Elian Matte, jornalista que denunciou o caso de assédio por parte do ex-diretor de Recursos Humanos da Record TV, Márcio Santos, revelou que registrou uma nova queixa contra uma profissional da emissora. Desta vez, o repórter alegou que Angelica Balbin, da direção do programa de Roberto Cabrini, o “Câmera Record”, armou uma emboscada para ele. Elian contou detalhes da situação nesta terça-feira (23), em entrevista à coluna de Fábia Oliveira, do Metrópoles.
O profissional estava afastado das atividades presenciais e atuando em home office desde que foi diagnosticado com Síndrome de Burnout, distúrbio emocional resultante do excesso do trabalho que pode levar a sintomas como exaustão extrema, estresse e esgotamento físico. Porém, ele contou que Angelica o enganou para demiti-lo às escondidas.
“Ela [Angelica Balbin] me chamou pra uma reunião hoje à tarde, dizendo que precisava conversar comigo sobre mudanças na Record, que não podia se aprofundar mais sobre o assunto. Como eu não queria entrar na redação, por conta do que passei lá, propus que o encontro fosse numa sala discreta, somente nós dois. Ela concordou”, explicou.
Elian denunciou Márcio depois do diretor fotografar as partes íntimas do jornalista. Márcio foi indiciado pela Polícia Civil e teve o contrato com a Record TV encerrado. Já Elian foi diagnosticado com a síndrome e, de acordo com o laudo médico de 21 de julho de 2023, ele deveria ficar afastado do trabalho presencial até o inicio do segundo semestre de 2024.
“Chegando lá, ela falou que estava me desligando. Veio uma pessoa do RH, com uma papelada, pedindo pra eu assinar. Mas eu não assinei, pois fui orientado que não poderiam me demitir até julho, porque estou em tratamento de saúde, justamente por causa da Record”, continuou ele.
Para o jornalista, este episódio foi uma maneira de retaliação por ele ter tonado o caso de assédio público. “A mulher do RH me prendeu na sala, botou o pé na porta. Eu tive que puxar a porta com força pra poder sair. Elas me colocaram numa situação constrangedora, que eu nunca passei. Elas fizeram uma emboscada. Me chamaram dizendo que era uma reunião, apenas eu e a Angelica, e era pra fazer a demissão”, disse ele.
“Totalmente diferente, porque eu acho que, no mínimo, depois de tudo que eu passei lá, era pra ter respeito. Se tivesse que me demitir, era pra ser um processo mais cuidadoso, se possível fora da TV, que fosse por telefone. Eu não sei. Mas não da maneira como foi”, desabafou o comunicador.
Segundo Elian, a grande questão é que ele foi demitido em um período em que isso não poderia acontecer. “[Não é possível] demitir uma pessoa que está em tratamento de saúde, com vários relatórios médicos”, reforçou. O processo de demissão, inclusive, já foi concluído. “Já me desligaram. Eu estou sem acesso a todo o sistema. Então, eu vejo que foi uma retaliação pela denúncia de assédio sexual que eu fiz. Infelizmente, uma retaliação”, encerrou. Um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia, em que o jornalista acusa Angelica de assédio moral.
Na segunda-feira (22), a Record demitiu o diretor Marcelo Trindade. A alta cúpula da emissora identificou que ele agiu com negligência no caso de assédio sexual praticado por Márcio Santos contra Elian. O executivo havia sido promovido em janeiro de 2022 e, entre suas funções, estava o atendimento aos profissionais do setor. Por isso, a empresa alegou que ele falhou nas demandas do seu cargo.