Matheus Ribeiro fala sobre saída da Globo e revela ‘bastidores’ de anúncio sobre sexualidade: ‘Fui assumido’

Após estrear na bancada do Jornal Nacional, Matheus Ribeiro pediu demissão da TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiás na última quarta-feira (8). O informe de desligamento foi feito através de e-mails, cujo conteúdo foi divulgado pela coluna de Leo Dias, do UOL.

Na carta enviada para a direção da emissora, Matheus declarou não concordar com certas condutas da empresa de comunicação, nem com o corte de seu salário para R$ 3.900,00 mensais, segundo informou a fonte. As críticas do âncora eram endereçadas à Brenda Freitas, sua diretora de jornalismo.

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Ribeiro reclamou de ter o uso das próprias redes restringido, e classificou a decisão como “censura desmotivada, pelo simples prazer de exercer o poder”. “Ao longo da minha trajetória na emissora, sempre dialoguei com a chefia na tentativa de resolver os problemas que surgiram. Porém, houve um estopim para minha saída, que foi a proibição de fazer lives no meu perfil pessoal no Instagram, para interagir com os seguidores. Algo que não tem nenhum conflito com as atividades que eu desempenhava”, desabafou o profissional, que conta com quase meio milhão de seguidores.

Ele deixou claro que sua saída não tem relação com propostas de outras empresas. “Ocupei um posto desejado por vários profissionais. Então, abrir mão disso foi a decisão mais difícil da minha vida profissional até o momento. No entanto, a tomei certo do que desejo para minha carreira. Essa saída não tem a ver com outras propostas, mas hoje me sinto mais leve e com o peito aberto para enfrentar novos desafios”, declarou.

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Ainda na entrevista, o rapaz abriu o jogo sobre o seu relacionamento com o policial Yuri Piazzarollo, e admitiu que foi “forçado” a assumir o namoro. Prestes a comandar a edição comemorativa de 50 anos do Jornal Nacional, no ano passado, Matheus teve sua vida pessoal exposta. “Posso dizer que fui ‘assumido’. Às vésperas de apresentar o ‘Jornal Nacional’, um site de fofocas começou a publicar textos bem desrespeitosos sobre minha sexualidade, como se fosse algo de que eu devesse ter vergonha ou medo”, repreendeu.

Diante disso, os namorados resolveram se manifestar nas redes, esclarecendo as dúvidas do público. “Isso não era segredo para minha família e amigos, nem me impediu de combater injustiças e preconceitos, enquanto jornalista. Não vi necessidade de nenhuma conversa com a emissora, pois se trata de uma questão íntima. E acredito que não há relação entre isso e os problemas que enfrentei internamente”, analisou Ribeiro, o primeiro âncora assumidamente gay da tradicional bancada.

Apaixonado, o jornalista aproveitou para se declarar a Yuri: “Ele é o amor da minha vida. Um homem corajoso, que admiro bastante e já mostrou que está comigo nas minhas lutas. Temos um ano de relacionamento, estamos muito bem e já fazemos planos para o futuro”.

Caso de homofobia

Após assumir momentaneamente a cadeira de William Bonner em novembro do ano passado, Matheus foi alvo de comentários homofóbicos do radialista Luiz Gama. Apesar de não mencionar nomes, o conteúdo das mensagens publicadas por Luiz, deixou claro que ele se referia a Ribeiro.

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“Putz! Onde o Brasil vai parar? Queimar a rosca agora é moda. Um apresentador de telejornal de qualidade média virou a bola da vez no jornalismo nacional só porque revelou que sua rosquinha está à disposição. A qualidade profissional que se f…”, disparou em seu Twitter.

Gama seguiu, dizendo que apoiava a decisão do presidente Jair Bolsonaro em acabar com a exigência de diploma para jornalistas. “Afinal, tem uma fraquíssima em rede nacional só por causa da cor de pele e outro comunzão fazendo fama só porque avisou que queima a rosca”, completou. Confira as publicações, já deletadas:

(Foto: Reprodução/Twitter)
(Foto: Reprodução/Twitter)

Após o episódio, Luiz foi afastado da Band News FM Goiânia. Em nota, a rádio esclareceu que “não interfere nas opiniões de seus colaboradores e/ou prestadores de serviço em suas redes sociais”. Eles ainda reafirmaram o compromisso com a “defesa de princípios democráticos, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

Pelo Twitter, Luiz Gama negou que tenha sido homofóbico ou racista e disse que era vítima de um “gayzismo militante”. “Gente! Vamos parar com essa palhaçada que a esquerdalha está tentando armar contra mim. Qualquer um que me conhece o mínimo, sabe de sobra que eu não sou, nunca fui e nunca serei homofóbico ou racista. Não aceito de forma alguma ser vítima do gayzismo militante. Basta!”, escreveu.

À Folha de São Paulo, o advogado de Ribeiro, Ricardo Sidi, informou que a comunicação do crime foi dirigida ao Ministério Público Federal de Goiás, que segue em julgamento.