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Vale Tudo: Autora de remake revela mudanças que fará na trama e gera críticas nas redes

O remake de “Vale Tudo” ainda está longe de estrear, mas não sai da boca do povo. Nesta segunda-feira (14), a roteirista Manuela Dias, responsável pela nova versão da novela, deu detalhes em entrevista à Folha de S. Paulo sobre o processo de adaptação da trama para os dias atuais. Dias, conhecida por seus trabalhos em “Justiça” (2016) e “Amor de Mãe” (2019), revelou estar mergulhada na escrita há um ano e ressaltou que o folhetim trará atualizações para refletir as mudanças sociais das últimas décadas. O problema é que nem todos os fãs gostaram das transformações…

Mudanças na vilã Odete Roitman

Uma das maiores expectativas gira em torno da nova abordagem da vilã Odete Roitman, eternizada por Beatriz Segall. Na versão original, Odete era conhecida por suas falas ácidas sobre o Brasil, descrevendo o país como “uma mistura de raças que não deu certo” e declarando preferências por políticas como a pena de morte. Manuela Dias, no entanto, adiantou que a personagem não manterá o mesmo tom.

“Gilberto Braga, com Odete, estava extrapolando a válvula de escape de poder criticar o Brasil exacerbadamente. Hoje, provocar os mesmos efeitos não implica usar os mesmos recursos”, afirmou a autora. Para ela, o Brasil mudou muito desde os anos 80, e a forma de criticar o país também deve mudar. “‘Vale Tudo’ foi a novela da volta da democracia, e naquele momento falar mal do Brasil, ou poder falar mal, era resistência, era revolucionário, era novo. Hoje não é mais. Estamos saturados. O novo é encontrar maneiras de transformação”, explicou.

Ela também destacou que, na época, Odete era julgada por ser sexualmente ativa aos 60 anos, algo que hoje já não causaria o mesmo impacto. “Não estou dizendo que ela vai ser feminista, mas são diferenças”, ponderou.

Beatriz Segall como Odete Roitman (Foto: Bazilio Calazans)

Atualizações sociais e temáticas

Além de Odete, outras mudanças estão sendo trabalhadas para trazer “Vale Tudo” ao contexto de 2025. Manuela revelou que uma das grandes diferenças está na forma como a narrativa aborda temas como o machismo, o alcoolismo e a desigualdade racial. “Temos a sensação de que a agenda social não avança, mas avançou muito”, disse ela.

Por exemplo, Heleninha Roitman, personagem alcoólatra vivida por Renata Sorrah no original, era tratada de forma estigmatizada, algo que será revisto na nova versão. “Alcoolismo não era considerado doença, então Heleninha Roitman era vista como uma pinguça que bebia porque tinha vontade. O machismo era ainda pior, então todos os personagens homens batiam ou ameaçavam bater nas mulheres. O original tinha dois personagens interpretados por negros — um ladrão e uma funcionária doméstica. E não tinha internet. Hoje, qualquer problema é mais rápido de resolver, e isso impacta o tamanho da narrativa”, contou Dias.

Mais uma mudança é a personagem de Maria de Fátima, vivida por Glória Pires na versão original. Na nova adaptação, interpretada por Bella Campos, ela não almejará ser modelo, mas influenciadora digital.

Escalação do elenco e direção

Embora a Globo ainda não tenha revelado oficialmente o elenco, há fortes rumores de que Débora Bloch assumirá o papel de Odete Roitman, após a saída de Fernanda Torres, que está focada em promover seu filme “Ainda Estou Aqui”. Sobre o elenco, Manuela não pôde dar detalhes, mas garantiu que as escolhas dos atores são feitas em conjunto com a direção e com aprovação da Globo.

A escritora ainda comentou sobre a nostalgia dos fãs em relação ao elenco original, dizendo que “quem quer ver Beatriz Segall como Odete pode rever a novela no Globoplay. Não faz sentido mimetizar o original”. A ideia, segundo a autora, não é reproduzir o que já foi feito, mas atualizar a história para um novo público.

Bella Campos será Maria de Fátima (Foto: Reprodução/ Instagram)

Reação do público

As falas de Manuela Dias geraram diversas críticas nas redes sociais, especialmente por parte dos fãs do folhetim original. Muitos admiradores da obra original expressaram preocupação de que a essência do enredo seja perdida com essas adaptações. Confira algumas reações:

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