Christiane Torloni discorda de Pigosi sobre ‘Fina Estampa’, e fala de ‘Verdades Secretas 2’: ‘Acho que a continuação será melhor que a primeira’

A reprise da novela “Fina Estampa”, no horário nobre da TV Globo, continua dando o que falar! Em entrevista à colunista Patrícia Kogut, do jornal “O Globo”, nesta sexta-feira (21), Christiane Torloni, que interpretou a marcante Tereza Cristina, explicou que entende a polêmica em torno dos questionamentos levantados, mas defendeu a trama e a liberdade criativa do autor, Aguinaldo Silva.

“Acho que o Aguinaldo foi muito corajoso de escrever a novela na época, correndo todos os riscos de ser politicamente incorreto e botando na boca dos personagens coisas que hoje o politicamente correto condenaria completamente. E é para isso que existe a ficção. Você já viu governo mais politicamente incorreto que esse? A gente está falando de ficção, na ficção você pode e deve ser livre”, declarou ela.

Segundo a atriz, seria dever da arte mostrar a realidade completa. “Difícil é a liberdade que determina morte e vida das pessoas. A arte não tem esse compromisso e não deve ter. É libertadora por isso. Quando fiz uma cleptomaníaca, por exemplo (a Haydée de “América”). É terrível, é verdade, existem pessoas que têm essa doença. Aí você faz o quê? Tranca num quarto e finge que não existe? O ser humano precisa do espelho da arte. Isso o liberta. Ele chora, ri, reflete”, descreveu a atriz.

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Ela ainda fez uma comparação entre a novela e o governo neste sentido. “Por isso, tentam desmontar todas as entidades de cultura neste país nos últimos dois anos praticamente. A arte é perigosa, ela pode e deve ser politicamente incorreta. O que não pode ser politicamente incorreto é o governo, que faz com que as pessoas estejam passando fome, morrendo sem respirador. Que tem corrupção e está queimando a Amazônia inteira, entregando ouro para bandido. Queimar a Amazônia é imperdoável. Não é fazer ‘Fina Estampa’ que é imperdoável”, afirmou.

Na sequência, a atriz respondeu diretamente a declaração recente de Marco Pigossi durante uma live nas reds sociais. “Eu tinha 22 anos, com umas mechas loiras no cabelo. Nossa… Fora o que se falava! Essa novela deveria ser proibida de reprisar, porque são tantas barbaridades! É uma loucura passar uma novela dessa”, avaliou ele, que chegou até a receber uma resposta atravessada de Aguinaldo.

Assista ao momento a partir do minuto 15’20:

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“O nome disso é democracia. Eu luto para as pessoas terem o direito de falar o que elas quiserem. Ele tem o direito de manifestar a opinião dele. Posso concordar ou não. Como você já viu, não concordo”, ponderou Christiane à colunista. “Eu gosto da novela e adoro minha personagem. As pessoas têm o direito de se arrepender de ter feito tal personagem. Eu não me arrependo de jeito algum”, garantiu ela.

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“Se tivesse que fazer, faria de novo e me divertiria tanto quanto ou mais, porque acho que agora devo estar melhor como atriz do que há nove anos. Então, provavelmente, seria mais abusada ainda. Eu acho que ele fez muito bem o papel dele. Era difícil para caramba. É um bom ator”, elogiou, apesar das críticas. A estrela ainda mostrou empolgação ao comentar a reprise, algo inédito na faixa das 21h na Globo.

De acordo com ela, a reexibição é um “prêmio de carreira”. “Eu tinha entre 80 e cem cenas por semana. Foi um exercício. Quando a gente batia cem cenas, eu levava tortas de chocolate e botava bandeiras de todos os times. Porque significava que eu tinha passeado por todos os cenários possíveis da novela. Foi uma festa fazer. Uma festa trabalhosa. Agora está sendo uma festa rever sem o ônus do trabalho”, comemorou a atriz de 63 anos. “É muita sorte na carreira ter a oportunidade de, num espaço de um ano, ver cinco trabalhos. Cada produção marcou seu tempo. É uma fase bonita”, acrescentou.

Christiane Torloni como Tereza Cristina ao lado de Marcelo Serrado como o divertido Crô em ‘Fina Estampa’ (Foto: João Miguel Júnior/Globo)

Por fim, ela falou sobre a expectativa para “Verdades Secretas 2”. Christiane não participou da primeira temporada da novela, mas foi escalada para a segunda. “Quando você faz um personagem, você não está fazendo para apresentar na garagem da sua casa. Está fazendo para o público. O primeiro desafio é o papel. O segundo é se comunicar através dele. Tem personagem chegando, se Deus quiser, no começo do ano. É um lindo personagem e meu primeiro encontro com o Walcyr Carrasco”, comemorou.

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A estrela, então, comparou a emoção de um novo papel com uma primeira paixão e com a expectativa em torno de um esporte. “É bom quando a gente se apaixona, dá aquele frio na barriga. Você não sabe o que vai acontecer. É uma sensação maravilhosa. Você tem a seu favor sua vida, sua experiência. O público vem correr o risco com você. É como numa corrida de Fórmula 1. Todo mundo entra, mas só um pilota. Tem uma torcida”, explicou.

“São 45 anos de carreira, e tem gente que bota 50, porque minha primeira aparição foi em 1970. Então pode deixar aí que estou com meio século de carreira. Eu gosto dessa sensação. As fãs começam a ficar nervosas, vão mandando mensagens nas redes, querendo saber. No teatro também. É legal. O Flamengo vai entrar no campo, fica todo mundo nervoso. Mas o técnico é bom”, refletiu em uma metáfora para Walcyr Carrasco.

No entanto, ela não pôde dar mais detalhes, muito menos revelar o papel que vai interpretar na trama. “Fiz voto de silêncio. Mas é bom para caramba. Acho que a continuação é melhor do que a primeira”, refletiu, elevando as expectativas.