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A poucos dias da cerimônia do Oscar, Bill Kramer, CEO da Academia, se manifestou sobre a polêmica envolvendo a indicada Karla Sofía Gascón. A atriz, que fez história em janeiro ao se tornar a primeira mulher trans a ser indicada a uma categoria de atuação no Oscar, se viu no centro de uma polêmica após postagens antigas em redes sociais virem à tona. Nos posts, Gascón fez comentários depreciativos sobre o islamismo, o movimento negro e até a diversidade na premiação.
Após a repercussão, a artista tem evitado eventos da temporada de premiações, incluindo o SAG Awards realizado no último fim de semana. Apesar disso, Kramer pediu que os membros da Academia mantenham um ambiente de respeito caso a atriz decida comparecer à cerimônia neste domingo (2).
“A Academia não compactua com discurso de ódio, quero deixar isso bem claro. A indicação de Karla é histórica. Isso é muito importante. Ela continua sendo uma indicada. Nós reconhecemos isso, mas não endossamos discurso de ódio”, disse em entrevista ao The Hollywood Reporter.
Kramer ainda acrescentou: “Todos os indicados são convidados a participar da cerimônia. Se Karla estiver presente na noite do Oscar, espero que haja um clima de respeito. Temos mais de 200 indicados. A premiação é muito maior do que uma única pessoa. Estamos ali para celebrar todos os nossos indicados”.
Entenda o que aconteceu
Logo após a indicação da atriz, em janeiro, internautas recuperaram prints antigos de posts de Karla no X (antigo Twitter). Algumas dessas postagens continham declarações ofensivas sobre o islamismo. “Sinto muito, é só impressão minha ou há mais muçulmanos na Espanha? Toda vez que vou buscar minha filha na escola, há mais mulheres com os cabelos cobertos e as saias abaixadas até os calcanhares. No ano que vem, em vez de inglês, teremos que ensinar árabe”, escreveu a atriz.

Em outra publicação, Sofía afirmou: “O Ocidente deveria banir o islamismo e qualquer manifestação política ou religiosa que viole os direitos humanos e os valores universais. Paradoxalmente, a única forma de fazer cumprir as regras é tendo regras e aplicando-as. Obviamente, nunca irei defender o islamismo ou qualquer religião. Todas tentam destruir os direitos humanos em prol de crenças estúpidas, sem sentido ou razão, TODAS ELAS. Os seres humanos são imbecis por natureza, e as religiões são prova disso. PAREM AS RELIGIÕES”.

Entre as postagens mais criticadas está um tuíte de 2020 sobre George Floyd, homem negro assassinado por um policial nos EUA. O caso que gerou protestos em todo o mundo. Na época, Gascón escreveu: “Eu realmente acho que muito poucas pessoas se importaram com George Floyd, um vigarista viciado em drogas, mas sua morte serviu para demonstrar mais uma vez que há pessoas que ainda consideram os negros como macacos sem direitos e consideram os policiais como assassinos. Todos errados”.
Diante da repercussão, Gascón pediu desculpas pelas declarações. Em entrevista à CNN Espanha, a atriz afirmou: “Minhas desculpas mais sinceras a todas as pessoas que possam ter se sentido ofendidas pela forma como me expressei no passado, no presente e no futuro. O que eu fiz na minha vida? O que eu fiz? Eu nunca matei uma mosca. Quando aparece uma aranha na minha casa, eu coloco um copinho em cima dela para não matá-la e a levo para a rua”.
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