Nesta terça-feira (24), o “Encontro” começou com um triste relato. Fátima Bernardes recebeu os pais da menina Ágatha Félix, de oito anos, que foi morta a tiros no Rio de Janeiro. Enquanto Vanessa Sales e Agenilson Lima relembraram a triste ocasião, bem como as qualidades da criança, a apresentadora veio às lágrimas e consolou a família.
Com uma questão tão delicada e difícil, Fátima iniciou explicando os motivos de trazê-los à atração matinal e falar sobre o assunto. “A gente vai começar o programa de um jeito que certamente eu não gostaria de fazer, com aquele tipo de entrevista que é muito dura de ser feita, mas é muito necessária, porque a gente não quer que a morte de inocentes se transforme apenas em números e estatísticas”, justificou ela.
Os pais da garotinha estavam muito abalados… Tanto Vanessa, quanto Agenilson ficaram em prantos ao longo da conversa, quase que em estado de choque. Então, Fátima quis saber do que ela se lembrava do trágico acontecimento. Tentando se controlar, respirando e falando pausadamente, a mãe fez um relato sofrido de suas memórias, comovendo a jornalista – que também é mãe de três jovens.
“Naquele dia, juntas como sempre, indo para casa com a minha irmã. Ela no meu colo, subimos na Kombi, chegamos num certo local. As pessoas foram descendo e eu coloquei ela de lado”, contou ela. “Até que eu ouvi um barulho muito forte, e ela ‘Mãe! Mãe! Mãe!’, e nos abaixamos. Eu falei, ‘Calma, filha, já passou'”, recordou Vanessa ainda agoniada, mencionando que percebeu logo em seguida que Ágatha havia sido baleada.
Quase sem condições de continuar, Vanessa tentou consolar a si mesma para ter força e seguir com a entrevista. “Eu tenho que ter forças para falar por ela, porque a justiça divina está sendo feita e está mexendo com a justiça dos homens. Eu tenho que falar por ela, estou aqui por ela”, acrescentou.
Na conversa, que durou cerca de 30 minutos, eles também abordaram o quanto Ágatha foi alegre e feliz, uma menininha inocente. “Ela era uma menina muito inteligente. Está me confortando isso também. Ela tinha tinta guache, pincéis. Tinha gibis, sentava na cama e lia. […] Só não consegui realizar um desejo dela, que era comprar a revistinha da Mônica dos adolescentes. Não consegui achar”, declarou ela.
Segundo Vanessa, sua filhinha era também muito bondosa, sempre de bem com a vida e com as pessoas ao redor. “Ela vivia sorrindo, ela vivia sempre querendo ajudar as pessoas”, apontou a mãe, com um sorriso tímido frente às boas memórias. Pouco depois, Fátima também comentou as fotos. “Pelas fotos dá para ver que ela era uma menina muito feliz. Vocês fizeram dela uma menina muito feliz”, consolou a jornalista.
Agenilson também trouxe suas memórias sobre sua pequena, adicionando como ela se divertia e levava a vida. “Era uma menina especial. Adorava fazer tudo o que uma menina, uma criança faz. Ela adorava tirar foto, fazer careta. Quem tomava conta dela era a minha mãe, porque a gente trabalhava”, citou ele, enquanto chorava.
Ao final de sua participação, o pai de Ágatha deixou seu desejo de justiça, pedindo também que Wilson Witzel, governador do estado, alterasse a política de segurança pública do Rio de Janeiro. “Governador mude essa sua política de atirar. O que aconteceu com a minha filha pode acontecer com qualquer um”, clamou ele.
Fátima, por sua vez, também trouxe o ponto de vista do governo. Ela comentou que, para o estado do Rio, a culpa da morte de Ágatha não era da polícia, e sim, do crime organizado. Por fim, ela também deixou o seu próprio pedido de que o caso seja devidamente analisado. “Mais que velocidade, a gente quer uma apuração bem feita, com conclusão”, encerrou.
Antes de se despedir, a apresentadora os abraçou novamente, desejando que Deus consolasse seus corações, e agradeceu pela presença. Apesar de alguns terem criticado uma entrevista neste momento tão duro para os dois, Vanessa e Agenilson também queriam estar lá, para abrirem o jogo sobre a situação e pedir por justiça – sua “missão”. E foi um relato forte e necessário… Para assistir ao vídeo na íntegra, clique aqui.
De acordo com testemunhas do crime, policiais militares teriam atirado contra uma moto na noite da última sexta-feira (20), e acertado Ágatha, que estava em uma Kombi. Moradores do Complexo do Alemão e familiares defendem que não houve um confronto, nem tiroteio. Já a versão da PM alega que houve um confronto, sim. Eles argumentam que o suposto embate se deu por “marginais da localidade”, tirando a acusação de suas costas, conforme informado pelo G1.
Após a entrevista, Fátima abordou o assunto em suas redes sociais. Confessou que realmente foi difícil trazer esse triste assunto, mas defendeu que dar voz aos pais de Ágatha era necessário. Mesmo que muitas pessoas sejam contra…
“Certamente, uma das entrevistas mais difíceis que já fiz. Ouvir o relato de pais desesperados com a perda da única filha é muito doloroso. Mas nunca vou me furtar de abrir espaço pra quem tanto precisa de voz. É um choque de realidade que incomoda muita gente. Só que não ouvir essas pessoas, não sentir com elas essa dor sem tamanho, não saber do sofrimento tão intenso, não faz com que essas tragédias desapareçam das nossas vidas”, escreveu a apresentadora.
“Precisamos de coragem, a mesma coragem dos pais da Ágatha de se expor pra cobrar por justiça, para seguirmos em frente. Obrigada Vanessa e Agenilson por acharem que eu seria a pessoa indicada para o desabafo de vocês”, finalizou a jornalista. Confira a publicação: