Netflix acusa diretor de furtar US$ 55 milhões, gastar dinheiro com luxo e criptomoedas, e não entregar nenhum episódio

A série de ficção científica foi interrompida após suposto uso indevido do orçamento

A Netflix acusou um de seus diretores de usar o orçamento milionário de uma série para bens pessoais. De acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira (22) pelo jornal The New York Times, Carl Erik Rinsch gerou um prejuízo de US$55 milhões (aproximadamente R$230 milhões) da produção de “Conquest”.

O cineasta assinou um contrato de US$ 61,2 milhões com a Netflix para uma série de ficção científica. A princípio, o streaming havia investido US$ 44,3 milhões na atração, mas, após iniciar as gravações em São Paulo, em Montevidéu e em Budapeste, Rinsch disse à empresa que precisava de mais dinheiro ou a produção cessaria. A Netflix atendeu ao pedido e terminou cedendo mais US$ 11 milhões.

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Contudo, a companhia alega que Rinsch usou US$ 10,5 milhões do financiamento para jogar no mercado de ações em 2020. Ele ainda teria perdido o montante de US$ 5,9 milhões nas negociações de uma empresa que supostamente desenvolvia um remédio antiviral para Covid-19, e partido para investimentos em criptografias. Conforme o jornal, Rinsch teve sorte dessa vez, apostando US$ 4 milhões e recebendo quase US$ 27 milhões de volta.

Através de documentos obtidos pela investigação, o veículo revelou que Rinsch ainda gastou US$ 8,7 milhões em carros sofisticados e produtos de grife. As compras relatadas incluíram uma Ferrari e cinco Rolls-Royces. Ele afirma que o dinheiro era dele e que os itens seriam usados na série.

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O maior problema, entretanto, é que a Netflix garante não ter recebido nenhum episódio da produção. Thomas Cherian, porta-voz da Netflix, disse ao Times que decidiu cancelar a série após a demora. “‘Conquest’ foi trazido para a Netflix no meio da produção. Demos financiamento adicional substancial e outros apoios para ajudar a completar a série. Depois de muito tempo e esforço, ficou claro que o Sr. Rinsch nunca iria concluir o projeto que concordou em fazer e então cancelamos o projeto”, disse o comunicado.

O caso foi parar na Justiça e segue confidencial. No entanto, sabe-se que Rinsch acusa a empresa de dever pelo menos US$ 14 milhões em indenização por violação de seu contrato. Nenhum representante do diretor se manifestou. Carl Erik Rinsch possui apenas um filme em sua filmografia: “47 Ronins”, de 2013, estrelado por Keanu Reeves. O longa não foi bem recebido pela crítica especializada e foi um dos maiores fracassos de bilheteria daquele ano.

“47 Ronins” foi o único longa de Carl Rinsch (Foto: Reprodução/Netflix)

“Conquest” havia sido disputada pela Netflix contra a Amazon, a HBO e a Apple. A obra contaria a história de humanos artificiais, conhecidos como “Inteligentes Orgânicos”. Seu título original era “Cavalo Branco”, referindo-se ao primeiro cavaleiro do apocalipse. Agora, a Netflix liberou Rinsch para vender a produção a outras plataformas para que a compradora arque com os prejuízos.

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