Em entrevista a Pedro Bial, Flordelis aponta filha como mandante do assassinato do pastor Anderson: “Ela não podia ter feito isso”; assista

Foi ao ar nessa quinta-feira (25), a entrevista de Pedro Bial com a pastora e deputada federal Flordelis, acusada de ser mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019. O rapaz foi morto a tiros na garagem da casa onde morava com a mulher e os filhos.

Na conversa, Flordelis tentou explicar as contradições do caso e os fatos que a fizeram ser nomeada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como responsável por encomendar a morte de Anderson. Além dela, também foram acusados de participar do crime: Flávio, Lucas, Marzy, Adriano, André e Carlos, filhos da pastora, assim como a neta, Rayane. Todos foram presos, menos a deputada, que tem imunidade parlamentar e segue aguardando julgamento.

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Neste ano, surgiram novas declarações sobre o caso e os holofotes se voltaram para Simone, fruto do primeiro casamento da pastora. A moça, que fez buscas na internet por termos como “envenenamento”, “matador de aluguel”, “veneno pra matar pessoa que seja letal e fácil de comprar”, disse em depoimento à polícia que a ideia do assassinato partiu dela própria. Em fevereiro, Flordelis foi internada por overdose de medicamentos e, segundo ela, o episódio se deu pelo nervosismo ao saber da confissão da filha.

“Não esperava o depoimento da minha filha (Simone). Até hoje estou muito abalada. Foi algo que veio como um terremoto na minha vida. Me abalou muito. Até hoje não consegui ouvir na totalidade. Naquele dia (da overdose), fui pro meu quarto de oração e eu queria apagar, dormir por alguns dias. Queria esquecer por algum momento, tudo que eu estava vivendo, estava passando, pra ver se aliviava um pouco a dor que eu estava sentindo. É uma dor que dilacera a alma, uma dor que eu não desejo a ninguém”, declarou a deputada no “Conversa com Bial”.

Simone teria assumido encomendar a morte de Anderson, após sofrer supostos abusos sexuais e estupro por parte do padrasto. A acusação diz que as declarações da confidente, entretanto, não são suficientes para determinar que ela é a autora do crime, mas Flordelis, que alegou não saber dos abusos sofridos pela filha, endossou a versão.

“Infelizmente, eu não estava presente no depoimento da minha filha, mas já soube de tudo que aconteceu aqui em casa. Vou carregar uma culpa pro resto da minha vida, culpa por amar demais um homem e ter ficado cega, a ponto de não ver o que estava acontecendo na minha própria casa, com a minha filha, principalmente no período que ela estava com câncer”, disse, com a voz embargada.

Simone também atestou que só aturava as investidas porque o padrasto pagava o tratamento da doença. “Ela alega que houve uma cena de assédio. Foi algo que eu soube agora, recente, por isso eu tomei os remédios (que causaram a overdose). Eu não vi, Bial. Eu não sabia dos assédios, dos estupros. Quando houve o corte de pagamento do tratamento, ele falou que era por dificuldade financeira. Eu acreditei. Eu jamais desconfiaria, até porque ele é um pastor e o maior altar que nós temos é nossa casa, nossa família”, continuou Flordelis.

E continuou: “Hoje carrego essa culpa. Ainda não falei com minha filha. Além de estar com câncer, sofrendo com câncer, ela carregava isso sozinha, em silêncio, esses assédios, esses estupros. Ela carregava sozinha, Bial. Não estou defendendo ela, porque não concordo com o que ela fez. Eu discordo 100%. Ela não podia ter feito isso, não é matando que resolvemos os problemas”.

Assista aos trechos abaixo:

Entenda o caso

Um ano e dois meses após a morte do pastor Anderson do Carmo, as investigações concluíram que a viúva dele, a deputada federal Flordelis, foi a mandante do assassinato. Em 24 de agosto de 2020, equipes da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI) e do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro cumpriram 11 mandados de prisão e outros de busca e apreensão contra a deputada, filhos e neta do casal e outros familiares.

Deputada Flordelis foi acusada de ser a mandante do assassinato de seu marido, o pastor Anderson do Carmo Souza. (Foto: Reprodução)

Segundo a denúncia, Flordelis planejou o homicídio e foi responsável por arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime. A parlamentar também financiou a compra da arma e avisou da chegada da vítima no local em que foi executada. Ela foi indiciada pelo crime de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa majorada. Saiba mais detalhes do caso, clicando aqui.