Hugo Gloss

No “Encontro”, vítima de ato obsceno durante prática de ioga revela “choque” ao descobrir sobre o caso pelas redes sociais: “Eu só consegui vomitar” — assista

Absurdo! A advogada Mariana Maduro, de 33 anos,  participou hoje (6) do “Encontro com Fátima Bernardes” e falou do assédio que sofreu enquanto praticava ioga na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Na ocasião, Mariana foi filmada sem consentimento por dois homens, que também fizeram comentários de cunho sexual. O vídeo foi publicado na internet e causou revolta.

“Na hora que eu vi foi um choque muito grande, eu só consegui vomitar”, disse a advogada sobre o momento que descobriu a filmagem. Na entrevista, Mariana contou que só tomou conhecimento da situação porque seus seguidores mandaram o vídeo para ela. “Não acreditei no que estava acontecendo, que a minha prática, tão bonita, tinha virado algo sexualizado. Eles conseguem sexualizar uma coisa que é tão bonita”, desabafou.

Mariana Maduro praticando ioga, em clique para seu Instagram. (Foto: Reprodução/ Instagram)

A jovem ainda relatou que se sentiu muito violentada, porque, além de tudo, o conteúdo foi postado para uma grande quantidade de seguidores. “Essa pessoa está me colocando em uma posição de objeto para 300 mil seguidores como se eu fosse um produto”, lamentou.

Diante disso, Mariana denunciou os homens na 12ª DP (Copacabana). Os agressores foram identificados como o empresário Ricardo Roriz e o vendedor ambulante Celsão. Ambos são investigados por crimes de perturbação de tranquilidade, ato obsceno e injúria. A vítima revelou que sofreu intimidações após levar o caso à polícia: “Ele tentou me ameaçar várias vezes. Tenho posts dele que foram apagados, inclusive, em que ele ameaça: ‘só um de nós sobreviverá, é uma guerra’. Tive que ter uma frieza e me impor como mulher, porque a maioria das mulheres se intimidam mesmo […] A minha rede de apoio foi muito importante porque, no momento em que vejo aquilo, me sinto segura para denunciar”.

Mariana espera que o seu caso inspire outras mulheres a não se calarem. “Essa cultura de que nós somos um objeto precisa acabar. Denunciem, não se sintam sozinhas. Isso vai servir tanto para os homens, para que possam entender que isso machuca e fere”, observou.

Ela também revelou que já sofreu assédio antes: “Eu não conheço uma mulher que nunca tenha se sentido violentada assim. Eu já fui agarrada no meio da rua, já passei por outros tipos de violência”. A advogada falou que agora não se sente mais confortável para fazer exercícios em lugares públicos. “A gente está sempre se privando para não ser violentada, mas ao mesmo tempo somos”, refletiu.

Confira a participação de Mariana no programa da Fátima Bernardes:

https://www.youtube.com/watch?v=DEizun_83tM

Entenda o caso

Mariana Maduro foi exposta na internet após ser filmada sem consentimento, enquanto praticava ioga na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. No vídeo, dois homens – que foram identificados como Ricardo Roriz e Celsão – trocavam comentários obscenos.

Enquanto a advogada se preparava para fazer uma das posições de ioga, Celsão apontou o celular para ela e Roriz provoca: “Ó lá o que é um velho tarado”. Ele ainda aproxima a imagem com um zoom. “Celsão, tu é o maior doente sexual, hein Celsão. Tu fica só de voyeur”. Ao longo do vídeo, há outras insinuações com cunho sexual em relação à atividade que Mariana estava exercendo ao ar livre.

O conteúdo foi postado por Roriz, que tem mais de 300 mil seguidores nas redes sociais. Logo quando a jovem soube disso, ela foi em seu Instagram pedir a ajuda dos seguidores para que denunciassem as imagens, e ainda expressou a sua indignação: “Até quando será engraçado abusar e violar uma mulher? Até quando será tão ‘normal’ violentar uma mulher, que se posta a violência com gracejo?”, escreveu.

O caso foi denunciado à justiça, que investiga os homens por crimes de injúria, perturbação de tranquilidade e gesto obsceno. Segundo o que Mariana contou no programa de Fátima Bernardes, o advogado do homem que a filmou disse que o ato se tratava de uma “conversa particular entre amigos”.

Mas a jovem rebateu: “Há o estímulo a você fazer essa prática, já que a gente não tem uma legislação rígida, em maneira criminal, para impedir isso. São crimes, se ele estivesse roubado meu carro ele estria preso, mas ele roubou a minha dignidade, a minha liberdade e ele está solto”.

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