito. O melhor filme que vi este ano foi ‘Divertida Mente 2’. Acho brilhante, e atualmente estou assistindo a ‘House of the Dragon’ e ‘The Chi'”, completou Queen B.

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Mulher de negócios

Beyoncé também tem investido no seu lado empreendedora com o objetivo de deixar um legado. Ela está à frente da linha para cabelos Cécred e, agora, com SirDavis, uma marca de whisky em homenagem aos seus descendentes. “Estou aqui para mudar a velha narrativa. Estou aqui para focar na qualidade. Nós levamos nosso tempo, fizemos nossa pesquisa e conquistamos respeito por nossa marca. Tento escolher integridade em vez de atalhos. Aprendi que o verdadeiro sucesso não é se apoiar em um nome. É criar algo genuíno, algo que possa se manter. Não é ser perfeito. É ser revolucionário”, destacou a cantora sobre seus novos empreendimentos.

Ela ainda apontou o que a motivou a entrar nos ramos de beleza e bebidas. “Fico animada com amor, legado e longevidade. Eu amo o que estou tentando criar por amor. Estou descobrindo que o legado é o denominador comum em todos os negócios que fiz (…) Meus sonhos, minhas paixões, minhas habilidades, meus medos, meus traumas, meus padrões, estão todos conectados aos meus ancestrais. Eles são parte de mim e eu deles. E estou honrada em compartilhar o legado da minha família”, concluiu Beyoncé.

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