Repórter se emociona ao vivo em homenagem às vítimas de Brumadinho e apresentadora do “MG1” faz discurso tocante: “Também sentimos a dor”; assista!

Há exatamente dois anos, 272 pessoas perderam a vida após o rompimento de uma barragem da Vale, na cidade de Brumadinho (MG). Até hoje, 11 vítimas seguem desaparecidas, em meio ao doloroso mar de lama deixado pela tragédia. Nesta segunda-feira (25), o telejornal “MG 1”, da Globo Minas, foi marcado por muita emoção, enquanto acompanhamos as homenagens e pedidos por justiça no local do desastre.

Às 12h28, horário exato do rompimento da barragem, familiares das vítimas e moradores da cidade prestaram seus tributos com a “chamada dos ausentes”. “É um momento muito triste, porque eles falam os nomes de todas as 270 vítimas dessa tragédia e as 11 que ainda não foram encontradas”, explicou a repórter Cláudia Mourão, que seguiu mostrando os balões marcados com os nomes dos que se foram.

No letreiro da cidade, fotos das vítimas foram incluídas e exibidas, antes do um minuto de silêncio prestado em memória às vítimas. “Sempre fazem pra lembrar essa tragédia. Os quase 300 hectares de terra que foram arrasados pela lama. Essa lama que levou histórias, pessoas, e que deixa muita dor, um sentimento de tristeza, de revolta entre as pessoas que ainda vivem esse luto… E que ainda não conseguem conviver com a dor, especialmente dessas pessoas que ainda não foram encontradas”, disse a jornalista.

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Mesmo após dois anos da tragédia, 60 bombeiros seguem trabalhando para tentar encontrar os corpos das vítimas. “Até agora, mais de 4 mil bombeiros participaram dessa operação – que é a maior operação de busca e salvamento do país”, completou a repórter. Por conta disso, os profissionais do resgate também fizeram parte da cerimônia, conduzindo o singelo momento de silêncio.

Na sequência, a jornalista ficou nitidamente comovida pela cena. “Nós que participamos dessa cobertura, também ficamos muito emocionados por estar compartilhando essa dor com essas pessoas que estão aqui. Revivendo essa dor que já tem dois anos. São pessoas que perderam seus parentes, seus amigos, são moradores de uma cidade que foi arrasada pela lama”, disse Mourão. “Aqui é um momento de muita reflexão, de muitas homenagens, de muito sentimento compartilhado entre todos os moradores, as famílias, nós profissionais que estamos aqui. É um momento de muita emoção”, completou ela, com a voz embargada.

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Logo depois, os presentes soltaram no céu 272 balões brancos, representando cada uma das vítimas, e 730 balões pretos, pelos 730 dias de luto e pedidos de justiça até hoje. “É uma tragédia que não arrasou só uma cidade, não foi uma região, foram moradores, foram famílias, que nesse momento sofrem e compartilham desse sentimento”, concluiu Claudia, enquanto o céu era filmado.

Já a repórter Fabiana Almeida acompanhou uma segunda homenagem, feita na região do Córrego do Feijão – local em que houve o rompimento da barragem. Por lá, um desenho com 272 velas representou as vítimas que foram arrasadas pela lama. “Muito triste, Aline, não tem outra palavra para descrever esse momento e esse dia”, encerrou a jornalista, entregando a palavra para a apresentadora do “MG 1”, Aline Aguiar.

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A âncora do jornal, então, deu um discurso poderoso sobre esse momento e sobre a emoção das repórteres. “Estamos todos muito emocionados com essas homenagens… A gente se emociona assim porque repórter é ser humano. A gente tem sentimento. A gente acompanha tudo isso, todo esse sofrimento, desde o início desse rompimento, dessa tragédia. A gente faz o exercício da empatia – que é mais do que se colocar no lugar do outro. É tentar pensar como o outro, sentir como o outro sente”, declarou.

Aline Aguiar fez um discurso tocante ao falar sobre a tristeza ao falar das vítimas de Brumadinho (MG). (Foto: Reprodução/TV Globo)

“Nós nos emocionamos também por isso. Porque, um pouco de longe, também sentimos a dor dessas famílias, dessas pessoas. Estamos com essas pessoas trabalhando, mostrando, todos os dias, todos os anos, a gente vem aqui relembrar tudo isso. Porque nós também queremos justiça. Justiça por todas essas famílias. Justiça pelas vítimas. Pessoas que saíram de casa cedo pra mais um dia de trabalho e nunca mais voltaram. Essa dor talvez nunca passe. E a gente nunca vai deixar de pedir, de clamar, por justiça”, concluiu Aline. Assista:

Familiares e amigos das vítimas seguem protestando e pedindo por justiça no caso, além de demandarem maior rigor e rigidez no processo criminal contra a Vale – responsável pela barragem. Há ainda pedidos pelo isolamento total da área onde ficava o Centro Administrativo da mineradora. De acordo com a revista “Globo Rural”, o Governo de Minas Gerais pediu R$ 54,6 bilhões à empresa por danos morais coletivos e compensação econômica à sociedade mineira. Como o pedido foi negado, o Tribunal de Justiça tenta mediar as negociações.

A Vale, por sua vez, alega já ter firmado acordos de indenização com 8,7 mil pessoas. Segundo a corporação, outras 100 mil pessoas têm recebido um pagamento emergencial mensal. De qualquer forma, sem dúvidas, não nos esqueceremos de todas as vidas perdidas e dos 272 ausentes… E desejamos que os envolvidos sejam responsabilizados criminalmente.