Hugo Gloss

Repórter da CNN se assusta com estrondos dos primeiros ataques russos à Kiev em link ao vivo; assista

Na noite desta quarta-feira (23), o presidente da Rússia, Vladmir Putin, autorizou uma “operação militar especial” em Donbass, na Ucrânia. Os estrondos dos primeiros bombardeios surpreenderam o repórter britânico Matthew Chance, correspondente da CNN norte-americana na Europa, que estava em um link ao vivo com os EUA quando o conflito começou.

Diretamente do topo de um hotel em Kiev, capital da Ucrânia, Matthew testemunhou os ataques à cidade, enquanto detalhava as hostilidades entre as duas nações e criticava o discurso de Putin. “Este discurso de Vladimir Putin surgiu do nada. Basicamente dizendo que ele lançou uma operação especial e pedindo aos ucranianos que larguem suas armas e não resistam, essencialmente. Ele (Putin) disse que qualquer responsabilidade pelo derramamento de sangue, como resultado desta guerra sugerida por ele, está nas mãos dos ucranianos que resistem”, pontuou.

Nesse momento, às 5:10 da manhã no horário local, as explosões começaram. Apesar da distância, os estrondos causaram um forte abalo na área, deixando o britânico assustado. “Eu acabei de ouvir uma explosão, bem aqui atrás de mim. Eu nunca ouvi nada parecido. Eu te avisei que não deveríamos ter feito a reportagem daqui de cima”, disse ele, dirigindo-se a alguém da equipe. “Tem grandes explosões acontecendo em Kiev neste instante. Eu não consigo enxergar onde elas estão acontecendo deste local de vantagem, no topo do nosso hotel. Não consigo explicar que tipo de explosões, mas ouvi quatro ou cinco”, reportou.

Apreensivo, Matthew continuou a transmissão, enquanto olhava para trás para conferir a distância das explosões. Dos estúdios, o âncora Don Lemon questionou se ele já havia presenciado algo do tipo antes. “Não, essa é a primeira vez que ouvimos alguma coisa. Tem sido absolutamente silencioso nesta cidade ao longo da noite de hoje e pelas últimas semanas. Não ouvimos nada, na verdade, nunca ouvi nada parecido em Kiev nos anos em que venho aqui para trabalhar”, reforçou o britânico.

O apresentador então quis saber se o colega estava longe do perigo. “Sim, acho que é relativamente seguro no momento”, afirmou Matthew, sem demonstrar muita certeza. Logo na sequência, as explosões ficaram ainda mais próximas do hotel e o barulho foi registrados pelas câmeras.

Matthew se abaixou rapidamente para colocar seu kit de segurança, um colete à prova de balas com identificação de membro da imprensa e um capacete. Aparentemente, o câmera que o acompanhava fez o mesmo. “Há grandes explosões acontecendo. Não posso vê-las ou explicar o que são. Mas vou dizer-lhe que os EUA avisaram as autoridades ucranianas que poderia haver ataques aéreos e terrestres também em todo o país, incluindo a capital”, explicou ele.

“Não sei se é isso que está ocorrendo agora, mas é uma coincidência notável que as explosões venham poucos minutos depois de Putin fazer seu discurso”, acrescentou Chance. “Estava tão tranquilo na Ucrânia esta noite até aquelas explosões. O que achávamos ser impensável até algumas horas atrás, agora está em andamento”, lamentou. Confira o momento:

Essa não é a primeira vez que Chance passa por uma situação do tipo. Em 2011, o repórter e outros 34 jornalistas foram feitos de reféns na Líbia por fanáticos do regime do revolucionário Muammar al-Gaddafi. Capturados por um grupo de atiradores, Matthew e os colegas foram aprisionados no Hotel Rixos de Trípoli, onde permaneceram por cinco dias sob a mira de armas pesadas.

Durante o impasse, Matthew encontrou uma maneira inesperada de se comunicar com o mundo exterior – através do Twitter. O repórter inundou seu perfil com informações, detalhando cada estágio de um cerco que muitos temiam que terminaria em desastre. Felizmente, todos saíram do local com vida.

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