Processada no início do ano pelo ex-BBB Marcos Harter, a Rede Globo recebeu uma intimação no último dia 20 de novembro, para apresentar todos os vídeos e áudios gravados entre 9 e 10 de abril de 2017, ocasião em que a emissora decidiu pela expulsão do médico do reality, três dias antes da grande final. As informações são do jornalista Gabriel Perline, do site “Notícias da TV”.
Em fevereiro, Marcos abriu uma ação judicial contra a emissora, alegando danos morais e materiais e exigindo uma indenização de R$ 750 mil. O médico foi expulso depois que a emissora concluiu que ele teria agredido fisicamente Emilly Araújo, sua ficante no programa. Por meio de prints do Globoplay, a defesa do cirurgião comprovou que Emilly foi chamada três vezes ao confessionário na época, e solicitou todo o material gravado com a participante.
Até então, a Globo só havia fornecido à Justiça dois vídeos. No primeiro, a direção conversa com Marcos e Emilly, individualmente. Já no segundo, uma advogada e um médico interrogam a influenciadora sobre as supostas agressões físicas sofridas no confinamento. Em agosto deste ano, este último foi liberado na internet. Após o vazamento, a Globo informou que tais imagens haviam sido entregues “às autoridades competentes”, em cumprimento da determinação judicial.
O terceiro vídeo, por outro lado, não foi entregue até o momento. A decisão de solicitá-lo foi protocolada pela juíza Ana Lúcia Xavier Goldman, da 28ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que estabeleceu um prazo de 15 dias para que a emissora anexe o material restante ao processo. “Ciência à ré, que deverá esclarecer, objetivamente, se realmente a participante Emilly ingressou no ‘confessionário’ três vezes no dia 10/04/2017, caso em que deverá trazer as respectivas mídias de gravação, à luz dos princípios da boa-fé, lealdade processual e cooperação, não sendo crível que tenha arquivado apenas parte das conversas”, declarou a magistrada no documento do dia 20 de novembro.
A Rede Globo já foi ordenada a apresentar todo o material para ser utilizado como evidência no processo outras três vezes. Em 5 de novembro, poucos dias antes de receber a mais nova intimação, foi enviado à Justiça um documento alegando que a emissora forneceu todo o conteúdo obrigatório do acervo captado há mais de três anos. Pelas leis do Código Brasileiro de Telecomunicação, a Globo não seria obrigada a preservar todo o material bruto do reality, apenas o conteúdo exibido para o grande público. Como as imagens do confessionário são privadas, não costumam fazer parte do acervo.
Em contato com o “Notícias da TV”, a Globo pontuou que não comenta processos em andamento.
Entenda o caso
O ex-BBB e cirurgião Marcos Harter entrou com um processo contra a TV Globo, por danos morais, no dia 21 de fevereiro de 2020. Harter alega que sua imagem foi prejudicada após ter sido expulso da 17ª edição do reality show, já que foi acusado de violência doméstica e perdeu a chance de disputar o grande prêmio. Segundo a publicação, entretanto, a alegação não teria sido comprovada pela investigação movida pela própria emissora.
“Ele foi expulso do programa por ter supostamente agredido uma participante (Emilly Araújo). Só que o juiz do caso criminal que foi instaurado não aplicou a lei Maria da Penha. Ou seja, não houve agressão à mulher”, apontou o advogado Bruno Zilberman Vainer, na inicial do processo.
Ainda de acordo com a defesa de Harter, Emilly é quem teria agredido o cirurgião durante uma das discussões do antigo casal. O advogado também alegou que a própria participante nem mesmo abriu um procedimento criminal contra o ex-ficante.
“Ele foi agredido pela Emilly e até reclamou no programa das unhadas dela. Então, se a emissora tinha que expulsar participante, deveria expulsar os dois e não apenas ele. A Emilly deixou passar o prazo para processá-lo criminalmente, ou seja, ela nem teve interesse em prosseguir com qualquer ação criminal contra ele”, afirmou Zilberman.
O valor pedido por indenização é de R$ 750 mil. A defesa entende que Marcos tem direito a 25% do prêmio de R$ 1,5 milhão do reality – ou seja, R$ 375 mil – já que o médico estava entre os quatro finalistas da edição antes de ser expulso e mais R$ 375 mil por danos morais. O profissional contratado pelo ex-brother justifica que Harter foi expulso de maneira premeditada e que teve sua reputação manchada.
“Marcos é médico, cirurgião plástico e mais de 90% do seu público é de mulheres que querem melhorar as imagens delas com ele. Ele saiu do programa sendo visto como ‘agressor de mulher’, o que foi mais do que provado que isso nunca aconteceu. A Globo passou 24h sem dar uma nota sobre a discussão do casal que aconteceu naquela madrugada da suposta agressão. Veio o paredão e o Marcos saiu vitorioso com apenas 20% de rejeição. Do nada a Globo resolve chamar a Emilly no confessionário para perguntar se ela tinha se sentido agredida e a partir disso tirar o Marcos a três dias da final. Isso é, no mínimo, estranho”, concluiu Bruno.