Hugo Gloss

Entrevista: Lukas Graham fala sobre sucesso de “7 Years” e parcerias com Adele, Bruno Mars e Ed Sheeran

Sabe aquelas músicas que você escuta pela primeira vez, ama e não consegue mais parar de ouvir? Elas ficam grudadas pra sempre em nossas cabeças até a gente enjoar, né? Pois é, quem já ouviu o hit “7 Years”, certamente já passou por isso. Mas o mérito da canção não fica apenas em ser uma baladinha boa para os ouvidos. Ela também foi responsável por apresentar ao mundo o talento de Lukas Graham e seus companheiros da banda que leva o seu nome.

Com uma carreira de quase seis anos, a vida da banda mudou completamente após o lançamento de “7 Years”, no ano passado. Aproveitando o sucesso da faixa, que já pode ser considerada um dos maiores hits do ano, o hugogloss.com bateu um papo bem divertido com Lukas Graham, vocalista e líder do grupo.

Na conversa, o cantor atribuiu o sucesso da música à letra – que é inspirada na história de vida do artista e narra alguns acontecimentos de sua infância -, contou quais são suas inspirações musicais e falou sobre possíveis colaborações com Adele, Bruno Mars e Ed Sheeran, agora que está no mainstream.

Sobre o Brasil, Lukas foi só amor, demonstrando ter grande paixão pelo país. Isso porque ele já esteve aqui duas vezes e ficou encantado com a cultura, os ritmos e a alegria do povo brasileiro. Confira a entrevista:

HG: Oi, Lukas, como vai?

Lukas Graham: Muito bem e você?

HG: Ótimo! Primeiro, queríamos dizer que amamos seu álbum novo e simplesmente não conseguimos parar de ouvir “7 Years”!

LG: Ah, obrigado! Estou muito feliz de termos conseguido respostas positivas ao redor do mundo.

HG: Por que você acha que as pessoas se identificam tanto com essa música?

LG: Eu não sei, é difícil pensar sobre coisas desse tipo quando você está escrevendo uma música, mas eu acho que tem muita honestidade e coisas reais, não é ficção, é uma história real sobre pessoas reais.

HG: Você imaginava que teria todo esse sucesso?

LG: Eu acho que ninguém consegue imaginar essas coisas. Eu sabia que era uma música muito boa quando escrevi, mas não esperava que os outros fossem gostar. Eu gostava. Depois todo mundo estava gostando, foi uma loucura.

HG: E você sente que há uma pressão para outras músicas terem o mesmo desempenho que “7 Years”?

LG: Acho que não porque não foi uma música difícil de escrever. Demorei mais compondo “Mama Said” e “Drunk In The Morning”. Sabe quanto tempo levei para fazer “7 Years”? Apenas três horas e meia. Então eu pelo menos não sinto essa pressão…

HG: Como foi o começo da banda? Vocês já se conheciam?

LG: Eu comecei tocando com Mark, o baterista, há dez anos no ensino médio e, em 2010, eu tinha músicas suficientes para começar a banda, a gente tinha [Marten] Ristorp que é um dos produtores e tocava o piano na época, Magnus no baixo, Mark na bateria. Começamos a ensaiar em 2010 e fizemos nossos primeiros shows em 2011, depois lançamos as primeiras músicas na Dinamarca, no final do ano. Estamos trabalhando há apenas seis anos e já estamos viajando pelo mundo com nossa música. Isso é incrível!

HG: Maravilha! Existe alguma razão especial para o grupo ter o seu nome? Além de você ser o vocalista principal…

LG: (Risos) Essa é uma pergunta que todos fazem. Eu comecei a escrever as músicas antes de termos a banda e todas elas são meio que a minha história. Eu sou responsável pela maior parte do processo criativo, é por isso…

HG: Mas você não tem receio das pessoas confundirem Lukas Graham pessoa com Lukas Graham banda?

LG: Pra mim não importa se é uma pessoa ou uma banda, se é um artista solo ou projeto em grupo, no final das contas nós temos essa carreira como uma banda porque eu não quero ficar sozinho dando entrevistas e fazendo shows. É legal dividir a glória e a alegria de sermos músicos de sucesso. Me tornar uma banda e não um artista solo foi uma decisão bem consciente.

HG: Quais são suas referências na música? Quais artistas você escuta?

LG: Bem, essa é uma pergunta bem profunda porque eu escuto tudo, música folclórica, soul, funk, punk, pop, techno, música clássica, dubstep, hip hop, rap. Mas para ser sincero acho que minha maior influência está nos instrumentos musicais, nos livros que leio, na vida e amigos que tenho. Sou muito inspirado pelas pessoas que estão ao meu redor.

HG: E em que momento da sua vida você percebeu que queria ser músico?

LG: Foi quando eu estava viajando pela Argentina e Brasil quando tinha 20 anos. Comecei a compor com 12 anos, mas só escrevi minha primeira música quando tinha 20. Fui para a casa de um amigo na Argentina e enquanto estava lá, escrevi em torno de 350 canções ou mais. Estive também no Brasil, passei algumas semana no Rio. Eu realmente curti a vibe da América do Sul, sabe, a comida, os vinhos, as mulheres, as músicas foram grandes inspirações. Especialmente no Brasil, e também um pouco na Argentina, onde músicas ao vivo com todos seus instrumentos continuam a atração principal, entende o que quero dizer?

HG: Sim… Falando do Brasil, vimos que você conheceu o Mr. Catra. Como foi esse encontro?

LG: Eu conheci o Catra aqui na Dinamarca, no meu bairro em Christiania. Nós temos um bairro no estilo favela aqui em Copenhague, que foi criado numa área militar em 1971, onde há conflitos com a polícia, não temos carros, nem luz elétrica nas ruas. Então acho que Catra se sentiu um pouco em casa quando esteve aqui. Foi uma conversa divertida, ele sem falar inglês e eu sem saber português… Foi uma comunicação em língua de sinais (risos).

HG: Mudando de assunto, na música “Mama Said” você usou um sample do musical “Annie”, não foi?

LG: Na verdade não é um sample. Eu escrevi a música e gravamos o refrão com um coral de crianças para dar a sensação do musical, então não é um sample. Mas obrigado pelo elogio, significa que fizemos um bom trabalho (risos).

HG: Ficou ótimo.

HG: Recentemente, vocês se apresentaram no Billboard Music Awards. Como foi a experiência?

LG: Foi bem divertida…

HG: Seus vocais estavam perfeitos…

LG: É porque eu tenho minha própria equipe quando estou fazendo performances em rádio e TV. Eu canto profissionalmente desde os meus oito anos de idade. Minha primeira visita ao Brasil foi quando eu tinha 12 anos e cantava num coral. Passamos pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, viajando pelo país com o coral. Então você pode perceber isso no BBMA, não foi minha primeira performance ao vivo…

HG: Muitas pessoas dizem que vocês são um banda pop/soul. O que acha dessa definição?

LG: Eu não gosto de definições, mas entendo porque as pessoas as fazem. Ainda criança eu perguntei ao meu pai ‘por que as pessoas criam gêneros para a música?’, porque eu não entendia esse tanto de gêneros diferentes, achava que música era apenas música. E ele disse: ‘as pessoas não sabem do que gostam, mas elas gostam do que conhecem’. E é a mesma coisa com a música. Todos querem rotular para que possam entender um pouco mais. Então é legal ser pop e soul, mas se você nos ver ao vivo soa mais como um show de rock n’ roll, nossas músicas possuem tantos elementos latinos e de hip hop, que acho triste chamar apenas de pop.

HG: Seu estilo tem sido bastante comparado ao de Ed Sheeran. O que acha dessa comparação?

LG: Isso é quase a mesma coisa que relacionar os gêneros. Fazem comparações com Bruno Mars, Ed Sheeran, mas no fim das contas eles são eles e eu sou eu. Não deveríamos soar uns como os outros, deveríamos ter nossa própria sonoridade. Assim, comparações são estúpidas, mas fazem as pessoas entenderem algo melhor. Então entendo o porquê das pessoas fazerem tanto isso. Mas eu gosto de ser apenas eu.

HG: Você agora está no mainstream, fazendo grande sucesso ao redor do mundo. Você pensa em parcerias com algum artista?

LG: Eu não sei. No momento estou muito feliz com a equipe de músicos, compositores e produtores que reunimos. Mas estou sempre aberto a colaborações, adoraria escrever músicas para artistas de relevância mundial ou fazer uma colaboração com alguém tipo Ed Sheeran, Bruno Mars ou Adele. Seria uma ótima experiência.

HG: “7 Years” está no Top 10 das músicas mais baixadas no iTunes Brasil.

LG: Uau! Isso é ótimo.

HG: Vocês têm planos de trazer a turnê para cá?

LG: Sim, eu realmente quero ir ao Brasil porque eu gosto da cultura, da comida, das pessoas, sempre me sinto em casa quando estou aí. E também tem uma ótima natureza, quero voltar à floresta tropical. Passar pelo Brasil foi uma das experiências mais incríveis da minha infância. Ainda não tenho certeza de quando será, mas iremos o mais breve possível.

HG: Vocês já sabem qual será o novo single?

LG: Será “Mama Said”, já está nas rádios em boa parte da Europa, Austrália e Nova Zelândia, e acredito que no Brasil logo mais. E talvez “Drunk In The Morning” depois, mas ainda não sei. Estou focando em cantar e compor novas músicas. Vou ter uma filha e só quero ser um bom namorado e bom pai para minha família.

HG: Ah, que fofo. Parabéns! Quando ela nasce?

LG: Nasce em setembro. Quem sabe levo elas ao Brasil…

HG: Serão muito bem-vindos aqui.

LG: Sempre me sinto bem-vindo no Brasil.

HG: Falando nisso, como você imagina sua filha quando ela tiver “7 years” (sete anos)?

LG: (Risos) Acho que ela será como eu, curiosa, com muita energia, muitas perguntas e ela provavelmente vai me dar muito trabalho, mas ela vai se tornar uma garotinha bem esperta.

HG: Além da turnê, vocês têm outros planos para o futuro?

LG: Escrever músicas novas, relaxar com a família… Tem acontecido tanta coisa que é até difícil planejar algo. Você tem um plano, mas recebe uma ligação e tem que ir ao Japão ou Austrália. As coisas mudam toda hora, então estamos tentando não planejar muita coisa e apenas curtir o momento viajando pelo mundo com nossa música.

HG: Pra finalizar, o que você quer dizer aos seus fãs brasileiros?

LG: Quero dizer obrigado [diz em português]. Obrigado por ouvirem e curtirem as músicas. Confiram meu novo single “Mama Said” e, claro, todo o álbum. Estou muito grato por estar no top 10 do Brasil por tanto tempo e ansioso em poder visitar todas as belas cidades que vocês têm.

HG: Obrigado, Lukas, estaremos te aguardando aqui.

LG: Obrigado.

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