Bombou! Conheça o Bardcore, gênero que transformou hits pop de Gaga, Shakira e Rihanna em canções medievais, e estourou durante a pandemia

A pandemia despertou não só a nostalgia das pessoas por coisas antigas, como relembrou tempos difíceis, de pragas e caos… mas junto com as memórias de ~ outrora ~, veio também a música! Desde o final de abril, uma nova moda ganhou força na internet: releituras de músicas contemporâneas, na versão medieval. O gênero, chamado “Bardcore” (da palavra céltica “bard”, que significa “poeta”, ou “contador de histórias”), tem milhões de visualizações no YouTube, artistas famosos, como Cornelius Link e Hildegard von Blingin’, e covers de Lady Gaga, Radiohead, Rihanna, Shakira, The Weeknd, e o que mais você imaginar — ao som de alaúdes, violinos e harpas!

De acordo com o The Guardian, no dia 20 de abril, Cornelius Link fez o upload no YouTube de sua versão Bardcore do hit “Astronomia”, de Tony Igy — a música do meme do caixão. O cover de Link, um web developer alemão de 27 anos, virou um meme por si só — a versão “taverna” tem cerca de 2,8 milhões de views. Confira abaixo:

 

Esse foi o ponto de partida pra que ele lançasse outros covers, que também fizeram sucesso. “Pumped Up Kicks”, do Foster The People, alcançou 4 milhões de visualizações — algo que, às vezes, nem artistas conhecidos conseguem! Assim, o gênero foi criado. Foi a vez de Hildegard von Blingin’ surgir na cena — dessa vez, adicionando letra à melodia. A cantora fez a sua própria versão de alguns covers medievais que Cornelius Link já havia interpretado, e ao cantar, mudou um pouco a letra, para que as palavras estivessem de acordo com a época medieval. Por exemplo, em “Pumped Up Kicks”, ao invés de cantar “Mais rápido que minha arma”, ela pronuncia “Mais rápido que meu arco”. A música tem quase 5 milhões de visualizações.

Além do sucesso de Foster The People, Hildegard também já deu toque Bardcore para “Bad Romance”, de Lady Gaga, “Jolene”, de Dolly Parton, “Creep”, de Radiohead, “Somebody That I Used To Know”, de Gotye, e “What Is Love”, do Haddaway. Ao todo, ela soma mais de 16,6 milhões de views, e 585 mil inscritos em seu canal, que começou a postar as canções há apenas um mês no YouTube.

A pandemia do coronavírus pode ter influenciado para que o gênero musical tenha se espalhado com tanta rapidez. Como Hildegard apontou para a i-D, muitos dos jovens artistas produzindo este tipo de covers passaram a ter “bastante tempo livre” nos últimos tempos, com a quarentena. “Muitos de nós perderam seus empregos no início da pandemia, e têm muito tempo livre. Isso significa que mais [pessoas] estão fazendo música e investindo em passatempos que, de outro modo, nós não teríamos tempo, e mais pessoas estão entrando no YouTube e  emoutras redes sociais para conexão e distração”, analisou. De acordo com a i-D, em apenas uma semana no mês de junho, aproximadamente 100 covers medievais de músicas pop apareceram no YouTube. No Reddit, há um sub-fórum sobre Bardcore com mais de mil leitores.

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No entanto, os covers medievais já rondam a internet há mais tempo. Anos antes de Cornelius e Hildegard surgirem, Algal The Bard já arrasava fazendo sua versão medieval de “Toxicity”, do System of a Down — a música tem 3,5 milhões de views. Com o estouro do Bardcore, Algal voltou a investir no gênero, lançando também sua versão de “Nothing Else Matters”, do Metallica, e “Somebody To Love”, do Queen.

Sam Ord, de 27 anos, também faz parte da “comunidade Bardcore” e já lançou sua versão medieval de sucessos como “Wrecking Ball”, de Miley Cyrus, e “Heaven Knows I’m Miserable Now”, do The Smiths. Ele deu sua definição do gênero musical à i-D: “Ridículo, mas ainda lindo. Em tempos como esse, eu acho que as pessoas estão procurando por uma boa risada, e por alguma razão, transformar músicas modernas no estilo medieval consegue fazer as pessoas sorrirem, mesmo que seja por três minutos. Eu acho que dá uma animada, e todos nós precisamos disso no momento”. Um comentário deixado em um vídeo de Ord também oferece uma explicação sobre a popularidade do estilo: “O Bardcore se tornará [algo real] porque parece que nós estamos entrando em novos tempos sombrios”. 

De acordo com a musicóloga Dr. Lisa Colton, a nostalgia com certeza é um elemento do Bardcore. Além disso, ela sugeriu que o charme do gênero é que os criadores não se levam muito a sério. “Eles não estão tentando fazer uma recriação autêntica do que uma música medieval [realmente era]. O que eles fizeram necessita de habilidades musicais, assim como habilidades tecnológicas, e eu me atrevo a dizer, é melhor do que quando, 14 anos atrás, Sting lançou um grande álbum de covers do músico da Renascença inglesa, John Dowland, que foi… razoavelmente insuportável. Quando um artista moderno faz isso com muita seriedade e sinceridade, é meio irritante, mas quando é feito por alguém de uma maneira divertida e interessante, você se concentra na criatividade”, analisou. Ah, se é criativo!

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Então pega o seu canecão e se prepara para dançar a noite toda na taverna, porque tem cover medieval que não acaba mais! Kkkk Confira: