Maria Cândida revelou ter vivido uma experiência traumática durante sua participação em uma edição do quadro Telegrama Legal, exibido pelo Domingo Legal, no SBT. Para o podcast “Eles que Lutem”, na quinta-feira (30), ela recordou que foi alvo de uma pegadinha com simulação de crime armado enquanto fazia um sobrevoo em um helicóptero com o Comandante Hamilton, na região de Alphaville e Barueri.
Na época, a jornalista trabalhava como repórter do SBT Repórter e foi convencida de que estava cobrindo um caso real de desmanche ilegal. “Meu diretor falou: ‘Olha, Maria Cândida, você vai com o comandante Hamilton e vai narrando o que tá acontecendo. A gente vai fazer um SBT Repórter sobre isso’. Falei que estava ok. No fundo, estava combinado com a equipe do Gugu [Liberato] desse Telegrama Legal. Comandante Hamilton é gente boa pra caramba, só que ele é fogo”, narrou.
“Ele é bem sensacionalista, né. Ele começou meio que descer [o helicóptero] e falar que tinha polícia [na área]. Eu comecei a descrever a cena. Só que ele começou a descer o helicóptero e eu entrei em desespero. E tava meio que atirando. Chega uma hora que você não vê mais direito. O pessoal atirando e esse cara vai descer o helicóptero. E ele disse: ‘Vamos descer’. E eu: ‘Não, não. Vamos ficar aqui’. Ai foi o caos”, recordou Maria.

“Quando ele desceu o helicóptero, eu estava olhando para ele e alguém abriu a porta do helicóptero e me pegou com o revólver na cabeça. Era o bandido. Gente, eu demorei muito tempo e isso psicologicamente foi horrível pra mim. Eu dirigindo o carro, eu tinha meio que pânico. Foi um trauma”, relatou ela, que então disse ter sido obrigada a deitar no chão e rastejar, acreditando que seria trocada por um refém.
“Não sei descrever o que passou pela minha cabeça naquele momento. Não me lembro o que aconteceu. Acho que desfaleci e veio um repórter falando que era um Telegrama Legal. Lembro que me deu um negócio estranho, mas imediatamente retomei meu controle. Depois de um tempo, falei: ‘Ah, Gugu, por que você fez isso comigo?’ Deveria ter tido uma reação de xingar, mas fui legal. Foi um abuso psicológico, um abuso moral. Aquilo mexeu com a minha cabeça por muito tempo, mas era uma pessoa do SBT, era o Gugu, então eu me calei”, confessou Cândida.
A jornalista lembrou que começou a trabalhar com o apresentador após finalizar o SBT Repórter e que a iniciativa partiu dela, através de um e-mail, se oferecendo para fazer parte da equipe do programa. Segundo ela, o ambiente no “Domingo Legal” era muito livre, mas carecia de diferenciar entretenimento e jornalismo.
“O programa ao vivo do Gugu era uma aula. Aula de televisão, não de jornalismo. Com ibope, sabe, subindo e descendo. De tirar matéria, colocar matéria. ‘Ah, essa pessoa tá lá esperando no camarim, mas infelizmente essa matéria vai ficar, por que [tem outra] dando audiência. A pessoa ia embora. Muitas vezes vários foram embora e vários famosos. Era uma guerra”, relembrou Maria.
“O pessoal das outras emissoras vão para um jogo de final de campeonato quando eles entram no Gugu. Acho que o primeiro que começou a balançar um pouco a Globo foi o Gugu, com o Faustão. Então essa ideia de ficar mais relaxado nunca existiu nas emissoras concorrentes. Eles sabiam que tinham que matar um leão mesmo, por programa. Era uma aula de televisão no sentido de entendimento daquele processo todo de programa de 4, 5 horas no ar. Não é fácil”.
Ao lado de Gugu, Maria Cândida fez história ao entrevistar os maiores artistas de Hollywood da época, para divulgar os longas no Brasil. Anos mais tarde, ela ganhou seu próprio programa na Record, o “Programa da Tarde”, e depois migrou para a TV Globo, em que participava até o ano passado, do “É de Casa”. Assista:
Em nota ao hugogloss.com, a equipe da atriz afirmou que não houve denúncia ou acusação contra o apresentador Gugu Liberato ou contra o programa Domingo Legal.
Leia a íntegra:
“Em relação às notícias publicadas após a participação de Maria Cândida no podcast “Eles que Lutem”, esclarecemos que em nenhum momento houve qualquer denúncia ou acusação contra o apresentador Gugu Liberato ou contra o programa Domingo Legal.
Durante o podcast, Maria Cândida foi questionada sobre sua trajetória na televisão nos anos 2000, quando o apresentador mencionou o episódio conhecido como “o pior Telegrama Legal da história”, exibido pelo programa.
Ela apenas relembrou como se sentiu naquele momento, explicando que foi surpreendida por atores que encenaram um falso sequestro, com um revólver apontado para sua cabeça, sem saber que tudo fazia parte de uma gravação. O relato se referia ao impacto emocional e psicológico dessa experiência específica, e não a qualquer tipo de abuso moral, assédio ou conduta indevida dentro do programa.
Maria Cândida reforça que nunca sofreu qualquer tipo de abuso ou desrespeito no Domingo Legal. Pelo contrário, foi um período de grande aprendizado e conquistas profissionais, em que teve a oportunidade de realizar entrevistas internacionais, consolidar sua carreira e apresentar o Oscar três vezes pelo SBT.
A jornalista faz questão de reafirmar seu carinho, respeito e admiração por Gugu Liberato, reconhecendo-o como um dos maiores comunicadores da televisão brasileira.
Sua fala no podcast teve o propósito de refletir sobre como certos formatos de entretenimento dos anos 1990 e 2000, que hoje seriam considerados inadequados, eram comuns e amplamente naturalizados na época, mas que, com o avanço da consciência coletiva sobre saúde mental e ética, ganharam novas leituras.
Não se tratou de uma denúncia, mas de uma reflexão sobre a evolução da sociedade e da comunicação, especialmente no que diz respeito à sensibilidade, à ética e ao cuidado emocional nas relações humanas e profissionais”.
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