Na tarde desta quarta-feira (18), em conversa com Domitila Barros, Cezar Black demonstrou ter ficado bastante incomodado com uma frase dita por Fred Nicácio no reality. O brother considerou ofensivo o jeito pelo qual o apresentador se referiu aos enfermeiros, ao contar sobre uma situação que viveu no hospital. “Eu me senti meio deslocado, mas é porque não é fácil ser eu”, falou o integrante do time Pipoca.
“Pra chegar onde eu cheguei tem que ser muito foda. Eu sou enfermeiro, já começa por isso. Ontem na conversa o Fred falando sobre a trajetória dele, sobre as lutas dele, ele falou: ‘Ah, porque o enfermeiro tem que vir aqui me auxiliar porque eu sou médico’. Isso é uma coisa que a gente como enfermeiro sofre todos os dias da nossa carreira”, desabafou Black.
O participante destacou o estereótipo que enfermeiros de todo o Brasil encaram, ao serem lidos como “auxiliares de médico”. “A gente sempre fica no estigma da sociedade de que o enfermeiro é auxiliar do médico, o secretário do médico, mas não é isso. Ninguém faz nada sem a gente. Ser enfermeiro não é demérito pra ninguém. Não é porque o cara é médico que ele é mais pica que os outros, pelo contrário. O médico não trabalha sem a gente, mas a gente trabalha sem o médico”, continuou.
“No momento que você fala: ‘Eu sou foda’, você não pode virar pra outra pessoa e falar: ‘Eu sou melhor que você’. Eu sou foda porque eu sou foda, mas você também é foda dentro do seu universo. Quando ele falou sobre isso me incomodou bastante, eu tentei buscar assunto com outros meninos. Essas coisas vão mexendo comigo, me travando, porque não é um ambiente que eu gosto de estar. Eu tenho muito orgulho de mim, de quem eu sou, da minha trajetória”, pontuou o brother.
“As pessoas têm muito estigma de que o enfermeiro é o secretário. Quando o Fred [Nicácio] falou, tentando ser algo positivo pra ele: ‘Ah, porque um enfermeiro me criticou porque eu era fisioterapeuta, mas depois eu virei médico e ela tinha que me auxiliar’. Cara, pra gente é super ofensivo isso. Para nossa classe é algo que a gente briga todo dia”, ressaltou.
Por fim, Cezar destacou a importância de sua própria profissão: “Gente, você nasce hoje, o médico tirou você da barriga da sua mãe, ele entrega pra gente. A gente quem cuida, quem limpa, quem pesa, e quem entrega você de novo para sua mãe. A enfermagem vai estar do dia que você nasce, internado na UTI sofrendo, se você morrer quem prepara seu corpo é a enfermagem. Nós somos a primeira passagem quando você vem ao mundo, e a última. Nossa classe é foda! Trabalha mais que todas as outras classes. Nossa classe não tem reconhecimento. A gente briga todos os dias para chegar lá!
Assista:
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Na terça-feira (17), Fred Nicácio conversou com outros brothers na beira da piscina e relembrou uma história que vivenciou em um hospital. Ele contou que sofreu um ataque racista ao comentar com uma enfermeira que gostaria de realizar um procedimento médico, quando ainda era fisioterapeuta. “Um dia eu fui um fisioterapeuta e vi um médico entubando e eu falei assim: ‘eu queria fazer isso aí’. Uma enfermeira branca olhou para mim e disse: ‘sai pra lá, menino. Isso é só pra médico’. Sete anos depois, eu voltei lá e ela foi a minha enfermeira. ‘Tô aqui, doutor Fred Nicácio. Agora eu vou entubar e você vai me ajudar, pronto’. Porque é assim que a gente trata racista. Quem criou o constrangimento, que lide com ele”, disse.
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