Ana Hickmann se pronuncia e reconhece erro em cobertura de ‘Caso Eloá’ após ‘Linha Direta’

O caso terminou com a morte trágica da menina de 15 anos e foi acompanhado em tempo real

Ana Hickmann

Após a estreia do Linha Direta nesta quinta-feira (4), Ana Hickmann se manifestou sobre as críticas por sua postura na cobertura do ‘Caso Eloá’. O programa da Globo esmiuçou a atuação da imprensa durante o sequestro de 2008, e telespectadores resgataram trechos de programas da época. Em um deles, ao vivo, no “Hoje em Dia”, Ana aparece pedindo para que as vítimas, ou até mesmo o sequestrador Lindemberg Alves dessem um aceno pela janela do apartamento.

A gente podia aproveitar esse momento que a gente sabe que os três estão assistindo ao nosso programa, para pedir para uma das meninas ou ele mesmo dar um sinal na janela para mostrar que está tudo bem e que essa história vai acabar o mais rápido que todo mundo espera”, sugeriu ela na ocasião.

Se um deles puder acenar ou dar um sinal para deixar todo mundo mais calmo e até mesmo acabar com especulações de que ele continua ameaçando as meninas, acho que seria sensato da parte dele para deixar a mãe dele e os pais das meninas mais calmos“, explicou a apresentadora. “É uma boa ideia, Ana Hickmann“, concordou Britto Jr, que na época comandava o matinal da Record ao lado da modelo.

Em nota enviada ao hugogloss.com, nesta sexta-feira (5), Ana Hickmann lamentou a forma como o caso foi conduzido. “A apresentadora reconhece a atitude errônea que cometeu na época e pede desculpas para as vítimas e suas famílias“, destacou a equipe, pontuando que a estrela da Record tem sofrido ataques pesados nas redes.

Após o episódio do programa Linha Direta, exibido na última quinta-feira (4), Ana Hickmann vem sofrendo ameaças de morte por meio das redes sociais. As mensagens de ódio despertaram gatilhos emocionais, desencadeados após o atentado que sofreu em 2016, em Belo Horizonte. A apresentadora reafirma o seu pedido de desculpas e pede por respeito nesse momento“, concluiu o comunicado.

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Atuação da imprensa

O “Linha Direta“, sob comando de Pedro Bial, abordou o “Caso Eloá“. A jovem de 15 anos foi mantida refém pelo ex-namorado, Lindemberg Alves Fernandes. Após cinco dias, a tragédia terminou com a morte da menina. No programa global, o promotor Antonio Nobre Folgado criticou o papel da imprensa na conclusão do caso.

Com a cobertura intensa da mídia, o criminoso conseguiu acompanhar tudo o que se passava do lado de fora do prédio, inclusive a ação da polícia. Segundo o promotor, uma apresentadora de TV também atrapalhou as negociações entre o assassino e os agentes. Apesar do programa não citar nomes, nas redes sociais, internautas apontaram Sônia Abrão como a responsável. Na época, ela conversou com Lindemberg Alves duas vezes.

“Teve um momento em que uma apresentadora de televisão se colocou como negociadora e interrompeu a negociação com a polícia. Nesse dia, no dia 15, à tarde, havia um acordo feito entre o capitão, o irmão da Eloá, o Douglas, e o próprio Lindemberg para ele se render. Quando entra essa apresentadora tentando resolver a situação, o Lindemberg percebe que está ao vivo e resolve prolongar tudo porque ele era o centro das atenções. Então prejudicou a polícia”, afirmou Antonio.

A própria Globo se envolveu no caso, e mostrou trechos da repórter Zelda Mello falando com o criminoso. O jornalista César Tralli, um dos entrevistados, disse que os policiais deveriam ter dificultado o trabalho da mídia, o que não aconteceu. “A polícia não estabeleceu limite para o trabalho jornalístico, o que eu vi como um equívoco muito grande. Como jornalista, tudo que você quer é estar o mais próximo possível do fato. O trabalho da polícia seria dificultar a aproximação dos jornalistas para você poder trabalhar aquela situação com o máximo de tranquilidade possível”, opinou Tralli.

Na época, a apresentadora do “Hoje em Dia”, Ana Hickmann chegou a pedir que o sequestrador fosse até à janela para acenar como um sinal de que tudo estava tudo bem. O jornalista Reinaldo Gottino, do “SP Record”, também conversou com o assassino.

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Desfecho trágico

Eloá teve morte cerebral confirmada no dia 18 de outubro, um dia após a invasão da polícia. O criminoso, em contrapartida, saiu ileso e foi levado pelos policiais. “Lindemberg foi condenado a 98 anos de prisão. Em 2013, o Tribunal de Justiça de SP reduziu a pena para 39 anos de reclusão, menos da metade da primeira. Em 2021, Lindemberg conseguiu o benefício do regime semiaberto, em que o detento pode trabalhar durante o dia e voltar pro presídio durante à noite”, disse Pedro Bial.

“O benefício foi revogado depois de 4 meses porque laudos psiquiátricos provaram que Lindemberg apresenta comportamentos antissociais e agressivos. Hoje Lindemberg está de novo em regime semiaberto. Mas o Ministério Público recorreu e a decisão ainda é esperada”, finalizou.

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