Carlos Alberto de Nóbrega recordou sua amizade de mais de 70 anos com Silvio Santos, em entrevista ao “Fantástico” deste domingo (18). Ele ainda detalhou como os dois se conheceram e uma atitude do “Homem do Baú” para salvar os negócios do pai do humorista. Aos prantos pela morte do amigo, Carlos também recordou o período em que estiveram brigados, a saudade que sentia do companheiro e seu retorno para o SBT.
Segundo Carlos, a relação entre ele e Silvio se desenvolveu ainda na época do rádio, na década de 50. “Eu tinha 18 anos de idade e ele tinha 24. Foi um começo de carreira. E nós tivemos uma afinidade muito grande. O Silvio era muito tímido. E ele era locutor comercial do meu pai, do programa ‘Manuel de Nóbrega'”, contou.
Ao contrário do que os telespectadores viam na televisão, o comunicador era uma pessoa mais retraída em sua vida pessoal. A generosidade, porém, nunca deixou de existir, conforme Nóbrega. “Ele era tímido. Ele foi… Difícil falar dele no passado”, desabafou. Foi então que o humorista explicou como Silvio ajudou seu pai, Manuel de Nóbrega, a evitar a falência.
O “Baú da Felicidade”, como era conhecida a empresa, estava indo mal nos negócios durante o ano de 1958. Mas, em poucos anos, Santos transformou o “problema” em um enorme sucesso. “Meu pai ligou para o Silvio: ‘Silvio, preciso que você me ajude, porque eu estou ferrado. Eu não posso ter meu nome sujo. Toma conta disso pra mim’. No final do ano, ele já tinha salvo meu pai dessa vergonha. Aí meu pai disse: ‘Não, Silvio. Você já me ajudou, já me tirou do buraco. O baú é meu, fica com ele pra você'”, descreveu Carlos.
Gesto generoso
Uma das soluções foi levar o negócio de carnês para a televisão. Logo, nos anos 70, Silvio ganhou a concessão de um canal só pra ele. Naquela época, porém, Manuel de Nóbrega já estava muito doente e recebeu a ajuda do comunicador durante todo seu tratamento. “O meu pai teve um câncer. E o Silvio falou: ‘Carlos, tu sabe que teu pai não chega ao fim do ano, né?’. Falei: ‘Sei, Silvio’. ‘Eu quero que você saiba de uma coisa: o que o dinheiro puder comprar, o Manoel vai ter'”, narrou Carlos, referindo-se a uma conversa com o amigo.
“E o Silvio pagou todo o tratamento do meu pai. Quando eu digo todo, era todo. De uma gaze, de três cirurgias, ele nunca me pediu um recibo. Ele tinha vergonha de ser bondoso, isso eu te garanto, pelos 70 anos de amizade que nós tivemos. Ele era uma pessoa boa”, relatou o humorista, em meio às lágrimas.
Amizade abalada
O dominical da TV Globo também exibiu um reencontro emocionante entre Carlos e Silvio, durante “A Praça é Nossa“, e que ficou marcado para o comandante do programa. Na época, o humorista tinha acabado de voltar para o SBT após onze anos brigado com o veterano da TV brasileira.
“Eu sentia saudade do Silvio. Uma hora começou a fazer falta. Eu sonhava com o Silvio, e meu pai entrava no sonho: ‘Vai lá dar um abraço no Silvio, meu filho. Vocês são irmãos, não quero ver vocês brigados'”, recordou ele, chorando. “E fui jantar com ele. Nós nos abraçamos com muita força. Ele falou ‘Pô, Carlos, por que nós brigamos, cara?'”, continuou Nóbrega.
Bastante abalado pela morte do amigo, Carlos Alberto ainda se declarou para Silvio: “Valorizava o amigo. Ele vivia a televisão, era a vida dele. O Silvio foi um gênio, um monstro. A televisão vai continuar, mas o amigo não. Só a saudade”.
“A televisão vai continuar, mas o amigo não. Só a saudade”, diz Carlos Alberto de Nóbrega, amigo de Silvio Santos por mais de 70 anos. pic.twitter.com/rwOYNLxnxH
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Assista à íntegra:
Carlos Alberto de Nóbrega fala do amigo Silvio Santos: “Por trás de um empresário de sucesso, havia uma pessoa generosa e tímida”.
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