Ontem (9), um breve — e chocante — momento durante o programa “Alterosa Alerta” causou indignação nas redes sociais. Durante a atração da TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas Gerais, o apresentador Stanley Gusman disparou uma frase, que surpreendeu até o repórter e deputado estadual Rafael Martins, que também estava no ar ao vivo.
Em um discurso inflamado, no qual criticava os números oficiais do Ibope, Gusman xingou o presidente do instituto de pesquisa, Carlos Augusto Montenegro, a quem chamou de “demônio”. Para completar, declarou: “Eu sei de muitas coisas. Uma delas é o nome do dono do Ibope. O nome do cara é Montenegro, se ele fosse do bem, ele ia chamar Montebranco!”. Nesta hora, a produção do programa soltou um efeito sonoro de “uepa!”. Incrédulo com o que havia acabado de escutar, Rafael ficou em silêncio por alguns segundos, e então exclamou: “Nossa, mãe”. Veja o momento abaixo:
https://twitter.com/ricksouza/status/1148709161133379584?s=21
Achando que tinha arrasado no comentário, o apresentador ainda fez um gesto de como se estivesse batendo baquetas em uma bateria, e a produção completou com o barulho de pratos, comum depois que alguém conta uma piada em programas humorísticos. Exceto que, aqui, o humor passou longe, né? Logo depois, percebendo que tinha falado “demais”, Gusman tentou esclarecer seu comentário: “Não é de cor não, gente. É escuro, escuridão. Céu branco, inferno negro. Ih…vocês também são muito, né?!”.
A repercussão do momento televisionado foi intensa. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) emitiu nota afirmando que “considera grave e inaceitável a ofensa de conotação racial veiculada em programa da TV Alterosa”, e que espera ver o caso apurado. Além disso, o órgão declarou que uma das finalidades do jornalismo é promover a cidadania e os direitos humanos, e lamentou que o preconceito racial ainda esteja presente nos meios de comunicação: “Não bastasse o jornalismo brasileiro contar com uma porcentagem ínfima de negros e negras como repórteres, editores, diretores, produtores, a população negra, maioria numérica do Brasil, é frequentemente pautada como notícia apenas a partir do sensacionalismo policialesco e punitivo dos programas policiais, dos olhares estereotipados ou ofensivos, de injúrias veladas ou escancaradas como a deste episódio”.
A deputada estadual de Minas Gerais, Andréia de Jesus, do PSOL, divulgou o vídeo em suas redes sociais e declarou que irá buscar a justiça para tratar do caso: “Vamos encaminhar um ofício para que o MPF e a Comissão de Igualdade Racial da OAB MG estejam cientes e possam tomar as devidas providências em relação ao caso”. Entre os comentários na postagem da deputada, os seguidores destacam a “naturalidade” com a qual o apresentador disse aquelas palavras, e o “absurdo” da situação.
Confira mais comentários sobre a fala de Gusman:
Apresentador da TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas, diz que ex-presidente do Ibope Carlos Eduardo Montenegro, se fosse “do bem”, se chamaria Montebranco 👇 https://t.co/tERssPzRD3
— Anna Virginia Balloussier (@annavirginia) July 9, 2019
"O nome do cara é Montenegro, se ele fosse bom seria MonteBRANCO" essa foi a fala de Stanley Gusman, apresentador do SBT em MG.
Acho q Gusman quer ganhar uma promoção como o William Waack e se tornar ancora da CNN né, pq racista por aqui ganha recompensa quando devia ganhar fogo
— Tati Nefertari (@TatiNefertari) July 10, 2019
“Nossa mãe!”
O repórter avaliando a merda que o apresentador acabou de dizer.
— Eduardo Rosenberg (@alphus999) 9 de julho de 2019
O repórter pensando “cara! Meu salário não paga o suficiente pra ouvir essas merdas não!!?”a
— Helenão ?? (@BruxaCervejeira) 9 de julho de 2019
Que desgraçado, @tvalterosajf essa é a conduta dos seus funcionários, vcs compactuam com declarações racistas como esta
— Preto até o osso ✊? (@1978_cleber) 10 de julho de 2019
Racismo cultural em sua forma bruta. E o ano é 2019!
— Mary Jane (@Janneluz1) 10 de julho de 2019
Engraçado, ele é branco e não é do bem
— RalphA (@Mufasa3103) 10 de julho de 2019
Racismo está inserido na sociedade brasileira, o problema que existem pessoas que defendem que a forma de combate é parar de falar sobre o tema, quando na vdd é o inverso.
— Rafinha Gomes (@rafaelgomesxavi) 10 de julho de 2019
— TIÃO (@Pereiradasylwa) 10 de julho de 2019
Vergonha. As pessoas liberaram o racismo, homofobia, ódio…agora começamos a ver a cara do Brasil. Triste!
— Sonia Natal (@sonianatal) 10 de julho de 2019
Caso de racismo isolado nº 54208658760
— Bruno Dias (@brunodias____) 10 de julho de 2019
Lamentável. Num lugar civilizado estaria demitido é processado.
— Dr Marvin Monroe (@marcelusmello) 10 de julho de 2019