Em entrevista publicada pela GQ nesta quarta-feira (16), Brendan Fraser revelou que não comparecerá ao Globo de Ouro 2023, apesar de possivelmente receber uma indicação por seu trabalho em “The Whale”. De acordo com o ator, o motivo do boicote seria um episódio de assédio sexual que viveu nas mãos do ex-presidente da HFPA (Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood), Philip Berk.
No papo com a revista, ele declarou que Berk o assediou em 2003, durante um almoço promovido pela organização da premiação no Beverly Hills Hotel, em Los Angeles. “Tenho mais história com a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood do que respeito pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood”, afirmou o artista. “É pelo histórico que tenho com eles [que não vou participar]. E minha mãe não criou um hipócrita. Você pode me chamar de muitas coisas, mas não disso”, disparou.
A estrela de “A Múmia” já havia exposto Berk, em 2018, em outra entrevista para a mesma revista. Em seu relato, Fraser detalhou o ataque e reforçou que, desde então, foi colocado na “lista de boicotados” de Hollywood. “Ele (Berk) estendeu a mão esquerda, agarrou minha nádega e um de seus dedos me tocou no ânus. E ele começou a movimentá-lo”, recordou o astro.
“Eu me senti enojado. Eu me senti como uma criança. Eu senti como se houvesse uma bola na minha garganta. Achei que ia chorar. Eu senti como se alguém tivesse jogado tinta invisível em mim”, lamentou ele, sobre o episódio que definiu como “traumatizante”.
Fraser confessou que não veio a público após o incidente ocorrido em 2003, pois não queria prejudicar sua carreira. Ele contou somente à esposa e então procurou o HFPA, exigindo um pedido desculpas. Berk lhe concedeu o pedido, mas se recusou a admitir qualquer erro. “Fiquei deprimido. Eu estava me culpando e me sentindo miserável”, pontuou Brendan.
Entretanto, depois que o astro expôs o ocorrido ao mundo, a HFPA iniciou uma investigação sobre o caso. Berk rebateu a história, afirmando à GQ que o relato do ator era uma “completa invenção”. Ele então contou seu lado da história, dizendo que “beliscou a bunda de Fraser como uma piada“. “Embora tenha sido concluído que o Sr. Berk tocou inapropriadamente no Sr. Fraser, a evidência apoia que a intenção era ser considerada uma piada e não uma investida sexual”, disse um comunicado da HFPA da época.
Anos depois, em 2021, Berk foi expulso da organização por enviar a outros membros, por e-mail, um artigo que descrevia as manifestações do Black Lives Matter como um “movimento de ódio racista”.
Fraser admitiu que foi apenas após os movimentos #MeToo e “Time’s Up” que se sentiu pronto para falar sobre o assédio. “Eu conheço Rose [McGowan], conheço Ashley [Judd], conheço Mira [Sorvino] – já trabalhei com elas. Eu as chamo de amigas em minha mente. Não falo com elas há anos, mas são minhas amigas. Eu assisti a esse movimento maravilhoso, essas pessoas com coragem de dizer o que eu não tive coragem de dizer”, refletiu. “E talvez eu esteja exagerando em termos de qual foi a instância. Eu só sei qual é a minha verdade. E é o que acabei de falar com você”, concluiu.
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